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Blackstone oferece pagar quase US$10 bi para Reuters News

A Blackstone seria dona de 55% da nova empresa e a Thomson Reuters manteria uma participação de 45%

Blackstone: os pagamentos seriam feitos pela nova unidade Financial and Risk em troca pelo conteúdo de notícias da Reuters (Munshi Ahmed/Bloomberg)

Blackstone: os pagamentos seriam feitos pela nova unidade Financial and Risk em troca pelo conteúdo de notícias da Reuters (Munshi Ahmed/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 16h20.

Última atualização em 30 de janeiro de 2018 às 17h02.

Londres - O fundo norte-americano de private equity Blackstone está em negociações avançadas para comprar uma participação de 55 por cento na unidade Financial and Risk do grupo Thomson Reuters, uma operação que pode avaliar a divisão como valendo cerca de 20 bilhões de dólares incluindo dívida, disseram três fontes com conhecimento do assunto.

O conselho de administração da Thomson Reuters deve se reunir nesta terça-feira para discutir a oferta da Blackstone pela divisão F&R, segundo as fontes. A unidade fornece notícias, dados e informações analíticas a bancos e grupos de investimento ao redor do mundo. A unidade é responsável por mais da metade do faturamento anual da Thomson Reuters.

Sob os termos propostos, a Thomson Reuters terá fatia de 45 por cento na F&R, disseram as fontes.

A transação seria estruturada de uma forma em que a Thomson Reuters receberia mais de 17 bilhões de dólares por uma unidade com valor incluindo dívidas de cerca de 20 bilhões de dólares, disseram duas das fontes. Os 17 bilhões de dólares incluem cerca de 4 bilhões em dinheiro da Blackstone e 13 bilhões financiados por nova dívida a ser tomada pela empresa a ser criada na operação, disseram as fontes.

A Thomson Reuters informou em comunicado no final da segunda-feira que estava em discussões avançadas com a Blackstone sobre uma potencial parceria envolvendo a divisão F&R. Um porta-voz da Blackstone não comentou o assunto.

As fontes alertaram que um acordo ainda não foi finalizado e que a oferta ainda pode fracassar.

As ações da Thomson Reuters em Nova York exibiam alta de 6,9 por cento às 16:55 (horário de Brasília), avançando ao maior nível desde outubro. Os papéis da Blackstone mostravam baixa de 2 por cento.

Reuters News

Se um acordo for bem sucedido, a Thomson Reuters ficará ao final do negócio com as divisões Legal and Tax and Accounting bem como a área de mídia da Reuters News, que fornece notícias para terminais financeiros e dados Eikon da F&R, disseram as fontes.

Como parte da oferta, a Blackstone afirmou que a nova F&R a ser criada fará pagamentos anuais de 325 milhões de dólares por 30 anos para a Reuters News, de forma a salvaguardar as perspectivas de crescimento da divisão, disseram duas das três fontes. O valor é equivalente a quase 10 bilhões de dólares ao longo das três décadas.

A Thomson Reuters, que não informa quanto a F&R contribui para as receitas da Reuters News, não comentou o assunto.

Não ficou claro como a proposta de acordo será considerada pelos curadores da Thomson Reuters Founders Share, entidade que foi criada para fiscalizar a independência editorial quando a companhia listou ações em bolsa pela primeira vez na década de 1980.

Os curadores aprovaram a compra da Reuters pela Thomson uma década atrás. O presidente da Thomson Reuters Founders Share, Kim Williams, não se manifestou.

Se concluída, a oferta da Blackstone será o maior negócio da empresa de investimentos desde a crise financeira global e colocará a companhia em competição direta com a Bloomberg bem como a Dow Jones na venda de serviços de dados, informações analíticas e ferramentas de negociação de valores para o mercado financeiro.

Canadenses

A família canadense Thomson controla mais de 63 por cento das ações da Thomson Reuters por meio da Woodbridge. A fornecedora de informações financeiras e notícias tem valor de mercado de cerca de 31 bilhões de dólares e suas ações são listadas em Nova York e Toronto.

Duas das fontes afirmaram que grande parte dos investidores minoritários na Thomson Reuters, que detêm os 37 por cento restantes da companhia, são favoráveis ao negócio com a Blackstone.

Desde sua criação em 2008, a Thomson Reuters realizou mais de 200 aquisições, mas tem enfrentado dificuldades para integrar alguns ativos, especialmente na divisão F&R, que foi duramente atingida pela crise financeira internacional.

O crescimento da divisão desacelerou uma vez que bancos e corretoras encolheram suas equipes com a queda na atividade de corretagem de ativos financeiros. Mas com a criação de regulamentações mais rígidas em torno da área de tomada de riscos, os negócios do grupo envolvendo governança e legislação têm avançado.

"O progresso que fizemos recuperando a divisão F&R e o futuro potencial dela estão refletidos no interesse da Blackstone", disse o presidente-executivo da Thomson Reuters, Jim Smith, em mensagens aos funcionários. "Acreditamos que a F&R está bem posicionada na Thomson Reuters, mas poderia ser ainda mais forte com uma parceira como a Blackstone."

Em 2016, a Thomson Reuters vendeu ativos que considerou como não essenciais, incluindo as divisões de propriedade intelectual e ciência, que foram vendidas para as empresas de investimentos Onex Corp e Baring Private Equity Asia por 3,55 bilhões de dólares.

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