Eduardo Abichequer, CEO da Yuool: o nosso objetivo é acelerar e escalar porque estamos num momento em que fazemos bastante dinheiro (Yuool/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 14h29.
Última atualização em 11 de setembro de 2024 às 22h36.
Quem caminha pela Faria Lima sabe que o beach venceu, mas também a camisa azul claro, os coletinhos, os jargões em inglês e, outrora, os patinetes. Em meio a ondas que vêm e vão, a marca de Yuool também entrou para compor o visual de quem transita pelo ‘condado’.
No apelo, a sustentabilidade e conforto de um produto feito com lã Merino, considerada a mais nobre das lãs pela maciez e suavidade. Produzido com lã de ovelhas criadas na América do Sul, o tênis era fabricado na Itália.
Modelos personalizados foram criados para instituições como o Banco Inter, Nubank, XP e Canaccord, banco de investimentos canadense, deram o impulso inicial para a entrada no centro financeiro mais conhecido do país.
Fora do condado, a marca gaúcha caminha nos pés de turistas, blogueiros e procura conversar cada vez mais com o universo descolado do entretenimento. A aposta é fazer barulho em collabs, parcerias com marcas e artistas para desenvolver produtos.
A collab para modelos construídos com o Eduardo Kobra deu início à unidade de negócios, encarada como uma das principais avenidas para o crescimento da marca e responsável por 20% das vendas. Os quatro mil pares com o grafiteiro esgotaram em poucos meses. Com a Disney, em comemoração aos 100 anos, 10 mil pares foram lançados, usando frases famosas da casa de entretenimento. A mais recente é com o Rock in Rio, em celebração aos 40 anos da primeira edição.
“As collabs são uma das grandes estratégias de crescimento, de aumento de base, de faturamento”, afirma Eduardo Abichequer, co-fundador e CEO Yuool. Neste ano, a previsão da empresa é de crescer mais de 30% e faturar acima dos R$ 30 milhões.
Lançada nos últimos dias de 2017, a Yuool nasceu após Abichequer e os sócios Pedro Englert, Mateus Schaumloffel, Marcelo Maisonnave e Eduardo Glitz receberem um sonoro ‘não’. “Um amigo, que viraria sócio, que apresentou uma marca de tênis de lã Merino da Europa e nós tentamos trazê-la para o Brasil. Eles disseram que não daria certo no Brasil”, diz o empreendedor, que cresceu entre a fábrica e a loja de calçados que a família tinha décadas atrás.
Os amigos rodaram o mundo atrás de um fornecedor, até encontrarem Stefano Aglietta, na Itália, que entrou sócio-minoritário no negócio. Por anos, a Yuool foi a marca de um produto só, vendido nos canais proprietários da marca, como site e lojas próprias em São Paulo e Rio Grande do Sul.
A pandemia e alta do euro levaram os sócios a rever o negócio. “A nossa margem virou quase inexistente. Nós aumentamos em 100 reais o preço do produto e, mesmo assim, não conseguimos recuperar a margem de antes”, diz Abichequer.
Pouco a pouco, os tênis de lã Merino foram perdendo espaço para o U-fit, feito de algodão orgânico, garrafa pet reciclada e solado de grafeno, desenvolvido com a universidade de Caxias do Sul. Carro-chefe da marca, o modelo responde por 65% das vendas - o de lã fica com 17%. Os valores dos tênis partem de R$ 500,00.
No mercado desde o final de 2021, o produto contribuiu para rebalancear as contas da Yuool, acrônimo para ‘Young Urban Wool’. No ano passado, a margem bruta saiu de um patamar de 31% para 50%.
Com o crescimento nas vendas e necessidade maiores de matéria-prima, a empresa conseguiu renegociar os contratos, reduzindo os custos. Em outra frente, mudou o seu centro de distribuição logística para Extrema, município mineiro com benefícios fiscais atrativos.
“Nós estamos no melhor momento estratégico da empresa, com uma margem parecida com novos concorrentes de fora. E o nosso objetivo é acelerar e escalar porque estamos num momento em que fazemos bastante dinheiro”, afirma.
Na lista de próximos passos, está o aumento da clientela e manter ativa a base construída nos últimos anos. Como uma marca nativa digital e nichada nas classes A e B+, a Yuool aposta nos canais proprietários para comercializar os seus produtos. Conta com um banco dados com 220 mil usuários.
A cada novidade, uma notificação e mensagem como gatilho de comunicação. A recorrência de compra está em torno de 40%. O digital representa 75% das vendas.
O volume restante é originado nas quatro lojas físicas, duas em São Paulo e duas em Porto Alegre. A próxima, prevista para o fim do ano, será no Rio de Janeiro.
Outra base de crescimento é o braço internacional, operacionalizado pelo sócio italiano desde a abertura, em 2019. Com presença digital em oito países da Europa, a Yuool faz cerca de 20% da receita na região.
"Nós também abrimos nos Estados Unidos, mas é bem pequeno ainda e começamos pelo marketplace da Amazon. Mas, na Europa já está num tamanho legal. Nós entramos no território deles, daquela marca que disse que os produtos não funcionariam no Brasil e agora já estamos incomodando”, afirma Abichequer.