Decolagem de voo Gol com MAX 737 da Boeing: pandemia aumentou importância de união com Smiles (Array/Reprodução)
Gabriel Aguiar
Publicado em 20 de abril de 2021 às 06h00.
Última atualização em 20 de abril de 2021 às 09h04.
Em meio à turbulência que afeta a Boeing desde o ano passado, será realizada nesta terça (20) a reunião anual de acionistas da empresa. Ainda afetada pelos efeitos da 737 Max, que ficou aterrado por meses devido a problemas no sistema anti-stall, agora, a companhia norte-americana enfrenta outro defeito na família de maior sucesso comercial da história (e que também afetaram o Brasil).
Com 85 unidades entregues desde novembro do ano passado, quando foi autorizado a voar novamente pelo órgão regulador nos EUA, o modelo retornou ao solo devido a uma falha elétrica na unidade de controle de energia reserva. E, agora, todas as aeronaves seguem sob investigação, pela indicação do fabricante, uma das unidades que opera com a Gol pode ter sido afetada.
Devido ao atraso no cronograma, há acúmulo de estoque e unidades paradas nos pátios há quase dois anos. Se o 737 Max foi responsável por 75% de todas as entregas neste ano, a nova paralisação coloca em risco a meta de enviar às companhias aéreas pelo menos metade dos 440 aviões que estão prontos desde março de 2019, logo após dois acidentes fatais envolvendo o jato.
E ainda há outros pontos que abalaram a confiança do mercado recentemente, como as diversas falhas que interromperam as entregas do 787 Dreamliner por cinco meses. Com histórico conturbado, o avião já teve problemas na estrutura, incêndio das baterias de íons de lítio – foi o primeiro Boeing proibido de voar em todo o mundo – e microbolhas na fibra de carbono da fuselagem.
De acordo com a empresa, a expectativa era de retomar a produção do widebody (como são chamadas aeronaves de cabine larga com dois corredores) em março deste ano. Entretanto, o fabricante investiga uma possível falha na especificação das janelas frontais, que, por conta de uma mudança no processo de produção do fornecedor, pode ser menos resistente que o determinado.
Como resultado dos erros consecutivos, as ações da empresa norte-americana despencaram mais de 15 dólares no último trimestre de 2020 – bem pior que a previsão de uma queda de 1,64 dólares. Na última semana, logo após o anúncio de suspensão do 737 Max, também houve queda nas ações das companhias aéreas, que desvalorizaram até 1,61%, como é o caso da Delta. Já a Boeing caiu 1,59%.
Esse resultado é desanimador, considerando que março era, até então, o segundo mês consecutivo com pedidos líquidos positivos desde o início da pandemia da Covid-19. No mês, foram entregues 29 aviões e houve 196 pedidos brutos para a família encostada (de novo) pelos órgãos reguladores. No total, foram feitas 40 encomendas para os aviões da família 737 durante esse período.
Por outro lado, a Airbus, principal concorrente dos norte-americanos, liderou as entregas de aeronaves nos dois últimos meses e, desde janeiro, soma 125 envios. Já a Boeing se destacava pelo bom-fôlego de pedidos, com 243 intenções de compra – a rival teve 39 encomendas até março. Só que, desde então, já houve 150 cancelamentos do 737 Max, incluindo 34 unidades pela Gol.
Enquanto os norte-americanos vivem um verdadeiro inferno astral, os europeus têm se fortalecido com a retomada das viagens. Isso porque a demanda atual por aeronaves menores e mais eficientes favorece o A320, modelo mais popular da Airbus. E também há dinheiro em caixa para apostar em inovações, a exemplo de um protótipo em desenvolvimento que é movido a hidrogênio.
Já a Boeing gasta recursos para colocar os modelos 737 Max e 787 Dreamliner de volta no jogo e ainda se esforça para lançar o gigante 777X, que está três anos atrasado. Para piorar, a empresa tem dívidas acumuladas de 65 bilhões de dólares por conta de estratégias equivocadas assumidas antes da crise econômica no setor da aviação comercial e da pandemia do novo coronavírus.
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