Moedas de Euro sobre o mapa de Madri, na Espanha: a situação crítica do Bankia, que surgiu da fusão de sete caixas econômicas, evidenciou a fragilidade do sistema bancário espanhol. (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2013 às 14h18.
Madri - O banco espanhol Bankia voltou a chamar a atenção, nesta sexta-feira, ao sofrer uma nova investigação sobre o rendimento de seus acionistas.
Os presidentes dos três principais bancos espanhóis (Santander, BBVA e CaixaBank) foram recebidos de gritos de "ladrões" e "delinquentes", vindos de pequenos acionistas que estavam enfurecidos com a perda de boa parte de seus rendimentos. O fato ocorreu na Corte Nacional, onde os executivos eram aguardados para depor sobre a investigação, que se juntou ao processo de suposto desfalque.
Na investigação em curso, Emilio Botín (presidente do Santander), Francisco González (BBVA), e Isidro Fainé (CaixaBank) tiveram que explicar o conteúdo das reuniões que tiveram entre maio de 2012 com o ministro da Economia, Luis de Guindos, e o presidente do Bankia, Rodrigo Rato, logo antes da renúncia deste último.
De acordo com uma fonte judicial presente no interrogatório, os três banqueiros asseguraram que as reuniões tiveram como objetivo analisar a situação do Bankia, submetido, na época, a grande pressão e a ponto de falir.
A raiva dos investidores se justifica pelo colapso do valor de seus títulos, depois da entrada do Bankia na bolsa de valores em 2011. Em apenas uma sessão, as ações da instituição financeira afundaram 51,43%, chegando a 0,68 euro.
A queda chamou a atenção da autoridade responsável pelas movimentações na bolsa de valores espanhola, a CNMV, que anunciou a abertura de uma investigação, que se juntou à outra, sobre as condições de entrada do Bankia na bolsa, em julho de 2011. Trinta e três representantes do banco são acusados pelos crimes de fraude, apropriação indevida e irregularidades contábeis.
O jornal espanhol El Mundo explicou que os grandes bancos venderam ontem um grande número de ações a descoberto, isto é, especularam com a perda de valor dos títulos na próxima semana, quando haverá uma ampliação do capital do banco.
No entanto, os pequenos acionistas, muitos dos quais pediram a seus agentes bancários que vendessem seus títulos antes da queda do valor, tiveram essa opção negada e não puderam fazer isso até terça-feira.
"Os particulares poderiam ter feito isso, mas desconhecem esse tipo de prática. As instituições estão muito mais informadas sobre todas as possibilidades", disse Soledad Pellón, estrategista da IG Markets. Os analistas da Link Securities, por sua vez, acham que isso "não é legal e deixa os pequenos acionistas em desvantagem".
A queda de quinta-feira aumentará as perdas dos pequenos poupadores, que só vão ganhar a metade do valor prometido, que era de 1,35 euro para cada ação.
A situação crítica do Bankia, que surgiu da fusão de sete caixas econômicas, evidenciou a fragilidade do sistema bancário espanhol, muito exposto ao setor imobiliário, que afundou em 2008. Estas dificuldades obrigaram o governo a nacionalizar a entidade depois da aprovação na zona do euro de um plano de resgate para o setor bancário de 100 bilhões, dos quais 41,3 bilhões já foram usados.