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Bilionário russo pode não ser salvação para Oi

Os investidores em títulos de dívida da Oi estão começando a desconfiar do plano do bilionário russo para consertar a situação da empresa


	Mikhail Fridman: os investidores em títulos de dívida da Oi estão começando a desconfiar do plano do bilionário russo para consertar a empresa
 (Bloomberg)

Mikhail Fridman: os investidores em títulos de dívida da Oi estão começando a desconfiar do plano do bilionário russo para consertar a empresa (Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2015 às 13h56.

São Paulo - No mês passado, a empresa de investimento de Fridman, a LetterOne, propôs injetar US$ 4 bilhões na Oi com o intuito de combiná-la com a TIM, a segunda maior operadora de telefonia celular do Brasil.

Na sequência do anúncio do dia 26 de outubro, os US$ 1,78 bilhão da Oi em notas com vencimento em 2020 chegaram a subir 15 por cento.

Mas agora o fôlego da alta começa a se dissipar. Investidores questionam se o acordo realmente se concretizará e se os órgãos reguladores aprovariam uma combinação caso ele vá para frente -- e a Oi viu seus bonds caírem 7,4 por cento em relação ao nível mais alto em seis semanas, atingido no dia 5 de novembro.

A empresa tem a maior chance de calote no período de doze meses entre as 25 emissoras brasileiras com a maior carga de dívida em moeda estrangeira, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Eu não acredito que eles conseguirão fechar o acordo com os russos ou com a TIM”, disse Jorge Piedrahita, CEO da corretora Torino Capital em Nova York. “Com o passar do tempo, as probabilidades de calote da Oi continuam subindo”.

O diretor financeiro da Oi, Flavio Nicolay Guimarães, disse que a maior parte dos bonds brasileiros sofreu uma depreciação considerável nos últimos meses, especialmente aqueles sem classificação de grau de investimento. Ele acrescentou que as notas da Oi se recuperaram em relação às baixas recorde atingidas em setembro e que devem se recuperar a medida em que a questão relativa a uma potencial fusão evoluir.

“Este é um negócio complexo, que leva tempo para se materializar”, disse ele, em entrevista por telefone, do Rio de Janeiro.

Em uma teleconferência com analistas, na quinta-feira, o CEO Bayard Gontijo disse que a Oi e a LetterOne, de Fridman, esperavam ter uma proposta pela TIM “dentro de não muito tempo”. A Oi disse no dia 30 de outubro que tinha iniciado negociações exclusivas com a LetterOne.

A Telecom Italia, que controla a TIM, não recebeu nenhuma proposta formal, disse o CEO Marco Patuano, no dia 6 de novembro. Ele afirmou que a empresa está aberta para avaliar uma oferta da Oi, que é a quarta maior operadora do Brasil.

A Telecom Italia discutiria um possível acordo se a empresa italiana de telefonia ficasse com o controle da entidade nova a ser criada, segundo duas fontes próximas ao assunto que pediram anonimato porque as discussões não são públicas.

“Vemos claramente a grandes dificuldades regulatórias e um eventual acordo com a principal proprietária da TIM Brasil, a Telecom Italia, como grandes obstáculos para o negócio”, disseram analistas do Banco Itaú BBA, incluindo Susana Salaru e Suommo Mukherjee, em um relatório a clientes com a data do dia 4 de novembro.

“Mesmo se o acordo for concretizado, vemos um risco até o final de 2016 ou até mesmo em 2017, e quanto mais o negócio demorar a se materializar, maior é a pressão de liquidez sobre a Oi”.

O Itaú BBA estima que a Oi tenha R$ 14,4 bilhões em dívidas que vencerão por volta do final de 2016.

Na quinta-feira, a Oi reportou um prejuízo líquido de R$ 1 bilhão (US$ 265 milhões) no terceiro trimestre, o maior registrado desde 2010.

E, embora Guimarães, o diretor financeiro, tenha dito que a empresa não pretende reestruturar sua dívida, isso não serviu de consolo para os detentores de bonds.

As notas da empresa que vencem em 2020 caíram pelo sexto dia seguido na quinta-feira, para 68,35 centavos de dólar, empurrando os yields para cima em direção aos 15 por cento, mostram dados compilados pela Bloomberg.

No dia 6 de outubro, a Moody’s reduziu o rating da Oi para Ba3, três níveis abaixo do grau de investimento, com perspectiva negativa.

“Um dos maiores problemas com que a Oi precisa lidar atualmente é sua pesada carga de dívida e sua alavancagem”, disse o analista Marcos Schmidt, da Moody’s, de São Paulo. “A empresa precisa diminuir os níveis atuais para ter flexibilidade financeira e poder competir”.

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