Andrea Jung, da Avon: suspeita de corrupção deixaram mau cheiro no ar (Getty Images/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2011 às 15h50.
São Paulo – A Avon confirmou, nesta quinta-feira, que é alvo de duas investigações da SEC, o equivalente americano à CVM brasileira. Na primeira, suspeita-se de que a gigante de cosméticos tenha passado informações privilegiadas a corretores. Na outra, a dúvida é se a empresa corrompeu autoridades na China.
De acordo com a imprensa internacional, as informações foram divulgadas na teleconferência de resultados da companhia, hoje. A notícia pegou o mercado de surpresa e fez as ações da Avon despencarem.
A Avon é suspeita de manter contatos irregulares com corretoras de valores, analistas e líderes do mercado financeiro entre 2010 e 2011. A SEC apura, agora, se os contatos violaram a chamada Regulation FD, uma lei americana de 2000 que determina que o mercado deve receber as mesmas informações, sem favoritismo. Na prática, a lei tenta impedir casos de informação privilegiada.
Camaradas
No outro processo, a Avon é suspeita de violar outra lei americana, a Foreign Corrupt Practices Act, que proíbe empresas com papéis listados em bolsas americanas de praticar atos de corrupção. Neste caso, o alvo é supostos subornos pagos a autoridades chinesas.
A Avon, na verdade, já investiga essa suspeita, internamente, desde 2008 – inclusive em colaboração com a SEC. O problema é que a exposição pública do caso, pelas autoridades americanas, agora é uma mancha na sua reputação.
O péssimo dia de Andrea Jung, CEO da Avon, contou ainda com uma ajuda do Brasil. Na teleconferência em que divulgou as suspeitas de deslizes éticos, Andrea também apresentou números trimestrais preocupantes.
O lucro do terceiro trimestre recuou para 164,2 milhões de dólares, ante 166,7 milhões no mesmo período do ano passado. Andrea culpou o fraco desempenho das vendas no Brasil pelos resultados.
Os analistas, no entanto, assinalam que não é a primeira vez em que a Avon derrapa no país. Na prática, dizem, desde que a executiva assumiu o comando, em 1999 (em 2001, tornou-se também presidente do conselho de administração), a empresa vem patinando nos países emergentes – sobretudo no Brasil e na Rússia.