Rafael Barbosa, CEO da Bionexo: meta é ser plataforma de soluções para o setor de saúde (Bionexo/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 24 de maio de 2022 às 07h00.
Última atualização em 26 de maio de 2022 às 15h03.
A pandemia da covid-19 colocou o uso da tecnologia no centro do debate para o setor de saúde. E a empresa de tecnologia para o setor de saúde Bionexo sentiu a mudança de perto. A principal solução da Bionexo é um marketplace de produtos hospitalares que conecta instituições de saúde com fornecedores. Só em 2021, foram R$ 16 bilhões transacionados no marketplace, um salto de 33% em relação a 2020. A receita da empresa cresceu mais de 27%, chegando a R$ 115 milhões no ano passado. “Tivemos uma inflexão na curva de crescimento”, diz o CEO, Rafael Barbosa.
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O ritmo acelerado se deve a três fatores principais, de acordo com o executivo. O primeiro deles é o investimento crescente em tecnologia. A Bionexo investe cerca de 30% da sua receita anual em desenvolvimento de software, com foco em melhorar produtos existentes e oferecer novos. “O resultado que vemos hoje é uma maturação dos investimentos feitos em 2019 e 2020”, afirma.
Outro fator foi o esforço da empresa em ampliar os produtos oferecidos para os clientes já existentes. Mais de 50% do crescimento em 2021 vem da própria base de clientes da companhia. “Foi uma estratégia traçada lá atrás de gerar novas ofertas para que o cliente contrate mais produtos conosco”, afirma. O terceiro ponto é o momento do setor, que está olhando para o uso de tecnologia como prioridade a fim de ganhar eficiência.
Um dos focos da empresa agora é dar um salto qualitativo nos serviços oferecidos. “Durante muito tempo a gente digitalizou processos já existentes, e isso trouxe transparência e eficiência para os clientes. A próxima fronteira é embarcar mais inteligência computacional em nossos produtos”, afirma. Isso significa automatizar processos, simplificando o trabalho nas unidades de saúde e gerando mais eficiência com menos trabalho.
A companhia continua de olho em oportunidades de aquisição. Nos últimos cinco anos, a Bionexo investiu em cinco empresas. As aquisições mais recentes foram a Clínica nas Nuvens, plataforma de gestão de consultórios e clínicas, comprada em 2021, e a Avatar Soluções, de gestão de receita em hospitais, adquirida em 2020.
Após desistir do IPO no ano passado, a Bionexo recebeu investimento de R$ 440 milhões da Bain Capital, que passou a ser dona de 43% da empresa. Dos R$ 300 milhões que ficaram no caixa da companhia, metade vai para aquisições a serem feitas em até 24 meses.
O foco das aquisições são produtos que complementem a oferta da Bionexo. A empresa que nasceu como um marketplace do setor de saúde hoje já oferece outros serviços como planejamento e gestão de estoque, análise de dados, rastreamento de produtos e um segundo marketplace, focado em órteses e próteses.
No longo prazo, com a inclusão de novos serviços e produtos, a meta é ser uma espécie de Apple Store da saúde, uma plataforma com diversas funções diferentes que tenham como base uma infraestrutura em comum. Hoje já é possível fazer um único login e acessar mais de uma ferramenta da Bionexo.
Um exemplo de como esse conceito já aparece no negócio é o seu banco de dados, que acumula informações de todos os seus produtos e oferece insights aos clientes. “A intenção é ter esse ferramental de fundo, onde os produtos funcionem de maneira harmônica”, diz.
Mais à frente, a meta é abrir a plataforma para outros players, que queiram plugar suas soluções. “O cliente poderá ter não só um marketplace de compras, mas também um marketplace de soluções”, diz. “Se hoje eu resolvo um problema do cliente, no futuro quero resolver dez, trinta problemas”, completa.
O modelo, no entanto, deve demorar ao menos cinco anos para chegar nesse estágio, pelas contas de Barbosa. Além do desenvolvimento de soluções, a empresa se preocupa com a usabilidade das ferramentas. A meta é estar no patamar dos aplicativos desenhados para o consumidor final, como Uber e Instagram, que têm maior preocupação com a experiência do usuário. “Não é só questão de dinheiro, há um tempo de maturação”, diz. “Nós estamos há 22 anos no mercado e daqui 22 anos continuaremos aqui. Nosso foco é fazer as coisas bem feitas”, completa Barbosa.