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Azul e Latam encerram acordo que permite compartilhar voos

Com 45% do mercado, aérea comandada por John Rodgerson estuda aquisição. Jerome Cadier diz que empresa vai contratar 750

Latam:  (Germano Lüders/Exame)

Latam: (Germano Lüders/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 25 de maio de 2021 às 07h35.

Última atualização em 27 de maio de 2021 às 09h09.

A parceria firmada entre Azul e Latam em junho do ano passado para racionalizar a malha durante a crise chegou ao fim. As duas empresas anunciaram nesta segunda-feira o fim do acordo de compartilhamento de voos, conhecido no mercado com o jargão de
codeshare. O acordo será efetivamente encerrado em 90 dias, a partir de 22 de agosto.

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O presidente da Latam, Jerome Cadier, aposta em uma retomada do setor, planeja retirar 7 aviões do chão e contratar 750 profissionais até o fim do ano. E a Azul, que assumiu a liderança do mercado durante a pandemia, com fatia de 45,1% em abril, afirma que a consolidação é uma tendência no segmento pós-crise, uma indicação de que está disposta a comprar uma empresa rival.

A companhia aérea que nasceu usando aviões da Embraer afirma estar em posição forte para iniciar um movimento de consolidação e que já contratou consultores para avaliar o mercado.

“O codeshare com a Latam foi uma solução única em nossa resposta à pandemia. Também percebemos que a consolidação da indústria seria importante para a recuperação pós-pandemia, e a Azul é parte fundamental em iniciativas desse tipo. No primeiro trimestre desse ano, contratamos consultores financeiros e estamos estudando ativamente oportunidades de consolidação. Acreditamos que o encerramento do
codeshare pela Latam seja uma reação ao processo de consolidação”, afirmou em nota John Rodgerson, CEO da Azul.

O texto afirma ainda que a empresa está saindo da crise em posição de liderança em termos de liquidez, recuperação de malha e vantagens competitivas.

A iniciativa de encerrar o acordo partiu da Latam, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos. Cadier, CEO da Latam Brasil, refuta a hipótese de união entre as duas empresas, que foi aventada desde que elas anunciaram o acordo de compartilhamento de voos.

— [A especulação] não tinha fundamento na época. E agora fica claro que era uma solução para a pandemia. Na medida em que a gente vê uma perspectiva de que a pandemia vai terminar, vale voltar ao que era antes — disse Cadier, em entrevista à coluna Capital.

Segundo o executivo, a justificativa para encerrar a parceria é que ela não se faz mais necessária por representar apenas 2% das vendas totais.

— Na medida em que a gente aumenta a oferta, essa participação tende a ficar ainda menor. Não fazia mais sentido — afirmou ele.

O plano da Latam prevê a recontratação de pelo menos 750 tripulantes até o fim do ano, sendo que a maior parte já deve acontecer nas próximas semanas. A empresa também deve colocar para voar mais sete aviões Airbus A320, que estão hoje parados e que se somarão aos cem aviões em operação.

Com uma operação mais dependente do mercado internacional, a Latam foi a mais afetada na pandemia. Em razão disso, foi a mais radical em termos de corte de oferta e até aqui vinha sendo mais conservadora na retomada de voos.

A empresa foi a única a demitir tripulantes — 2,7 mil pessoas no total — e saiu de uma posição de liderança no mercado para a lanterna. Mas já em abril, que foi o pior mês de 2021, conseguiu voltar ao segundo lugar, com 28,5% do mercado, contra 26% da Gol e 45,1% da Azul.

Cadier diz que no momento observa mais a retomada de voos do que a participação de mercado. A Latam operou 190 voos em abril. Em maio, já houve alguma recuperação, para 250. E a perspectiva é chegar em julho com 400 voos e ampliar gradualmente até atingir, em dezembro, 90% do nível pré-pandemia, que era em torno de 750 voos.

Voo para Cancun

Seja qual for a configuração do mercado no pós-pandemia, alguns aspectos são dados como certos por Cadier. Ele afirma que a Latam no futuro será menos dependente do viajante de negócios, com mais ênfase em destinos turísticos e preço mais direcionado ao viajante de lazer. Congonhas, tradicional cenário dos executivos da ponte aérea, deve ver mais mochilas e menos passageiros engravatados.

— Vai ser mais turismo e menos corporativo. Estamos planejando mais voos para o Nordeste a partir de Congonhas, com bases novas e aumento de frequência para destinos que já operamos. A demanda da ponte aérea Rio-São Paulo deve reduzir, mas parte será compensada pelo turismo. Brasília não volta ao que era antes — disse Cadier.

No mercado internacional, os poucos voos retomados estão bem vazios na cabine de passageiros, mas sendo custeados pelo porão, com a demanda de carga, conta Cardier, que enxerga sinais de retomada no internacional. A partir de junho, a empresa estreia o primeiro voo desde o início da pandemia com foco no passageiro: para Cancún (México).

Segundo ele, o cenário deve ser de recuperação, a menos que ocorra uma terceira onda.

— A gente acredita que a chance de uma terceira onda é muito pequena — diz Cadier.

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