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Bilionário Jack Ma perde US$ 11 bi em 2 meses com maior controle da China

Os problemas de Ma começaram quando o executivo se preparava para abrir o capital da empresa de pagamentos Ant; o IPO foi suspenso pelas autoridades chinesas

Jack Ma: fortuna do bilionário encolheu após cerco das autoridades chinesas a seus negócios (Wang HE / Colaborador/Getty Images)

Jack Ma: fortuna do bilionário encolheu após cerco das autoridades chinesas a seus negócios (Wang HE / Colaborador/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 30 de dezembro de 2020 às 09h44.

Última atualização em 30 de dezembro de 2020 às 17h41.

A fortuna de Jack Ma encolheu quase 11 bilhões de dólares desde o final de outubro em razão do maior controle do governo da China sobre o império do bilionário e gigantes de tecnologia do país.

O patrimônio líquido do ex-professor de inglês de 56 anos -- frequentemente associado à ascensão meteórica do setor de internet na China -- havia atingido um pico de 61,7 bilhões de dólares neste ano, e Ma estava prestes a recuperar o posto de pessoa mais rica da Ásia. Agora, com uma fortuna de 50,9 bilhões de dólares, Ma caiu para o 25º lugar no Índice de Bilionários da Bloomberg, uma lista com as 500 pessoas mais ricas do mundo.

Embora o cofundador do Alibaba tenha sido alvo da ofensiva, não é o único a sentir o aperto.

O maior escrutínio do governo leva investidores a repensar suas posições depois que a forte demanda por serviços online, como resultado das restrições impostas pelo coronavírus, fez com que essas ações disparassem no início deste ano. Nas últimas semanas, gigantes da tecnologia da China perderam centenas de bilhões de dólares em valor de mercado.

As ações da Tencent, de Pony Ma, caíram 15% desde o início de novembro, e os papéis da gigante de entrega de comida Meituan, controlada por Wang Xing, perderam quase 20% em relação à máxima no mês passado. Os recibos de depósito americanos do Alibaba acumulam queda de mais de 25% desde o final de outubro.

“Há uma onda de sinais semelhantes mostrando que gigantes da tecnologia da China permanecem no radar das autoridades”, disse Bruce Pang, responsável por pesquisa macro e estratégia da China Renaissance Securities Hong Kong. “A diretriz preliminar antimonopólio e a revisão antitruste são apenas dois desses sinais.”

Os problemas de Ma começaram quando o executivo se preparava para abrir o capital da empresa de pagamentos Ant. Mas reguladores chineses suspenderam o que teria sido a maior oferta pública inicial do mundo apenas dois dias antes da estreia programada em novembro.

A suspensão do IPO de 35 bilhões de dólares da Ant foi um dos primeiros sinais da maior vigilância da China em um setor que ganhou influência na vida diária de centenas de milhões. Depois disso, as autoridades do país impuseram mais restrições ao setor de crédito ao consumidor, propuseram novas regras para conter o domínio de gigantes da internet e multaram o Alibaba e uma unidade da Tencent em relação a aquisições realizadas anos atrás. A maior supervisão do governo de fusões e aquisições pode trazer mais incerteza ao crescimento dos gigantes da internet.

 

“Se acordos semelhantes acontecerem nos EUA ou na Europa -- por exemplo, se o Facebook se unir ao Google amanhã --, suas autoridades também serão cautelosas”, disse Liu Cheng, sócio do escritório de advocacia King & Wood Mallesons, em Pequim. “As gigantes de tecnologia precisam prestar mais atenção na conformidade de suas operações diárias.”

Apesar da queda recente, os magnatas da Internet na China conseguiram aumentar as fortunas devido à valorização das ações de suas empresas no início do ano. Os 21 bilionários de tecnologia rastreados pelo índice Bloomberg no país ganharam 187 bilhões de dólares em 2020. Até o patrimônio líquido de Ma aumentou 4,3 bilhões de dólares.

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