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Bolsonaro não está bem assessorado em compra de armas, diz CEO da Taurus

Ministério busca formas de comprar armamento fora do país; Taurus diz que decisões do governo incentivam empresas a saírem do Brasil

Salesio Nuhs, presidente da Taurus: emrpesa critica decisões recentes do governo (Ricardo Jaeger/Exame)

Salesio Nuhs, presidente da Taurus: emrpesa critica decisões recentes do governo (Ricardo Jaeger/Exame)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 30 de agosto de 2020 às 09h42.

O presidente da fabricante de armas Taurus, Salesio Nuhs, afirma que o presidente Jair Bolsonaro não está bem assessorado no tema da compra de armas. O governo busca formas de comprar armamento para órgãos de segurança fora do país.

O Ministério da Justiça elabora um plano para criar uma comissão com representantes nos Estados Unidos, com o objetivo de comprar armas para órgãos de segurança brasileiros por lá. Pelas regras atuais, as compras de armas por órgãos públicos no Brasil devem priorizar fabricantes nacionais.

Questionado pela EXAME sobre o tema, o presidente da Taurus, a maior fabricantes de armas do país, afirma que esta é “uma decisão totalmente equivocada”. “Tenho certeza que o presidente não está bem assessorado e também entendo que os militares não concordam com essa posição”, afirmou, em posicionamento enviado por sua assessoria de imprensa.

“Isso não é somente uma questão comercial, comprar armas aqui no Brasil ou nos Estados Unidos. Isso deveria ser uma questão estratégica de governo que vai ter influência diretamente na Base Industrial de Defesa do Brasil. Todo país que preza pela sua soberania procura formar uma Base Industrial de Defesa forte”, disse o executivo.

O executivo cita como exemplo a joint venture que a Taurus está iniciando com uma empresa indiana, o Jindal Group, para a instalação de uma fábrica de armas naquele país. Segundo Nuhs, é uma parceria “com transferência de tecnologia para que a Índia possa ter uma Base Industrial de Defesa forte”.

A Taurus também critica a forma como o Ministério da Justiça reativou recentemente um edital para compra de armas. Segundo a companhia, o edital deu apenas oito dias para as empresas se habilitarem e pede especificações de pistolas diferentes das definidas anteriormente.

“O edital acrescentou nas características técnicas dois detalhes que não constam das especificações anteriores, detalhes estes que a Taurus vem desde 24/05/2019 tentando junto ao Exército Brasileiro a homologação, sem que sequer os testes tenham sido realizados. Isso impede a empresa de participar da licitação. O contrassenso é que para as indústrias estrangeiras isso não é uma exigência”, disse a empresa em nota.

A empresa diz ainda que “decisões como essas incentivam as empresas a saírem do Brasil e quem vai perder com isso é o país, com o aumento do desemprego e a diminuição da arrecadação”.

A Taurus afirma que já está transferindo parte de suas linhas de produção para sua fábrica nos Estados Unidos. “É lamentável essa decisão e nosso país perderá muito com isso, porém a atual regulamentação impõe essa realidade, produzir nos Estados Unidos e exportar para o Brasil”.

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