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Austrália bane Huawei de projeto de rede móvel e irrita Pequim

A medida, após recomendação de agências de segurança, sinaliza um endurecimento da postura da Austrália em relação ao seu maior parceiro comercial

Austrália proibiu a empresa chinesa de telecomunicações Huawei de fornecer equipamentos para uma rede móvel 5G (Tyrone Siu/Reuters)

Austrália proibiu a empresa chinesa de telecomunicações Huawei de fornecer equipamentos para uma rede móvel 5G (Tyrone Siu/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 11h17.

Sidney - A Austrália proibiu a empresa chinesa de telecomunicações Huawei Technologies de fornecer equipamentos para uma rede móvel 5G, citando riscos de interferência estrangeira e de invasão virtual, o que Pequim rejeitou como uma "desculpa" para virar o jogo contra uma empresa chinesa.

A medida, após recomendação de agências de segurança, sinaliza um endurecimento da postura da Austrália em relação ao seu maior parceiro comercial, conforme as relações azedaram diante das alegações de Canberra de intromissão chinesa na política australiana.

A postura também deixa a Austrália alinhada com os Estados Unidos, que restringiram a atuação da Huawei e da também chinesa ZTE em seu lucrativo mercado por razões similares.

O governo australiano disse em uma comunicado por email na quinta-feira que a segurança nacional tipicamente aplicada a operadoras de telecomunicações seria agora ampliada a fornecedores de equipamentos.

Empresas "que são propensas a serem sujeitas a direcionamento extrajudicial de um governo estrangeiro" deixariam a rede do país vulnerável ao acesso não autorizado ou interferência e apresentariam um risco para a segurança, disse o comunicado.

O documento não identificou a empresa chinesa, mas uma autoridade do governo disse que a ordem tinha como alvo a Huawei e impediu seu envolvimento na rede.

O braço australiano da Huawei, que nega fortemente ser controlado por Pequim, disse no Twitter na quinta-feira que o banimento é um "resultado extremamente decepcionante para consumidores".

Em Pequim, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores Lu Kang disse que a China expressou "séria preocupação", acrescentando que a Austrália não deveria "usar várias desculpas para artificialmente colocar barreiras e conduzir práticas discriminatórias".

"Nós pedimos que o governo australiano abandone preconceitos ideológicos e forneça um ambiente justo e competitivo para as operações de empresas chinesas na Austrália", disse Lu em um briefing diário.

A lei chinesa demanda que organizações e cidadãos apoiem, ajudem e cooperem com serviço de inteligência, o que analistas dizem que pode tornar o equipamento da Huawei um condutor para espionagem.

"É isso que você consegue quando você tem a estratégia alinhada de uma empresa com o governo chinês", disse John Watters, vice-presidente-executivo e presidente de estratégia corporativa da empresa de segurança cibernética FireEye.

"(Austrália) basicamente tomou a decisão de gastar mais dinheiro para ter mais controle sobre seu sistema nacional de comunicação, porque eles estão competindo com um concorrente que sacrificará a margem de curto prazo por uma vantagem de inteligência de longo prazo", disse ele.

Anteriormente, a Austrália havia banido a Huawei, maior fabricante mundial de equipamentos para rede de telecomunicações, de fornecer equipamento para sua rede de fibra óptica e avançou para impedir a empresa de colocar cabos submarinos no Pacífico.

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