Logos das companhias aéreas Boeing (EUA) e Embraer (Brasil), que devem se fundir (Eric Piermont/Getty Images)
Reuters
Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 19h41.
Última atualização em 11 de janeiro de 2019 às 06h27.
Brasília - O governo brasileiro não exercerá o poder de veto a que tem direito no acordo entre Boeing e Embraer, disse a Presidência da República nesta quinta-feira.
"O presidente (Jair Bolsonaro) foi informado de que foram avaliados minuciosamente os diversos cenários, e que a proposta final preserva a soberania e os interesses nacionais. Diante disso, não será exercido o poder de veto (golden share) ao negócio", afirma a nota.
Pouco antes, Bolsonaro afirmou em sua conta no Twitter que a União não vai se opor ao andamento do negócio entre as duas fabricantes de aeronaves. Apesar de a Embraer ser uma empresa privada, o governo brasileiro detém uma "golden share" na companhia, que lhe dá poder de veto em decisões da empresa.
O negócio, aguardado pelo mercado, dá força para a divisão comercial da Embraer sobreviver em um mercado cada vez mais concentrado e impulsiona os outros negócios da companhia, de defesa e de jatos executivos.
Mais de um ano depois do início das discussões, as fabricantes de aeronaves fecharam em dezembro os termos de sua parceria e criação de uma joint venture envolvendo a aviação comercial. Nesta quinta-feira, a Embraer confirmou que a parceria estratégica com a Boeing foi aprovada pelo governo brasileiro. A expectativa da empresa é que a negociação seja concluída até o final de 2019.
O negócio foi avaliado em 5,26 bilhões de dólares. A Boeing vai ficar com 80% do negócio por um pagamento de 4,2 bilhões de dólares, ante os 3,8 bilhões de dólares que constavam do primeiro memorando de entendimento. Essa joint venture envolve apenas a divisão comercial da fabricante brasileira de aeronaves, sua maior divisão e fonte de receitas, mas pode ajudar a impulsionar seus outros negócios.
A expectativa para o negócio era alta, já que a Embraer corria riscos de ser ultrapassada pela concorrência, em um mercado cada vez mais concentrado por conta de outro negócio, firmado em outubro do ano passado. A gigante francesa Airbus, concorrente da Boeing, comprou o controle da divisão de aeronaves comerciais da canadense Bombardier, concorrente da Embraer.
Se a Embraer ganha fôlego e perde os riscos de ser esmagada pela concorrência, a Boeing complementa seu negócio. A Embraer é líder no segmento de aeronaves para 37 a 130 pessoas, enquanto a Boeing fabrica aviões a partir de 150 assentos. O time de engenheiros da Embraer também é um ativo interessante para a Boeing.