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Batistas avaliam colocar alguém da família à frente da JBS

O empresário Wesley Batista está preso desde quarta-feira, acusado de usar informação privilegiada para manipular os mercados de ações e de câmbio

Wesley Batista, preso na última semana (Leonardo Benassatto/Reuters)

Wesley Batista, preso na última semana (Leonardo Benassatto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de setembro de 2017 às 09h14.

São Paulo - Incomodados com a postura beligerante do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os Batistas estão dispostos a entrar em rota de colisão com o banco e avaliam indicar um nome de dentro da família para substituir Wesley Batista no comando da JBS, segundo relataram três fontes com conhecimento do tema ao Estadão.

O empresário está preso desde quarta-feira, acusado de usar informação privilegiada para manipular os mercados de ações e de câmbio e teve pedido de habeas corpus negado ontem.

As conversas sobre como a família deverá se posicionar estão sendo encabeçadas pelo fundador, José Batista Sobrinho, e pelo seu filho mais velho, José Batista Júnior, ex-presidente da JBS, conhecido como Júnior Friboi e principal candidato atual à vaga. Outra opção seria Wesley Filho, presidente da divisão de carne bovina da JBS nos EUA. Filho de Wesley, ele está no negócio desde 2010.

Segundo as fontes, colocar alguém da família no cargo seria uma forma de os Batistas sinalizarem que a empresa tem sim um controlador e não cederá a pressões do BNDES. A J&F, holding dos Batistas, tem 42% das ações da JBS, porém exerce o controle de fato da empresa, pelo cargo de presidente e por sempre ter conseguido impor suas decisões no conselho.

Um executivo próximo à família afirmou, sob a condição de anonimato, que o BNDES está correto em dizer que os Batistas são sócios da JBS, mas que se esquece de afirmar que são sócios "controladores" por meio de um grupo, a J&F, que investe em vários setores.

Poder

Dos nove assentos no conselho, dois são do BNDES, sendo que uma das vagas do banco estatal atualmente encontra-se vago. O conselheiro Maurício Luchetti já deixou as deliberações e o banco estatal corre para definir um substituto. A outra conselheira do banco, Claudia Azeredo Santos, também pediu para sair e só fica até 9 de outubro. Os dois decidiram pela saída porque vinham sendo votos vencidos nas reuniões. Os demais conselheiros, mesmo os não ligados diretamente à J&F, vinham acompanhando o voto da família Batista em 2016 e 2017.

Desta forma, se nada mudar, os Batistas teriam facilidade de conduzir ao cargo o nome que desejarem. Wesley Batista, que faz parte do conselho e está preso, poderia transferir seu voto a outro conselheiro, por meio de procuração, disse uma fonte.

Segundo fontes, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, teve uma reunião na JBS em que ficou acertado que o executivo deixaria o cargo e um novo nome seria procurado em 90 dias. Wesley teria dito, na ocasião, que precisava esperar a conclusão da renegociação de dívidas com o grupo e do alongamento de dívidas com banco antes de deixar o negócio. Pouco depois, o BNDES entrou na Justiça para destituí-lo do cargo, pedido que foi freada pela Justiça, após decisão proferida ontem pelo Tribunal Regional da 3ª Região.

A saída de Wesley, mesmo que temporária, acabou ocorrendo somente com sua prisão, o que acelerou a busca por um substituto. O consenso é de que a permanência de Wesley tornou-se inviável. A conselheira Claudia Azeredo Santos, do BNDES, havia indicado o nome do executivo Gilberto Tomazoni nesta semana, mas a proposta nem chegou a ser votada.

Uma das saídas seria esperar que os irmãos Batista saíssem da prisão, após o pedido de habeas corpus, que foi negado ontem. A defesa de Joesley e Wesley anunciou na noite de ontem que entrou com um novo pedido para a libertação dos empresários, desta vez no Superior Tribunal de Justiça.

Procurados, o BNDES e a JBS não quiseram se pronunciar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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