O jogador David Beckham: a Royal Caribbean e o bilionário vendedor de carros Norman Braman querem o jogador longe do maior hub de navios de cruzeiro do mundo (Shaun Botterill/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2014 às 15h46.
Flórida - Quatro hectares de lama, concreto e espaço para armazenagem no porto de Miami colocaram a Royal Caribbean Cruises Ltd. e o bilionário vendedor de carros Norman Braman contra a estrela do futebol David Beckham.
Beckham, 38, quer usar o espaço para um estádio de US$ 250 milhões para um time da Major League Soccer que está em expansão. A Royal Caribbean, que tem sede em Miami, e Braman, 81, ativista civil que se opõe a estádios financiados com dinheiro público, dão as boas-vindas à equipe de Beckham. Eles só o querem longe do maior hub de navios de cruzeiro do mundo.
Uma decisão dos comissários do condado de Miami-Dade e do prefeito Carlos Giménez sobre a terra ajudará a determinar qual a receita do porto, para liquidar uma dívida que excederá o montante recorde de US$ 1 bilhão após uma venda de bônus com isenção de impostos programada para a semana que vem.
“Embora tenha permanecido vazio por anos, esse espaço repentinamente se tornou muito precioso”, disse Jack McCabe, consultor imobiliário na cidade próxima de Deerfield Beach. “É incrível o que o interesse de celebridades faz”.
Miami está tomando empréstimo para ajudar seu porto -- uma ilha artificial na Baía Biscayne que tem forma de navio de cruzeiro -- a se preparar para o alargamento do Canal do Panamá.
A municipalidade quer concorrer com outras cidades dos EUA para atrair navios maiores após a expansão do canal, programada para ser concluída em 2016.
Isenção tributária
O condado de Miami-Dade emitiu US$ 383 milhões em dívidas em setembro, que o PortMiami usou para financiar uma renovação de US$ 2 bilhões, programada para terminar no ano que vem.
Esses fundos, juntamente com a soma que deverá ser levantada com a venda de dívida da semana que vem, serão investidos no aprofundamento da via navegável e na construção de um túnel para facilitar o acesso de caminhões a rodovias próximas.
O condado, que é dono do porto, planeja vender, em 6 de maio, US$ 206 milhões em bônus de receita com isenção tributária, que serão retribuídos com receitas do porto, disse Frank Hinton, diretor de administração de bônus do condado de Miami-Dade.
A venda empurrará a dívida para mais de US$ 1,1 bilhão, levando o porto a buscar novas receitas. O total inclui cerca de US$ 696 milhões em dívida direta do porto e cerca de US$ 454 milhões em empréstimos e bônus que o condado de Miami-Dade emitiu em nome do PortMiami.
A Major League Soccer em fevereiro concedeu a Beckham um time de Miami em expansão que jogará sua primeira temporada em 2016.
O ex-capitão inglês jogou seis temporadas pelo Los Angeles Galaxy, da MLS, e se aposentou do esporte no ano passado.
Simon Oliveira, porta-voz de Beckham em Londres, não respondeu a pedidos de comentários para esta reportagem.
Como a Royal Caribbean e Braman estão fazendo lobby contra eles, John Alschuler, presidente da HR&A Advisors, que está trabalhando com Beckham no estádio, e Beckham estão negociando com o prefeito e comissários, que decidirão se aprovam um estádio de 25.000 assentos na terra de propriedade do condado.
O clube não está atrás dos dólares dos impostos para erguer o estádio, disse Alschuler.
A Royal Caribbean apoia um time de Miami, só que não no porto, disse Rob Zeiger, porta-voz da empresa. Braman e outros críticos ecoam essa visão.
O prefeito Giménez sinalizou que está aberto a um estádio no local. Os comissários levantaram preocupações a respeito do trânsito e dos custos.
Oposição de Braman
Braman se opôs publicamente a negócios com estádios financiados com dinheiro público para times de Miami. Ele ajudou a derrotar o pedido do Miami Dolphins por dinheiro público para reformular um estádio de futebol americano no ano passado.
Braman disse que embora o grupo de Beckham não tenha pedido dinheiro público, seria pouco inteligente para o condado ceder terras em um porto que foi renovado com fundos do contribuinte.
“Depois do turismo, o porto é a maior fonte de indústria e comércio”, disse ele. Colocar um estádio de futebol lá “simplesmente não faz sentido”, disse ele.
Ex-proprietário do Philadelphia Eagles, da NFL, Braman disse que está disposto a recorrer à sua fortuna para derrotar o plano do estádio. Ele disse que ninguém lhe pediu para fazer isso -- ainda.