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Boeing está otimista com Brasil mesmo após perder caças

Companhia disse que perda do negócio de caças foi uma chance perdida que levará a empresa a redimensionar seus investimentos no país


	Jato 787-9 Dreamliner da Boeing: companhia disse que ainda vê excelentes oportunidades em carga, defesa e biocombustíveis
 (Brendon OHagan/Bloomberg)

Jato 787-9 Dreamliner da Boeing: companhia disse que ainda vê excelentes oportunidades em carga, defesa e biocombustíveis (Brendon OHagan/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 17h59.

São Paulo - A Boeing disse que a falha em ganhar um negócio de 4 bilhões de dólares em encomendas de aviões de caça do governo brasileiro foi uma chance perdida que levará a empresa a redimensionar seus investimentos no país, embora ainda veja excelentes oportunidades em carga, defesa e biocombustíveis.

Até o final de junho, a empresa aeroespacial sediada em Chicago era a clara favorita a ganhar um contrato para fornecer pelo menos 36 aviões para a Força Aérea Brasileira, em um dos grandes acordos de defesa do mundo.

"É uma oportunidade perdida para a relação Brasil-Estados Unidos e para a Boeing", lamentou Donna Hrinak, presidente da Boeing no Brasil, em entrevista à Reuters.

A Boeing perdeu o contrato depois da presidente Dilma Rousseff se enfurecer com revelações de que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) havia espionado suas comunicações.

Em dezembro, Dilma revelou a escolha da sueca Saab AB para fornecer os jatos, num movimento que vários de seus assessores descreveram como afronta direta a Washington.

Hrinak disse que "não sabia ao certo" porque Rousseff tomara a decisão, porque ainda não havia discutido a questão longamente com o governo.

Ainda assim, ela admitiu que as revelações do ex-terceirizado da NSA Edward Snowden "não ajudaram em nada porque certamente lançam uma sombra sobre as relações Brasil-Estados Unidos".


Hrinak disse que a decisão de Dilma vai afetar os planos da Boeing para a construção de centros de manutenção locais e cadeias de suprimentos que seriam erguidos casso a companhia tivesse vendido seus caças F/A-18 Super Hornet ao país.

"Não é que nós nunca mais vamos fazer essas coisas, mas a velocidade e a intensidade de nossas atividades foram necessariamente afetadas por essa decisão", disse Hrinak esta semana em sua primeira entrevista desde a escolha pelos caças suecos Gripen AG, da Saab.

Hrinak enfatizou que a Boeing ainda está seguindo em frente com vários outros projetos no Brasil, citando o desenvolvimento de biocombustíveis e uma parceria estratégica com a Embraer para ajudar a desenvolver e comercializar o seu avião de transporte militar KC-390.

"Nós temos dito tempo todo que estamos aqui para o longo prazo, independentemente do que aconteceu" com o negócio de caças, disse Hrinak. "Este é um bom lugar para investir, um bom lugar para fazer negócios, e nós vamos continuar a fazer as duas coisas." Perspectiva de longo prazo Hrinak foi embaixadora dos EUA no Brasil de 2002 a 2004, período que viu uma crise financeira levar muitos investidores a fugir do país.

Uma década depois, ela continua a ser uma figura popular entre muitos membros do Partido dos Trabalhadores (PT) para ajudar a convencer Washington e as empresas norte-americanas que o Brasil se posicionou para crescer em vez de explodir.

Como tal, ela está agora adotando a visão de longo prazo.

"Eu costumava dizer que era otimista sobre o Brasil antes disso ser chique, e agora eu digo que eu sou otimista sobre o Brasil quando isso não é mais chique", disse Hrinak, citando o crescimento contínuo esperado da classe média, apesar da economia lenta.

"As variações no tráfego aéreo de um ano para outro não afetam nosso plano de negócios de longo alcance", disse ela, acrescentando que espera que o tráfego de carga brasileiro cresça acima da média global.

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