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Banco italiano busca se salvar com operação de recapitalização

Em caso de fracasso, o Estado italiano está pronto para intervir no Monte dei Paschi di Siena (BMPS) fundado em 1472

Banco: o BMPS foi fragilizado pela desastrosa compra em 2007 do banco Antonveneta, e depois pelo escândalo de prevaricação (©afp.com / Fabio Muzzi)

Banco: o BMPS foi fragilizado pela desastrosa compra em 2007 do banco Antonveneta, e depois pelo escândalo de prevaricação (©afp.com / Fabio Muzzi)

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AFP

Publicado em 21 de dezembro de 2016 às 17h27.

O banco italiano BMPS, o mais antigo do mundo e em grandes dificuldades financeiras, espera nesta quarta-feira a difícil salvação, a poucas horas de encerrar uma operação de recapitalização, de resultado incerto.

Em caso de fracasso, o Estado italiano está pronto para intervir, e o Parlamento já começou a debater a demanda formulada pelo governo de um aumento da dívida pública de 20 bilhões de euros, destinados a ajudar os bancos.

A ação do Monte dei Paschi di Siena (BMPS), fundado em 1472, chegou a cair até 18% nesta quarta-feira na Bolsa de Milão, onde sua cotação foi suspensa várias vezes, antes de recuperar-se no final da manhã.

O BMPS, terceiro maior banco italiano, é o ponto fraco do sistema bancário italiano, cuja fragilidade e créditos duvidosos -que sem dúvida jamais serão devolvidos- inquietam toda a Europa.

"O mercado contém a respiração antes do resultado dessas difíceis operações de recapitalização. Há rumores segundo os quais o banco só tem quatro meses de liquidez", comentou nesta quarta-feira Michael van Duliken, analista da Acdendo Markets.

O BMPS registrou os piores resultados dos testes de resistência publicados no final de julho pela Autoridade bancária europeia (EBA). Esses testes medem a capacidade de um banco para enfrentar choques conjunturais.

As autoridades italianas se esforçam como podem para tranquilizar os mercados, tanto na Itália como na Europa, onde a fragilidade do sistema bancário da terceira economia da zona do euro preocupa.

O BMPS "não está à beira do abismo", afirmou nesta quarta-feira o ministro das Finanças Pier Carlo Padoan.

O BMPS, cujas ações sofreram uma desvalorização de 80% desde o início de 2016, implementou um plano de resgate integral com a venda de 27,6 bilhões de euros de empréstimos duvidosos e uma ampliação de capital.

A primeira parte desse plano, uma operação de conversão voluntária de bônus, já arrecadou mais de 1 bilhão de euros.

Ceticismo

Os meios italianos e os analistas se mostram céticos sobreo êxito da operação e acreditam cada vez mais em uma inevitável intervenção do Estado. Sobretudo porque é difícil que consiga fechar uma ampliação de capital de 5 bilhões de euros que o banco lançou nesta segunda-feira e que estará aberta até quinta-feira às 13H00 GMT (11H00 horário de Brasília).

Se o Estado tiver que intervir, fará isso por um procedimento chamado "recapitalização preventiva", que impõe uma contribuição de acionistas e donos de títulos, através de uma negociação forçada dos bônus a um nível muito menos interessante que o oferecido atualmente.

Mas o governo prevê um mecanismo para compensar as perdas dos pequenos poupadores; muitos italianos aceitaram esse tipo de compromisso sem conhecer seu verdadeiro risco.

O BMPS está em dificuldade há anos. Foi fragilizado pela desastrosa compra em 2007 do banco Antonveneta, e depois pelo escândalo de prevaricação, com o qual acumulou as perdas de 14 bilhões de euros entre entre 2011 e 2015.

Desde 2014, implementou duas ampliações de capital de 8 bilhões de euros, quantia já dissipada.

O sistema bancário italiano em seu conjunto gera grande preocupação devido à sua dispersão (cerca de 700 estabelecimentos) e à importância dos créditos morosos em sua carteira, estimados em 360 bilhões de euros, um terço do total da zona do euro.

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