Fibria: dentro do BNDES, há diferentes correntes sobre o futuro do investimento do banco na Fibria (GERMANO LUDERS/Exame)
Reuters
Publicado em 14 de março de 2018 às 17h53.
Última atualização em 14 de março de 2018 às 17h55.
Rio de Janeiro - O BNDES deve decidir até o fim da próxima semana se apoia a proposta da Suzano para fusão com a Fibria ou a oferta de aquisição da Fibria pela Paper Excellence, do grupo asiático APP, disseram fontes do banco de fomento nesta quarta-feira.
Uma reunião da diretoria do BNDES, que tem participação de 29,1 por cento na Fibria, está marcada para semana que vem e o assunto em pauta são as ofertas sobre o futuro da maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo, que tem ainda como sócio controlador o grupo Votorantim.
"Isso está na pauta diária e já esta programado para a próxima reunião. O que dá para dizer é que a solução será em breve; quem sabe na semana que vem", acrescentou uma das fontes.
Procurado pela Reuters, o BNDES não comentou o assunto.
Dentro do BNDES, há diferentes correntes sobre o futuro do investimento do banco na Fibria.
Uma segunda fonte disse à Reuters que a possibilidade da fusão entre Suzano e Fibria criar um grande grupo nacional global está sendo considerada. "O ideal seria manter o capital nacional", disse a fonte. "Não se trata de se falar em campeã nacional, mas sim de garantir empregos e investimentos", acrescentou.
Uma terceira fonte afirmou que as discussões do BNDES sobre o futuro da Fibria pareciam rumar para um acordo com a Suzano, até que a Paper Excellence apareceu com um "caminhão de dinheiro".
A holandesa Paper Excellence apresentou uma oferta formal de compra da Fibria, avaliando a companhia brasileira em 40 bilhões de reais, um prêmio de 10 por cento sobre o fechamento da ação da empresa.
A proposta da Suzano envolve uma fusão que oferece dinheiro apenas aos acionistas do grupo controlador. A companhia resultante teria ativos da Fibria e da Suzano e alguns acionistas teriam a opção de sair de suas participações e receber em dinheiro.
Antes de fazer a oferta pela Fibria, que tem capacidade para produzir cerca de 7 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano, a Paper Excellence fechou acordo para comprar a rival Eldorado Brasil, que pode produzir cerca de 2 milhões de toneladas anuais do insumo necessário para a produção de papel. A Suzano tem cerca de 4 milhões de toneladas de capacidade de produção de celulose no Brasil, produzindo também papel de imprimir e escrever e sanitários.
Além da Fibria, o BNDES tem participação de cerca de 7 por cento na Suzano.
"Acredito que o BNDES vai exigir mais do que apenas dinheiro. Vai querer ver o planejamento da empresa e a visão do comprador para o desenvolvimento futuro da Fibria. Essa é uma preocupação do banco", ressaltou a terceira fonte, também familiarizada com o assunto.
Nesta quarta-feira, o BNDES divulgou um lucro líquido de 6,18 bilhões de reais em 2017, em desempenho influenciado pelo resultado de participações societárias, que cresceu 249,5 por cento.
"A decisão está praticamente concluída e não demora para sair", afirmou uma quarta fonte do banco.
Apesar de existirem especulações sobre os acionistas da Fibria estarem demandando ofertas maiores, duas outras fontes com conhecimento do assunto disseram que as propostas entregues por Paper Excellence e Suzano não foram rejeitadas pelo BNDES e pelo grupo Votorantim. As propostas continuam em análise, de acordo com essas fontes.