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Banco BS2 adia planos de fazer IPO ou de buscar parceiro estratégico

"A expectativa é que as negociações com investidores privados sejam retomadas antes", afirma Juliana Pentagna Guimarães, diretora executiva do banco

Juliana Pentagna Guimarães, BS2: é razoável pensar que o país vai passar por um desaquecimento, seguido por um aumento do desemprego e da inadimplência (BS2/Divulgação)

Juliana Pentagna Guimarães, BS2: é razoável pensar que o país vai passar por um desaquecimento, seguido por um aumento do desemprego e da inadimplência (BS2/Divulgação)

NF

Natália Flach

Publicado em 17 de abril de 2020 às 16h39.

Última atualização em 17 de abril de 2020 às 17h07.

Os planos do banco mineiro BS2 de fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) ou buscar um parceiro estratégico estão em compasso de espera, desde que a crise econômica fechou as janelas de oportunidades no mercado de capitais. "A expectativa é que as negociações com investidores privados sejam retomadas antes", afirma Juliana Pentagna Guimarães, diretora executiva do banco, em entrevista exclusiva à EXAME.

Fundado em 1992 como Banco Bonsucesso, o BS2 passou por uma transformação profunda no modelo de negócios nos últimos quatro anos até se tornar uma instituição digital com mais de 500.000 contas abertas. No ano passado, obteve lucro 8,38 milhões de reais ante 35,56 milhões de reais em 2018. "Fizemos investimentos importantes com o lucro da organização e com consistentes aportes dos acionistas. Ao todo, foram três ou quatro tranches para alcançar os 504 milhões de reais de patrimônio que o banco tem hoje", comenta.

Portanto, 2020 era o ano de acelerar os investimentos para concorrer com instituições mais capitalizadas. Daí o interesse em abrir capital ou fazer uma parceria estratégica. "Mais capitalizados teríamos mais condições de competir, mas o mercado público está completamente fechado no momento. Também não sabemos se a forma de fazer negócios e os preços vão mudar daqui para frente. Precisamos de tempo para entender todas essas implicações", acrescenta.

Mesmo que ainda seja cedo para projetar os efeitos da pandemia do novo coronavírus tanto para o banco quanto para a economia, Pentagna Guimarães diz que é razoável pensar que o país vai passar por um desaquecimento, seguido por um aumento do desemprego e da inadimplência. "Com isso, é natural que os bancos fiquem mais conservadores na concessão de crédito ou pratiquem spreads maiores", acrescenta.

Atualmente, o BS2 trabalha com dois tipos de crédito para empresas por meio da plataforma empresas.bs2.com. Um deles é antecipação de recebíveis de adquirência que corresponde a 70% da carteira de crédito do banco. No fim do ano passado, essa carteira alcançou pouco mais de 1,4 bilhão de reais, e gerou uma receita de 73 milhões de reais. "Essa linha vinha em crescimento acelerado, mas é possível que tenha uma pequena retração, porque, mesmo que o e-commerce ganhe espaço, não deve ser capaz de compensar as vendas físicas", diz.

Desde setembro, também disponibiliza crédito para empresas que tenham conta no banco e outros produtos e serviços contratados, como adquirência e emissão de boletos. Os empréstimos variam de acordo com o fluxo de dinheiro. "Talvez aqui [nessa linha] precise de certo conservadorismo nos limites. De qualquer forma, estamos respaldados, pois não temos grandes exposições."

Há ainda outra linha de financiamento para empresas que está em operação desde os tempos de Bonsucesso, mas que não está disponível na plataforma. Trata-se de antecipação de recebíveis já performados de obras de infraestrutura, como saneamento. Essa carteira tem cerca de 350 milhões de reais.

Para pessoas físicas, a prioridade da concessão de crédito é para quem faz a portabilidade do salário para o BS2 e para os investidores da corretora de valores. "Isso nos ajuda a calibrar os limites", comenta. Está nos planos do banco passar a oferecer crédito pessoal - que estava previsto para ser lançado no primeiro trimestre, mas acabou adiado.

Tecnologia

Pentagna Guimarães diz que uma tendência que veio para ficar é a importância da tecnologia. Graças aos desenvolvimentos tecnológicos, o banco tem dado sequência ao cronograma de contratações mesmo que a distância. "Estamos buscando dentro desse novo cenário formas de pensar o nosso negócio e vislumbrar melhorias."

Nesse sentido, o projeto de fazer a admissão virtual foi acelerado. Chamada de onbording digital, a ferramenta já foi usada para realizar 39 contratações desde o dia 1o de abril. O banco ainda tem 46 vagas remanescentes, e a expectativa é que até meados de maio metade delas sejam efetivadas.

"A próxima etapa será fazer com que a seleção também seja virtual com ajuda de inteligência artificial. Aí será possível fazer interações em três idiomas."

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