Negócios

BlackRock foge da OGX de Eike Batista em meio a discussão

Gestora abandonou suas posições gerenciadas ativamente nos títulos da petroleira


	Funcionário da OGX em plataforma de exploração: disputa entre os credores põe em perigo o resgate de uma companhia de energia que chegou a valer US$ 45 bilhões
 (Divulgação)

Funcionário da OGX em plataforma de exploração: disputa entre os credores põe em perigo o resgate de uma companhia de energia que chegou a valer US$ 45 bilhões (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 15h45.

Rio de Janeiro - A BlackRock abandonou suas posições gerenciadas ativamente nos títulos da Óleo Gás Participações, de Eike Batista, porque uma disputa entre os credores põe em perigo o resgate de uma companhia de energia que chegou a valer US$ 45 bilhões e agora está na bancarrota.

A BlackRock, que em agosto foi uma dos maiores proprietárias de títulos da OGP de 8,5 por cento com vencimento em junho de 2018, cujo valor nominal é de US$ 2.56 bilhões, vendeu suas posses, disse por e-mail Brian Beades, porta-voz da companhia. A BlackRock e a Pacific Investment Management estavam entre os investidores que possuíam 55 por cento da dívida na empresa anteriormente conhecida como OGX e negociaram um acordo com Eike Batista, fundador e presidente da companhia, que lhes daria 65 por cento das suas ações.

A saída da maior gestora de recursos do mundo das negociações com Batista sinaliza a falta de confiança depois que credores minoritários objetaram o acordo, ameaçando adiar o pagamento de cerca de US$ 200 milhões de financiamento ao devedor em posse que permitiria à OGP apresentar um plano de reestruturação perante um tribunal na sua cidade sede, o Rio de Janeiro, até 31 de janeiro.

“A BlackRock não achou que as perspectivas para contribuir com mais dinheiro fossem boas”, disse Russell Dallen, diretor de operadores sediado em Miami da Caracas Capital que no começo do ano passado comprou posições que lucrariam com uma queda no preço dos títulos. “Eles têm muita experiência no setor de energia”.

Posses da BlackRock

Cerca de 25 fundos da BlackRock possuíam títulos da companhia com um valor nominal de US$ 300 milhões, segundo cálculos da Bloomberg baseados nos dados disponíveis em julho de 2012. Documentos regulatórios apresentados entre fevereiro e abril mostram que o número caiu para cerca de seis fundos com posses por aproximadamente US$ 70 milhões.


Em outubro, somente o BlackRock Global Allocation Fund, que procura investir em títulos depreciados, possuía os títulos, com cerca de US$ 179 milhões de valor nominal da emissão com vencimento em junho de 2018, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A OGX, que não registra lucros desde o segundo trimestre de 2010, valorizou-se rapidamente em 2009 e 2010 após informar descobertas em mais de 80 por cento dos poços perfurados, permitindo a Batista recorrer aos mercados de dívida para financiar operações. Logo, as ações despencaram 68 por cento em 2012 e 95 por cento no ano passado, depois que a companhia não conseguiu cumprir com as metas de produção e abandonou campos que tinha declarado comercialmente viáveis.

Os empréstimos ao devedor em posse visam manter a produção de petróleo bruto em Tubarão Martelo, o único ativo produtivo da companhia depois que esta concordou em vender o controle dos seus campos de gás natural para o fundo de private equity Cambuhy Investimentos Ltda e a empresa alemã EON SE em outubro. Martelo produziu petróleo por um valor de cerca de US$ 32 milhões no mês passado após iniciar a produção em 6 de dezembro.

A geologia compartimentada que tornou impossível sustentar a produção em Tubarão Azul também poderia estar presente em Tubarão Martelo, disse Dallen.

Queda na produção

A produção inicial em Azul foi forte, mas depois de vários meses as taxas diminuíram e atualmente os três poços do campo estão cerrados. Martelo está na mesma parte da Bacia de Campos e possui condições geológicas similares às do campo de Azul.

“É possível que Tubarão Martelo não consiga suportar a produção no longo prazo”, disse Dallen. “Há certo pessimismo em relação à possibilidade de que os US$ 200 milhões arrecadados com fundos novos acabem resultando insuficientes para carregar a OGX até a companhia se tornar autossuficiente e de que eles tenham que recorrer aos investidores novamente para arrecadarem mais dinheiro no verão, quando as arcas estiverem vazias de novo”.

Acompanhe tudo sobre:BlackRockCombustíveisDívidas empresariaisEmpresasIndústria do petróleoOGpar (ex-OGX)OGXP3PetróleoRecuperações judiciais

Mais de Negócios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira