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Asiáticos querem aval do governo para ajudar Sete Brasil

Segundo o Valor, bancos chineses e japoneses esperam que o governo brasileiro dê garantias de que a empresa vai sobreviver antes de oferecer dinheiro a ela


	Atlântico Sul: estaleiro é um dos projetos da Sete Brasil
 (Divulgação)

Atlântico Sul: estaleiro é um dos projetos da Sete Brasil (Divulgação)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 15 de maio de 2015 às 16h10.

São Paulo - Bancos e investidores chineses e japoneses interessados em investir e conceder empréstimos à Sete Brasil querem que o governo brasileiro dê garantias de que a empresa irá sobreviver antes de fecharem negócio. A informação é do Valor Econômico.

Uma fonte disse ao jornal que os asiáticos querem conhecer, por exemplo, os projetos de concessão de rodovias, ferrovias e portos que devem ser anunciados em breve.

A ideia é que o governo assinale que é de interesse nacional que a fabricante de sondas profundas e fornecedora da Petrobras continue de pé e não prejudique o projeto de exploração do pré-sal.

Ainda de acordo com o diário, o assunto deve ser tratado durante a visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ao país no próximo dia 18.

Entre os bancos que já sinalizaram que podem ceder recursos à Sete Brasil estariam o China Development Bank (CDB) e o Japan Bank for Internacional Cooperation (JBIC).

Histórico

Afetada pela crise na Petrobras, sua principal parceira, a Sete Brasil busca sócios e projetos alternativos na Ásia para se reerguer.

Com os desdobramentos da Operação Lava Jato, a estatal revisou seu plano de investimentos e o número de sondas que ela havia encomendado à fornecedora deve cair em pelo menos uma dezena.

A construção dos aparelhos, necessários para a exploração de petróleo e que seriam alugados pela Petrobras, a princípio seria financiada diretamente pelo BNDES.

Mas, por conta da menção à Sete Brasil na Operação Lava Jato, o banco decidiu não assumir mais os riscos dos empréstimos.

Esse foi o início dos problemas da companhia, que havia tomado cerca de 12 bilhões de reais emprestados a seis bancos (Itaú BBA, Santander, Bradesco, Caixa, BB e Standard Chartered) para iniciar a fabricação das sondas. Ela contava com recursos prometidos pelo BNDES para honrar os contratos, mas não conseguiu.

A dívida já venceu, mas a empresa não teve condições de pagá-la. Por isso, o acordo foi prorrogado em mais três meses, com vencimento em julho.

O grupo de credores também concordou em alongar os empréstimos por 15 a 20 anos e o Banco do Brasil e a Caixa se comprometeram a liberar outros 2,5 bilhões de dólares em crédito pelo mesmo prazo.

Segundo o Valor, essas medidas devem ser suficientes para que a Sete Brasil consiga financiar as sete primeiras sondas em construção, já quase prontas.

Mas a empresa depende de aumento de capital para conseguir cobrir o endividamento que cresceu e fabricar o restante dos equipamentos. É aí que entrariam os bancos asiáticos.

Crise generalizada

A situação financeira da Sete Brasil pode se complicar ainda mais. Na semana passada, a Justiça Federal concedeu uma liminar que determina a suspensão do contrato com a Petrobras para fornecer as sondas de petróleo.

A decisão também interrompe a liberação de qualquer financiamento, crédito ou investimento do BNDES à companhia, mesmo que seja de forma indireta. Os réus têm 20 dias para apresentar defesa.

Por conta de todas as dificuldades, os bancos e fundos de pensão sócios da Sete Brasil vão ter de registrar perdas de cerca de 2,5 bilhões de reais com a companhia.

O valor representaria uma desvalorização de 30% nas contas do fundo Sondas, instrumento usado pelos acionistas para controlar a empresa.

A companhia não é a única a enfrentar desafios por conta do esquema de corrupção na Petrobras, exposto na Operação Lava JatoAproximadamente 51.000 empresas correm risco financeiro, segundo o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. 

Tratam-se de fornecedoras, investidores e prestadores de serviços das 23 empresas investigadas e seriam responsáveis por 500.000 empregos.

Desde dezembro do ano passado, estaleiros já demitiram 10 mil pessoas devido à crise

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