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As respostas à tragédia de Brumadinho: 60 mortos, 292 desaparecidos

A Vale anunciou medidas emergenciais após a tragédia de Brumadinho. Para especialistas, pode não ser o suficiente no curto e no longo prazos

Fabio Schvartsman sobrevoa Brumadinho: "Como vou dizer que a gente aprendeu?" (-/Divulgação)

Fabio Schvartsman sobrevoa Brumadinho: "Como vou dizer que a gente aprendeu?" (-/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2019 às 06h16.

Última atualização em 28 de janeiro de 2019 às 12h14.

Um novo dia, uma nova chance para encontrar sobreviventes após o rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, Minas Gerais.

Nesta segunda-feira, 28, o corpo de bombeiros confirmou 60 mortos, dos quais 19 foram identificados, e 292 desaparecidos. Muitos dele nunca serão encontrados, já que estão soterrados, segundo estimativas das equipes de busca, em oito metros de lama.

Em Brumadinho, a repórter de EXAME Mariana Desidério relata a dor da cidade que tem uma relação intensa com a mineradora.

“As pessoas perguntam para seus conhecidos no supermercado quantas pessoas da sua família estão desaparecidas. Há família que perdeu sete pessoas”, diz.

A mina Córrego do Feijão foi construída em 1976, tinha 86 metros de altura e 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos que invadiram empresas, pousadas e casas.

A Vale vem anunciando uma série de medidas emergenciais que, na visão dos moradores de Brumadinho e de analistas e especialistas consultados por EXAME, podem não ser suficientes para resolver os problemas de curto e de longo prazo da empresa e de seus públicos.

“Como vou dizer que a gente aprendeu [com a tragédia de Mariana] se acabou de acontecer um acidente desses [Brumadinho]? O que posso dizer foi o que a gente fez depois do acidente. Viramos todas as barragens do avesso e contratamos as melhores auditorias do mundo para verificar o estado de todas elas. Fizemos tudo o que a gente entende que era possível para garantir a segurança e a estabilidade”, o presidente da empresa, Fabio Schvartsman, afirmou à GloboNews na sexta-feira.

 

“Vamos fazer uma investigação rápida e profunda para descobrir o que aconteceu. E vamos tomar as providências que forem necessárias”, completou.

Ontem, em Brumadinho, Schvartsman disse que a Vale criou um grupo de trabalho que apresentará um plano para elevar o padrão de segurança das barragens da empersa para acima dos mais rigorosos padrões mundiais.

A empresa também criou dois comitês de assessoramento ao conselho de administração para dar respostas sobre o rompimento — para acompanhar a assistência às vítimas e para apurar as responsabilidades.

A remuneração variável de seus executivos foi suspensa. A empresa afirma ter colocado um helicóptero e 40 ambulância nas buscas, e de ter aberto um centro de suporte e uma central telefônica.

Existem outras 402 barragens em Minas Gerais como essas que se romperam, segundo Júlio Grillo, superintendente do Ibama. Uma delas, também em Brumadinho, levou a Vale a emitir alertas às 5h30 de domingo pelo risco de rompimento. A barragem, segundo a empresa está sendo drenada e já “retornou aos parâmetros de segurança”.

Para além das medidas emergenciais e burocráticas, especialistas esperam da empresa uma revisão mais profunda de seu modelo de negócios e de suas políticas ambientais e sociais.

Esperam também uma reação incisiva do governo, com a possível revisão do código florestal, que data de 1967. A tragédia de Mariana, há três anos, não foi suficiente para uma revisão profunda no setor. Os próximos dias, e meses, vão mostrar se Brumadinho ao menos terá servido como um alerta definitivo.

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