Negócios

As lições do Santos para qualquer empresa virar campeã (ou tri...)

Não importa para qual time você torce: o Santos também deu algumas lições de como uma empresa pode golear a concorrência

Neymar: times de futebol são exemplo clássico de como gerir (ou não) as pessoas (Placar)

Neymar: times de futebol são exemplo clássico de como gerir (ou não) as pessoas (Placar)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2012 às 12h54.

São Paulo – Se você não torce para o Santos, provavelmente não deve estar falando muito de futebol nesta segunda-feira. Mas coloque as paixões de lado e encare os fatos: formar uma equipe vencedora e altamente motivada não é trivial. E você pode aprender algo com a turma de Neymar e Ganso.

Basicamente, a diferença do Santos é saber motivar os atletas. Sem brilho nos olhos, nenhuma equipe mantém o alto desempenho por muito tempo. E isto é uma boa aula de gestão de pessoas para as empresas. Veja, a seguir, algumas lições da equipe da Baixa Santista:

São as pessoas, estúpido!

Monte o melhor centro de treinamento que o dinheiro puder comprar; o melhor departamento médico; o melhor estádio... coloque lá um punhado de pernas-de-pau e passe vergonha.

Cada vez mais, as empresas entendem a importância dos ativos intangíveis, uma expressão com ares metafísicos para uma ideia muito simples: é claro que a infraestrutura material conta para o sucesso do negócio – mas quem faz diferença mesmo são as pessoas. Isso vale para um piloto de Fórmula 1, um time de futebol e um grupo de executivos. Preocupe-se em contar com os melhores – ainda que eles sejam melhores do que você.

Não seja arrogante: estagiários existem

O Santos é conhecido como um dos clubes brasileiros que mais investem em suas categorias de base. Nelas, foram revelados alguns dos grandes talentos do futebol em atividade hoje. Sem dúvida, o melhor exemplo, atualmente, é Neymar – o líder da campanha do terceiro tricampeonato paulista do Santos, conquistado neste domingo.


Em algumas empresas, ainda prevalece a cultura de que os iniciantes servem apenas servir café ou montar powerpoints entediantes para as reuniões do chefe. Deixe de lado a arrogância: estagiários, trainees ou recém-formados podem não ter experiência, mas talvez tenham conhecimentos que vão acrescentar algo à equipe. Aposte nos talentos desde o berço. Invista neles. Dê-lhes espaço.

Compartilhe resultados – mesmo

Coloque uma meta alta, deixe a equipe cumpri-la e, como prêmio... coloque uma meta mais alta ainda, enquanto você embolsa o bônus. Parabéns: você vai perder o apoio bem rápido de seus colaboradores.

Equipes altamente motivadas também são movidas a resultados... resultados efetivamente compartilhados. Um exemplo é o do meio-campista Paulo Henrique Ganso – um dos pilares do Santos, ao lado de Neymar. Insatisfeito com o retorno financeiro que tinha na equipe, deflagrou uma briga com a diretoria santista no ano passado, ameaçou mudar-se para a Europa, vendeu seus direitos à DIS, um grupo de investidores que faz oposição ao atual comando do clube... enfim, armou uma barafunda.

É verdade que há muito da personalidade de Ganso nesses episódios, e há coisas que um profissional não deve fazer. Mas o seu caso mostra como é preciso estar atento a quem dá retorno e recompensá-lo. No caso do Santos, a briga parece ter dado lugar a uma negociação mais equilibrada, e o meia já aceita um plano de carreira semelhante ao traçado para Neymar.

Cuide bem de quem veste a camisa

O esforço da diretoria santista em segurar atletas como Ganso e Neymar é o exemplo mais óbvio de gestão que foca na preservação de seus talentos. O atual contrato de Ganso vence em fevereiro de 2015. O meia já admite renová-lo apenas até 2014, com a contrapartida de um plano de carreira mais rentoso.

Já Neymar ficará no time também até 2014. A meta, claro, é levá-lo para a Europa após o Mundial, quando, se espera, ele seja uma das estrelas da Seleção Brasileira e valorize seu passe. A regra é clara: se você tem uma equipe que veste a camisa e goleia o adversário, faça de tudo para não perdê-la. Não é mimo. É apenas uma questão de Justiça. E, no fim, quem ganha é você – o líder da equipe. Ou você acha que a atual diretoria do clube e o técnico Muricy Ramalho não vão entrar para a história do time, ao apoiar essa equipe?

Saiba lidar com ataques de estrelismo

Ok, nem sempre os talentos são bem comportados. Ataques de estrelismo existem – e você precisa lidar bem com eles. Quem não se lembra da briga de Neymar com o então técnico do time, Dorival Júnior, em 2010? O atacante o xingou durante uma partida com o Atlético de Goiás pelo Campeonato Brasileiro, após Dorival proibi-lo de cobrar um pênalti. O resultado foi a suspensão de Neymar por uma partida. Ok, Dorival, por conta própria, o barrou de mais um jogo – contra o Corinthians -, e foi demitido. De qualquer modo, Neymar diz que amadureceu bastante.

Ganso também teve seus dias de eriçar a plumagem. Ao brigar publicamente com a diretoria por um contrato mais vantajoso, ouviu do presidente do Santos, Luiz Alvaro de Oliveira Ribeiro, de que poderia “morrer abraçado” ao DIS, fundo de investimento que detém agora a maior parte de seus direitos. Ou seja: saber colocar os talentos no devido lugar, às vezes, é necessário.

Acompanhe tudo sobre:Celebridadesgestao-de-negociosLiderançaAtletasEsportesNeymarJogadores de futebolFutebolMotivaçãoSantos Futebol ClubeMentores

Mais de Negócios

Como uma multinacional americana sobreviveu 175 anos apostando em uma regra simples de finanças

Parque temático reproduz vila erguida pelos primeiros imigrantes italianos na Serra Gaúcha, em 1875

Plataforma amplia serviços com foco nos empreendedores de pequeno porte, responsáveis por 30% do PIB

Esse gestor desafia conselho de Warren Buffett sobre estratégia de investimentos