Airbus: relatório concluiu que o Estado foi enganado em sua decisão de compra (.)
EFE
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 11h16.
Viena - O governo da Áustria cifrou nesta quinta-feira em 1,1 bilhão de euros as perdas sofridas pelo país na compra de caças Eurofighter em 2003 do consórcio europeu Airbus, contra quem apresentou um denúncia por fraude e reivindica pelo menos 183,4 milhões de euros em indenizações.
O ministro da Defesa da Áustria, Hans Peter Doskozil, assegurou hoje em entrevista coletiva que dispõe de "provas claras" que a EADS, rebatizada depois como Airbus, enganou o Estado austríaco na operação.
Doskozil se referiu a perdas de 1,1 bilhão de euros, entre as quais se incluem os 183,4 milhões de euros de sobrepreço que a Áustria considera que foram incluídos indevidamente em conceito de compensação e comissões, entre as quais haveria também transações ilegais.
A Áustria reivindica a devolução, pelo menos, desses 183,4 milhões, pouco menos de 10% dos 1,96 bilhão de euros que o governo austríaco concordou em pagar em 2003 pela compra de 18 aviões Eurofighter.
Um relatório realizado por uma comissão de investigação criada em 2012 pelo Ministério da Defesa austríaco concluiu que o Estado foi enganado em sua decisão de compra.
Além do preço, o governo austríaco alega que houve engano no equipamento e na configuração dos caças que a Airbus se comprometeu a oferecer e que a empresa não estava disposta, nem pretendia, fornecer.
A Áustria sustenta que, sem esse engano, teria decidido por outra oferta para renovar sua então obsoleta força aérea.
"Sem esse engano sobre esses fatos essenciais, a República da Áustria não teria decidido pela compra dos caças Eurofighter, mas pela aquisição do caça JAS 39 Gripen da SAAB (Suécia) e teria economizado assim valores consideráveis", resume o relatório.
A Airbus não quis fazer comentários sobre o caso argumentando que acaba de receber a informação sobre a denúncia austríaca e não conhece seus detalhes.
O ministro da Defesa Hans Peter Doskozil falou hoje em entrevista coletiva sobre a possibilidade de a Áustria, inclusive, prescindir das aeronaves e anunciou que criou uma comissão que terá que avaliar todas as possibilidades nos próximos meses.