Bayer: companhia espera aprovação de herbicida aplicado em algodão e soja (Sean Gallup/Getty Images)
Mariana Desidério
Publicado em 14 de outubro de 2020 às 11h11.
A Bayer espera que a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos em breve aprove o uso do dicamba em meio à polêmica batalha sobre o herbicida aplicado em commodities como algodão e soja.
A empresa, que fabrica o herbicida à base de dicamba conhecido como XtendiMax, está confiante de que a aprovação poderá ocorrer no quarto trimestre e espera que uma decisão possa ser tomada no final do mês, disse Liam Condon, presidente da divisão de ciências agrícolas da Bayer, em entrevista por vídeo na terça-feira.
Em junho, a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) se sobrepôs a uma proibição do herbicida ordenada por um tribunal, dizendo que agricultores poderiam usar produtos contendo o herbicida até o fim de julho. A Bayer enfrenta processos em todo o Centro-Oeste dos EUA sob alegações de agricultores de que o XtendiMax vaporizado teria se espalhado para lavouras próximas e danificado plantações não resistentes ao herbicida.
“Por que isso é importante? No final das contas, agricultores precisam de alternativas”, disse Condon, acrescentando que as ervas daninhas se tornarão resistentes se agricultores usarem apenas um herbicida. “Se isso vai acontecer ou não, é claro que depende completamente da EPA.”
No início deste ano, o Tribunal de Apelações dos Estados Unidos para o Nono Circuito bloqueou o polêmico herbicida, argumentando que a EPA ignorou os riscos associados com a possibilidade de o produto químico se espalhar para outras propriedades e violou as regulamentações federais quando estendeu o registro por dois anos em outubro de 2018. A agência criticou e posteriormente minou a decisão, que cancelou o registro de três produtos à base de dicamba vendidos pela Bayer, BASF e Corteva.
A EPA agora revisa o uso de produtos como o XtendiMax. O administrador da agência, Andrew Wheeler, disse no início deste mês que espera uma decisão em meados de outubro. A Bayer quer que a agência aprove o dicamba junto com o adjuvante, um aditivo que ajudaria a evitar que o herbicida se espalhe.
A aprovação daria aos agricultores mais opções, já que ervas daninhas em muitas plantações nos EUA agora se tornaram resistentes ao glifosato, outro herbicida comumente usado, disse Condon.
As sementes resistentes ao dicamba da Bayer cobriram cerca de 20 milhões de hectares de soja nos Estados Unidos no ano passado e neste ano, disse Condon. Isso corresponde a cerca de 60% da área plantada com a oleaginosa. A rival Corteva, que fabrica os herbicidas Enlist, tenta ganhar mercado para seu novo produto.
“Será uma batalha saudável por participação de mercado nos campos”, disse Condon.
A Bayer ainda está no processo de tentar obter aprovação para seu produto à base de dicamba no Brasil. Embora o país seja o maior exportador de soja, o produto é menos importante no mercado brasileiro, pois as safras são mais vulneráveis a insetos do que a ervas daninhas, disse o executivo.