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BHP triplica equipe no Brasil após desastre da Samarco

Diante da perspectiva de bilhões de dólares em danos e obrigações de dívida após o desastre da Samarco, a BHP Billiton mais que triplicou seu pessoal no Brasil


	Barragens de rejeitos da empresa de mineração Samarco se rompem em Mariana (MG)
 (Ricardo Moraes/REUTERS)

Barragens de rejeitos da empresa de mineração Samarco se rompem em Mariana (MG) (Ricardo Moraes/REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2016 às 22h43.

Diante da perspectiva de bilhões de dólares em danos e obrigações de dívida após o desastre da mina da Samarco no Brasil, a BHP Billiton mais que triplicou seu pessoal no país, adicionando dois altos executivos para supervisionar a retomada das operações.

Em 5 de novembro, uma represa cheia de lodo da mina se rompeu, matando até 19 pessoas e deixando centenas de desabrigados. Se a Samarco Mineração, a joint venture BHP-Vale, que administrava a mina não puder reabri-la, a parceria não será capaz de pagar US$ 1 bilhão em obrigações de dívida com vencimento em 2022, ou pagar indenizações com valores que podem chegar a R$ 12 bilhões.

Nesse caso, a Vale e a BHP, a maior mineradora do mundo, teriam que assumir as contas. Em uma era de preços de commodities em queda, a BHP, cujas ações caíram 42 por cento em 12 meses, já fez cortes profundos nos seus dividendos e cortou gastos de capital.

“A Samarco é um investimento importante para a BHP, e no Brasil é importante para nós”, disse Dean Dalla Valle, diretor comercial da BHP, que se mudou para o Brasil, e promete ficar até a mina ser reaberta. “Os números da equipe que temos aqui agora são um reflexo disso”.

30 funcionários

Antes do colapso da barragem, a Samarco era a segunda maior produtora mundial de pelotas de minério de ferro com uma produção anual de cerca de 30 milhões de toneladas. Quando a joint venture reiniciar suas operações, planeja produzir a uma taxa de cerca de 19 milhões de toneladas por ano, afirmou o CEO Roberto Carvalho no mês passado.

O financiamento para a limpeza e as obrigações de dívida será coberto quando as operações forem retomadas na mina, que deverá ser reaberta no início do quarto trimestre, disse Carvalho. Em fevereiro, a BHP disse que já realizou uma baixa contábil antes dos impostos de US$ 1,2 bilhão relacionados com o colapso da barragem.

No passado, a operação brasileira da BHP incluía oito pessoas que eram baseadas perto das praias do Rio de Janeiro, centenas de quilômetros de onde a mina de minério de ferro está localizada. O número agora foi ampliado para 30 pessoas, incluindo Dalla Valle e o executivo de mineração sênior, Flavio Bulcão, nomeado como novo diretor da empresa no país em dezembro. Além disso, escritórios foram abertos em Belo Horizonte, que fica a cerca de cem quilômetros de seus interesses na Samarco.

Televisão

O colapso da barragem foi dramático o suficiente para aparecer na televisão do mundo todo, quando bilhões de litros de lama vermelha enterraram a pequena comunidade de Bento Rodrigues, lançando um carro em cima de uma casa e poluindo a bacia do rio Doce a uma distância de cerca de 600 quilômetros. Como são os dois únicos acionistas da Samarco, BHP e Vale foram colocados na mira da crítica.

O aumento de pessoal da BHP não acalmou os céticos sobre seus objetivos.

A polícia e os meios de comunicação locais fizeram relatórios sugerindo que a barragem da Samarco tinha uma história de integridade questionável, e que a ruptura foi resultado direto do incremento nos níveis de produção da mina. Isso aumentou o fogo dos críticos que dizem que os dois principais acionistas da empresa, a BHP, com sede em Melbourne, e a Vale, do Rio de Janeiro, deveriam ter desempenhado um papel mais importante na operação da usina desde o início.

Críticos brasileiros

O promotor do meio ambiente do Estado, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, que tem criticado a resposta da BHP e da Vale, e o eventual acordo assinado com o governo, disse que o aumento de pessoal neste momento é inteiramente motivado pelas finanças envolvidas, depois que as duas empresas inicialmente tentaram se distanciar do episódio.

Sobre o acordo de 2 de março entre as empresas e a presidente Dilma Rousseff, “nem sabemos o tamanho do dano ou o custo real do dano ambiental”, disse Pinto. “O acordo foi feito muito rapidamente e só atende aos interesses das empresas, não as pessoas afetadas pelo desastre”.

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