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Bilionários prometeram doar as fortunas, mas acumularam ainda mais riqueza

E nem mesmo a pandemia impediu que eles continuassem a acumular dinheiro. Os 100 mais ricos já ganharam mais de 213 bilhões de dólares durante a covid-19

Bill Gates: organizador do Giving Pledge viu o grupo receber críticas por falta de doações (Chip Somodevilla/Getty Images)

Bill Gates: organizador do Giving Pledge viu o grupo receber críticas por falta de doações (Chip Somodevilla/Getty Images)

Felipe Giacomelli

Felipe Giacomelli

Publicado em 4 de agosto de 2020 às 09h26.

Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 16h01.

Em agosto de 2010, um grupo de bilionários, que incluía Bill Gates e Warren Buffett, assinou um tratado, chamado Giving Pledge, prometendo doar metade de suas fortunas para a caridade. Agora, um estudo divulgado pelo think tank americano Institute for Policy Studies (IPS) revelou que nesse tempo não só a meta não foi atingida como os signatários ficaram ainda mais ricos.

Segundo a pesquisa, nesses dez anos, a fortuna do grupo dobrou. Passou de 376 bilhões de dólares para 734 bilhões de dólares, sendo que nove dos membros do Giving Pledge, incluindo Mark Zuckerberg, do Facebook, viram sua riqueza crescer 200%.

E nem mesmo a pandemia do coronavírus impediu que eles continuassem a acumular ainda mais dinheiro. As 100 pessoas mais ricas do mundo já ganharam mais de 213 bilhões de dólares desde que a covid-19 tomou conta do planeta.

O estudo do IPS também apontou outro problema. Segundo os pesquisadores, a maior parte das doações dos signatários do pacto são feitas para fundações privadas. Essa prática tem a vantagem de permitir deduções no Imposto de Renda de lá. Por outro lado, essas organizações não têm obrigação de encaminhar o dinheiro que recebem para a caridade, podendo administrá-lo como preferirem.

Além disso, o IPS afirma que, pelo aumento da desigualdade de renda nos EUA a partir da reforma tributária de Donald Trump, de 2017, e da pandemia, houve uma diminuição no número de pessoas que fazem doações. Famílias de classe média antes correspondiam a 66% do dinheiro destinado à caridade, enquanto agora são 53%. Isso significa que as instituições são cada vez mais dependentes dos ultra-ricos.

Como sugestão para os problemas, o IPS aponta que deveria haver uma reforma geral no sistema de caridade nos EUA com o objetivo de diminuir a influência dos mais ricos, evitar abusos do sistema tributário, incentivar doações por todas as faixas de renda e garantir que o dinheiro possa ser transferido rapidamente para as instituições que realmente fazem caridade.

Procurado pelo site da Business Insider, os organizadores do Giving Pledge não se manifestaram sobre a reportagem.

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