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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
A fabricante de cosméticos O Boticário começou o ano de 2006 de olho no mercado internacional. Para não errar o alvo, a companhia reuniu, pela primeira vez no Brasil, os principais parceiros em todo o mundo. Nesse primeiro encontro que ocorreu em Curitiba , a empresa reuniu cerca de 100 pessoas, de 18 nacionalidades, para discutir estratégias de expansão em cada um dos mercados onde O Boticário atua.
"Percebemos que as viagens ao exterior, feitas esporadicamente pelos gerentes de conta, já não eram suficientes", diz o gerente internacional de O Boticário, Roberto Neves.
Os parceiros internacionais de O Boticário mantêm uma relação com a empresa diferente à dos franqueados nacionais. Os estrangeiros têm maior autonomia, poder de investimento e, acima de tudo, conhecem bem seus mercados locais. "Precisamos ouvi-los com mais cuidado, por isso o encontro de parceiros internacionais deve tornar-se anual", diz o executivo.
De uma forma geral, são os parceiros internacionais que sugerem novos pontos-de-venda e entendem quais produtos combinam melhor com o público local. No momento, uma unidade está em teste na cidade de Bagdá, no Iraque. O Boticário foi procurado por uma loja multimarca iraquiana interessada em revender seus perfumes, loções e cosméticos. "Para nós, é extremamente interessante essa fase de experiência, pois evita que entremos em um novo mercado sem o conhecimento específico", diz Arthur Grinbaum, vice-presidente do Boticário.
A grande novidade da empresa para este ano será a estréia na Argentina. Presente em 24 países, incluindo Portugal, Egito e Estados Unidos, a fabricante brasileira ainda não havia se instalado no mercado argentino. "A crise argentina obrigou O Boticário a adiar os planos", diz Grinbaum, que planeja a abertura de três lojas em Buenos Aires, sendo que a primeira já atenderá os consumidores portenhos já no segundo semestre.
Boa fase
Assim como outras empresas de consumo brasileiras, o Boticário tem tirado proveito da boa fase pela qual o Brasil passa no mercado internacional. A receptividade aos produtos brasileiros ainda está em alta, segundo Neves. No entanto, ele conta que essa fase, apesar de benéfica, esconde certas armadilhas.
"Esse modismo em relação a tudo que é brasileiro ajuda a abrir portas, mas o difícil mesmo para uma empresa é manter-se no mercado, disputando espaço com fabricantes locais. O desafio é criar uma estratégia de longo prazo para quando a euforia passar", diz Neves.
Apesar de todo esforço internacional, a participação das vendas no exterior no faturamento total da empresa é de apenas 2,8%. O motivo seria a complexidade da operação, que exige um estudo aprofundado de cada um dos mercados locais. A rede deve fechar o ano de 2005 com faturamento de 2 bilhões de reais.