Big Techs - Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34), Netflix (NFLX34), Alphabeth (Google) (GOGL34), Meta (Facebook) (FBOK34) e Microsoft (MSFT34) (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Entre o início de janeiro e o final de março, as Big Techs, as grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos obtiveram um lucro líquido de US$ 63,39 bilhões (cerca de R$ 316 bilhões).
No mesmo trimestre de 2021 o lucro das Big Techs - Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34), Netflix (NFLX34), Alphabeth (Google) (GOGL34), Meta (Facebook) (FBOK34) e Microsoft (MSFT34), tinha sido de US$ 76,32 bilhões.
A queda anual foi de -20,4%.
Em termos de receitas, a tendência foi contrária.
O faturamento total das Big Techs foi de US$ 366,86 bilhões contra US$ 328,45 bilhões no mesmo período do ano passado.
A alta foi de 11,7%.
Só que é preciso entender o contexto além dos números, analisando os detalhes para compreender dinâmica de cada empresa individualmente.
Por exemplo, a Amazon (que na última sexta-feira colapsou na Nasdaq), registrou um prejuízo líquido de US$ 3,8 bilhões no primeiro trimestre de 2022.
Há 12 meses o lucro havia sido de US$ 8,1 bilhões.
No entanto, esse prejuízo não se deve à atividade da maior varejista on line do mundo, mas à desvalorização de US$ 7,6 bilhões de sua participação na Rivian, produtora de carros elétricos.
Fica evidente, portanto, que o número de lucros líquidos acumulados, mesmo diante do fato de o lucro operacional dos grandes nomes de alta tecnologia ser o aumento de 1,2% para 84,6 bilhões, não é tão significativo.
Os produtos ligados aos serviços em nuvem não foram suficiente para melhorar os resultados da Amazon.
Tradicionalmente o verdadeiro motor do grupo, esses serviços de "cloud" geraram um lucro operacional de US$ 6,5 bilhões, um aumento de mais de 50% em relação ao ano anterior.
No entanto, a tendência não foi suficiente para compensar o aumento dos custos operacionais nas plataformas de e-commerce, necessários para suportar o crescimento.
Por outro lado, o também não conseguiram amenizar a quedadas compras online após a volta ao normal com o final da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19).
Por último, a redução do poder de compra das famílias, por causa do aumento da inflação e da situação macroeconomica mais complicada, também contribuiu pra reduzir as compras on line e piorou os resultados da Amazon.
No caso da Netflix, as coisas são diferentes.
A plataforma de streaming passou de um lucro de US$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre de 2021 para um lucro de US$ 1,5 bilhão entre janeiro e março deste ano.
A redução das compras on line por parte das famílias com menor poder aquisitivo, por causa da inflação disseminada no mundo inteiro e pela situação macroeconômica mais complicada, está entre as causas das dificuldades da Netflix.
Inflação e menos dinheiro no bolso levam a escolhas, e talvez a reduzir as assinaturas.
Além disso, a crescente concorrência e o fenômeno do compartilhamento de assinaturas acabaram impactando as contas da plataforma.
Mas a incerteza e a volatilidade do contexto socioeconômico induzem cautela, por exemplo, também no âmbito da própria publicidade.
A dinâmica da publicidade digital, importante para a Alphabet e essencial para a Meta, deixará sua marca nos próximos trimestres.
Para algumas das Big Techs, as perspectivas não são tão boas.
Mas há ainda analistas que consideram essa situação apenas como transitória, prevendo que a rentabilidade voltará a crescer após esse ajuste de curto prazo.
Por outro lado, Apple e Microsoft não decepcionaram (pelo menos até agora).
A Microsoft teve uma alta no lucro no primeiro trimestre do ano, chegando a US$ 16,7 bilhões, contra US$ 15,4 bilhões.
O grupo fundado por Bill Gates teve um faturamento de US$ 49,36 bilhões contra US$ 41,7 do primeiro trimestre de 2021.
O grande motor dos negócios da Microsoft foram os serviços de TI na nuvem "Azure".
A divisão da "nuvem inteligente" viu as receitas subirem 26% para US$ 19,05 bilhões.
A Apple, por sua vez, registrou um lucro de US$ 25 bilhões no primeiro trimestre desse ano, superior aos US$ 23,6 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
A receita subiu para US$ 92,3 bilhões e o lucro por ação ficou em US$ 1,52.
A empresa superou as estimativas para o primeiro trimestre do ano.
Um desempenho - apoiado, entre outras coisas, pelas vendas de iPhones, MacBooks e fones de ouvido - que possibilitou registrar o melhor primeiro trimestre de todos os tempos.
Detalhe, a Apple, inicia seu ano contábil em outubro. Portanto, para ela esse seria o segundo trimestre.
Agora, a produtora do iPhone está prevendo um impacto negativo nas receitas do próximo trimestre entre US$ 4 e US$ 8 bilhões de dólares.
Isso, sobretudo, por causa da escassez de microchips por causa de gargalos nas cadeias de suprimentos.
Em suma, os resultados das Big Techs foram de altas e baixas, dependendo da empresa.
Mas a análise detalhada dos balanços mostra como cada uma das Big Techs tem seus próprios pontos de força e seus problemas próprios do modelo de negócios.