Destruição provocada pelo rompimento de barragens da Samarco: a maior empresa de mineração do mundo está reavaliando a Samarco Mineração (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2015 às 19h57.
A BHP Billiton disse estar analisando a estrutura operacional de suas joint ventures de mineração com empresas como Glencore e Anglo American após o desastre fatal com uma mina no Brasil.
A maior empresa de mineração do mundo está reavaliando a Samarco Mineração, sua operação conjunta de minério de ferro com a Vale no estado de Minas Gerais, após o rompimento de barragens de dejetos, em 5 de novembro, que provocou a inundação de um vale localizado em um nível mais baixo e matou pelo menos nove pessoas.
A empresa também avaliará a operação de cobre Antamina, no Peru, e o empreendimento de carvão Cerrejón, na Colômbia, disse o CEO da BHP, Andrew Mackenzie, a investidores na segunda- feira em uma teleconferência.
Três das joint ventures de mineração -- Samarco, Antamina e Cerrejón -- são operadas por entidades independentes de propriedade das sócias, enquanto na divisão de petróleo da BHP uma das sócias atua como operadora, disse ele.
A BP e a Chevron estão entre as parceiras da BHP no setor petrolífero. Dos 19 ativos importantes em seu portfólio, de poços a minas, a BHP opera 12, segundo uma declaração de março.
“Este é o tipo de acordo que precisamos avaliar e que temos avaliado”, disse Mackenzie aos investidores na teleconferência. A BHP analisará “se um modelo mais semelhante ao do petróleo poderia ser mais apropriado no futuro”, disse ele.
Propriedade conjunta
No Brasil, o Ministério Público pretende exigir que a Vale e a BHP paguem uma indenização de cerca de R$ 1 bilhão (US$ 262 milhões) pelos danos causados após o acidente da Samarco.
A Samarco separará US$ 260 milhões para financiar medidas emergenciais como prevenção, remediação e indenização pelos efeitos ambientais e sociais do acidente, disse a BHP em um comunicado, nesta terça-feira.
Embora qualquer mudança na estrutura das joint ventures possa acelerar as tomadas de decisões e permitir a adoção de padrões e práticas de trabalho mais unificados, seria complicado para as empresas que possuem uma participação igual em uma joint venture selecionar apenas uma produtora para assumir a liderança, disse Paul Young, analista do Deutsche Bank em Sidney.
“O problema, quando você tem propriedades iguais e um operador, é quem será o operador e quem você escolhe”, disse Young por telefone. Qualquer mudança provavelmente levaria anos, e não meses, disse ele.
Avaliação das barragens
A BHP e a Glencore possuem, cada uma, participações de 33,75 por cento na Compañía Minera Antamina, que opera a mina de cobre Antamina, no Peru, enquanto a Teck Resources tem 22,5 por cento e a Mitsubishi mantém 10 por cento, segundo os registros.
A Glencore, a BHP e a Anglo American possuem, cada uma, um terço da Cerrejón Coal, mostram os registros.
A Glencore não estava imediatamente disponível para comentar o assunto e a Anglo não respondeu imediatamente a um telefonema e a um e-mail com pedidos de comentário.
Além da análise sobre as estruturas operacionais, a BHP também está realizando uma avaliação das instalações de barragens de toda a organização, disse Mackenzie aos investidores na conferência.
“Estamos ávidos pelas lições que podemos aprender com a Samarco”, disse ele. “Estamos claramente buscando formas de administrar a maior parte da nossa empresa de uma forma ainda melhor”.