Negócios

Azeite carbono negativo: marca gaúcha é a primeira a conquistar certificação

De Cachoeira do Sul, Lagar H remove e armazena mais carbono ao longo do tempo do que emite de gases de efeito estufa

O premiado azeite Lagar H (Carlos Ferrari/Divulgação)

O premiado azeite Lagar H (Carlos Ferrari/Divulgação)

EXAME Solutions
EXAME Solutions

EXAME Solutions

Publicado em 22 de setembro de 2023 às 08h00.

Última atualização em 17 de outubro de 2023 às 13h03.

Azeites extravirgens de altíssima qualidade e com um sabor de ESG. Não é exagero definir assim os produtos da Lagar H, marca sediada em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul. Prova disso é o fato de ela ter sido a primeira do mundo a demonstrar, recentemente, o status de carbono negativo.

Significa que a companhia gaúcha, de propriedade da família Haas, não ombreia mais nem com as chamadas empresas carbono zero, nem com as que atingiram a neutralidade de carbono — foi além. Estas últimas são aquelas que fazem compensações por meio da compra de créditos de carbono, enquanto as “zero” conseguem equilibrar o volume de emissões de poluentes com o de remoções.

Já as que são classificadas como carbono negativo, como a Lagar H, emitem menos gases associados ao efeito estufa (GEE) do que removem e armazenam ao longo do tempo. E isso vale tanto para o processo de cultivo de azeitonas, quanto para a produção e a distribuição dos azeites da marca, que acumula mais de 70 premiações nacionais e internacionais.

“A economia de baixo carbono é algo imprescindível e urgente, e a conquista dessa certificação inédita mostra que estamos no caminho certo”, diz a azeitóloga Glenda Haas, uma das donas da marca. “Produzimos um dos melhores azeites do mundo, reconhecido por tantos prêmios internacionais, mas faz parte da nossa missão causar o menor impacto ambiental possível, pois esse é o legado que desejamos deixar na terra”.

De acordo com a FAU Agricultura e Meio Ambiente, a marca de azeites emitiu, no ano passado, um volume 80% menor de poluentes em relação a 2021. O salto se deve, principalmente, à adoção de práticas regenerativas de agricultura em prol dos olivais, que, como se sabe, removem carbono da atmosfera.

Constatou-se que, no campo, a remoção de carbono pela Lagar H é 1.266% superior às emissões relacionadas ao processo produtivo em conjunto. Com esse dado em mãos, a marca foi atrás da certificadora SGS, que comprovou a conquista — inédita para o segmento de azeites de oliva.

Não é de hoje que a família Haas adota práticas sustentáveis. Com o apoio da RosVale Assessoria Empresarial, estruturou sua estratégia de ESG. Signatária do Pacto Global da ONU, a produtora de azeites vem cumprindo com 94% dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os famosos ODS.

Desde o início do projeto, em 2014, quando foram plantadas as primeiras oliveiras, as preocupações socioambientais já estavam claras. Os Haas dizem estar interessados em buscar formas de construir um legado positivo para as próximas gerações e daí o empenho em implementar práticas em prol do meio-ambiente.

Determinada a se tornar uma empresa B, a marca também instalou painéis solares no início deste ano. As placas fotovoltaicas abastecem com energia limpa todo o maquinário da produção e também a estrutura administrativa. O mapeamento da propriedade fez toda a diferença. Possibilitou melhorias no planejamento das operações nos pomares — envolve tanto a adubação como podas — e facilitou a rastreabilidade.

Comprometida em dar a destinação correta aos resíduos, a empresa direciona a pasta da azeitona, que resulta do processo produtivo, para ser usada como ração ou adubo — o material também costuma terminar em valas de compostagem de acordo com as normas da FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler).

Com capacidade de 1000 litros por hora, a estação de tratamento de água permite a recuperação diária de todo o volume utilizado no processo produtivo. E ainda há tratamento adequado de efluentes — tudo para proteger o lençol freático de contaminações e dar correto destino aos dejetos — e cisterna para captação de água da chuva. O volume coletado é usado na limpeza do prédio e na jardinagem.

Faltou falar que a Lagar H foi uma das primeiras empresas no país a conquistar a Certificação de Produção Integrada (PI), concedida pelo  Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O selo garante ao consumidor que o alimento é seguro, tem origem conhecida e é produzido em conformidade com as Boas Práticas Agrícolas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável de alimentos.

Acompanhe tudo sobre:NetZeroGastronomiaAlimentando o Planeta

Mais de Negócios

Tupperware entra em falência e credores disputam ativos da marca icônica

Num dos maiores cheques do ano, marketplace de atacados capta R$ 300 milhões rumo a 500 cidades

Tupperware inicia processo de recuperação judicial

Preços do Ozempic devem cair nos EUA com negociação entre Novo Nordisk e governo