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Banco alemão questiona balanço da Petrobras

Deutsche Bank: dúvidas sobre a capacidade da Petrobras de usar exportações futuras, no valor de US$ 21 bilhões, para diminuir os efeitos do câmbio


	Deutsche Bank: dúvidas sobre a capacidade da Petrobras de usar exportações futuras, no valor de US$ 21 bilhões, para diminuir os efeitos do câmbio
 (Luke MacGregor/Reuters)

Deutsche Bank: dúvidas sobre a capacidade da Petrobras de usar exportações futuras, no valor de US$ 21 bilhões, para diminuir os efeitos do câmbio (Luke MacGregor/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 13h06.

Rio e São Paulo - O Deutsche Bank distribuiu relatório aos clientes, na última segunda-feira, 7, lançando dúvidas sobre a capacidade da Petrobras de usar exportações futuras, no valor de US$ 21 bilhões, para diminuir os efeitos do câmbio sobre o seu resultado financeiro.

Esse recurso, chamado hedge cambial, vinha sendo usado para diminuir o efeito da alta do dólar nas contas da estatal.

Hoje, a empresa contabiliza essa projeção de a receita em dólar com o que espera vender de petróleo e combustíveis no mercado internacional para amenizar os efeitos da valorização do dólar sobre o real em seu balanço.

Mas, segundo o banco, com a retração do preço e da produção interna de petróleo, as exportações devem cair e a Petrobras já não vai mais poder contar com esse dinheiro para melhorar o perfil do seu caixa. Como consequência, prevê o Deutsche, pode chegar a registrar prejuízo já em 2015 e não pagar dividendos aos acionista.

A tese é que a Petrobras conta, em seu balanço financeiro, com uma projeção de receita futura com exportações de US$ 58 bilhões, que deve utilizar como compensação contábil às perdas registradas com a desvalorização do real. A empresa possui alto endividamento em moeda americana e quanto mais dólar tiver em caixa fica menos exposta ao câmbio. Mas, segundo o relatório do Deutsche, esse sistema de contabilidade já não é factível.

"Acreditamos que os recentes acontecimentos (retração dos preços e da produção de petróleo e de combustíveis) pode exigir da Petrobras reavaliar o tamanho da contabilidade de hedge com exportações futuras", informou o banco, em relatório do analista Alexander Burgansky.

Esse tipo de contabilidade foi adotado pela Petrobras a partir de julho de 2013. Na época, diz o banco, não chegava a ter impacto relevante no resultado financeiro e nas ações. Era apenas um mecanismo usado para reduzir a volatilidade cambial nos balanços.

"Mas, com o declínio do preço do petróleo e dos resultados financeiros da Petrobras, cresceu significativamente a exposição da empresa por causa da utilização desse tipo de contabilidade", diz o texto.

Em nota, a Petrobras informou que "apesar da queda das cotações do petróleo, a companhia trabalha com margem de segurança confortável para a manutenção da sua contabilidade de hedge, conforme as práticas contábeis vigentes".

Pelas contas do Deutsche, dos US$ 58 bilhões previstos de contabilidade de hedge, US$ 21 bilhões já não são reais, por causa da mudança de cenário na indústria.

O esperado, segundo o relatório, é que os números sejam revistos no balanço de 2015 ou de 2016. O foco de questionamento é como a Petrobras vai registrar o novo cenário.

Dependendo da decisão, a empresa poderá ter prejuízo no curto prazo ou parcelar as perdas até 2025.

Caso reconheça que não pode mais contar com US$ 21 bilhões de receita como ferramenta de proteção cambial no balanço de 2015, deve registrar prejuízo e deixará de pagar dividendos, segundo o Deutsche.

Mas, se optar por manter a contabilidade relativa ao hedge, vai ser obrigada a reclassificar as perdas cambiais e atrasar o pagamento de dividendos por ações ordinárias até 2018.

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