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Mizuno começa produção local e mais barata de chuteira icônica Morelia para crescer no futebol

A marca está lançando duas linhas da famosa chuteira Morelia, com preços a partir de R$ 349

Rogerio Barenco, da Mizuno: nós percebemos que há uma demanda reprimida e estamos correndo para aumentar a capacidade em 50% (Mizuno/Divulgação)

Rogerio Barenco, da Mizuno: nós percebemos que há uma demanda reprimida e estamos correndo para aumentar a capacidade em 50% (Mizuno/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 26 de agosto de 2023 às 08h01.

Última atualização em 28 de agosto de 2023 às 10h21.

Quando o colombiano James Rodríguez foi anunciado no São Paulo, Rogerio Barenco, diretor-geral da Mizuno no país, começou a receber mensagens. O atleta estava usando a chuteira Morelia, um produto que simboliza a história da marca japonesa de materiais esportivos no universo do futebol.    

Contam os executivos da empresa em conversas de vendas e entrevistas que a chuteira é a preferida dos atletas quando não tem patrocinadores. Vez por outra, boleiros como Rodríguez aparecem vestindo o calçado e reforçam a história. 

O momento de exposição midiática não poderia ser mais propício para a marca. Com o bom momento da Mizuno no país, acumulando recordes em faturamento com os números impulsionados pela venda de tênis de corrida, a empresa está reestruturando a produção local da Morelia. O movimento é um primeiro passo para posicionar o futebol em um novo patamar dentro da estratégia da companhia e da Vulcabras, a nova casa da operação brasileira da marca desde 2020.

Qual o posicionamento da empresa para o relançamento da Morelia com produção local

Desde que a Mizuno saiu do portfólio da Alpargatas e entrou para a Vulcabras, a produção local da Morelia foi para o banco de reservas. O item mexia pouco nos números do negócio, e a opção foi por comercializar as apenas chuteiras importadas, fabricadas no Japão e com perfil mais premium. 

Para o relançamento, a Vulcabras investiu na construção de um galpão exclusivo na sua fábrica na cidade de Itapetinga, no centro-sul baiano, para a produção local dos produtos. Comprou novos equipamentos, renovou antigos e preparou tudo para agradar aos rigorosos padrões japoneses. A empresa não abriu os valores investidos.

Na escalação, duas linhas de chuteiras:

  • Morelia Classic e Morelia Club, com preços a partir de R$ 349,00
  • Cinco opções, entre futsal, society e campo
  • Os produtos estão em uma classe intermediária de preços, distante dos três dígitos da versão conhecida como top de linha.
  • A de Rodríguez, por exemplo, fica em torno de 1.500 reais

Morelia Club, uma das linhas produzidas na fábrica da Vulcabras na Bahia (Mizuno/Divulgação)

“Nós estamos usando a potência da Vulcabras para viabilizar uma faixa de preço mais baixa e disponibilizar esses produtos para o mercado”, afirma Barenco. O executivo está na Mizuno desde 2011  e, desde a transição da marca para a Vulcabras, lidera a operação no Brasil. 

Segundo ele, o projeto vem sendo trabalhado há quase um ano como um caminho para abrir novas vias de crescimento para a marca e falar com outros perfis de consumidores. No lançamento ao mercado, uma surpresa: as vendas superaram as expectativas. “Nós percebemos que há uma demanda reprimida e estamos correndo para aumentar a capacidade em 50%”, diz.

O cenário, diferente do que experimentaram lá atrás, animou, mas a empresa sabe que a Morelia e a Mizuno têm uma longa preparação a fazer antes de ganhar ritmo e capilaridade no futebol brasileiro. Marcas como Nike, Adidas, Puma e até a americana New Balance estão melhor posicionadas no esporte. 

Quais são as estratégias que a Mizuno pretende usar para ganhar espaço no mercado de futebol

Para conquistar mercado e escala no esporte, a proposta da marca é mesclar estratégias. Uma parte vem do que a Mizuno tem feito internacionalmente, atuando ativamente no futebol japonês, entrando na Europa como patrocinadora do Lazio, da Itália, e de atletas, a exemplo do zagueiro espanhol Sergio Ramos. E por aqui, o Rodríguez assina com a Mizuno? O executivo dá um sorriso e diz: “estamos conversando”. 

De acordo com o último balanço global da companhia, com ano fiscal encerrado em 31 de março, a unidade de futebol cresceu 54,2% entre 2021 e 2022. Do faturamento de 1,6 bilhão de dólares, a divisão respondeu US$ 80,3 milhões e ficou em quarto. As primeiras colocações são ocupadas por baseball, golf e corrida. “Globalmente, cresce a importância do futebol”, diz Barenco. 

Além desse conhecimento, a marca deve usar os aprendizados obtidos no mundo da corrida, o seu principal mercado no Brasil. A Mizuno investe bastante em influenciadores e criadores de conteúdo que orbitam a comunidade no esporte e deve repetir a aposta agora.

“No médio e longo prazo, cada vez mais o futebol vai ganhar relevância no nosso negócio. Hoje, ele representa menos de 5%, mas vamos crescer mais rápido”, diz Barenco, flamenguista e "jogador de futebol de Copa", aquele tipo que só aparece de quatro em quatro anos no campo.

Apesar de pouco representativo, o esporte é o segundo mais importante para a marca, atrás das corridas. Para além da chuteira, a Mizuno está estudando como será feita a ampliação do portfólio para outros itens que compõem a persona dos boleiros.

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