Negócios

As empresas tipicamente brasileiras que ganharam controlador de fora

Depois de proclamaram o orgulho de serem daqui - ou venderem produtos tipicamente nacionais - empresas passam o bastão para companhias estrangeiras

Fundada pelo comandante Rolim Amaro em 76, TAM terá um colorido chileno depois da associação com a LAN (Sergio Moraes/Reuters)

Fundada pelo comandante Rolim Amaro em 76, TAM terá um colorido chileno depois da associação com a LAN (Sergio Moraes/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 16h29.

São Paulo - Desde o fim de maio, três empresas que carregavam na essência de seus produtos e serviços o orgulho de serem brasileiras passaram a dividir a bola com parceiros gringos. É o caso de TAM e Pão de Açúcar, que anunciaram mudanças no comando dos negócios nesta sexta, e da fabricante de cachaça Ypióca, vendida no fim de maio.

Veja, a seguir, em quais circunstâncias franceses, chilenos e britânicos marcaram sua entrada nessas companhias, abrindo a carteira para financiar a expansão das três empresas:

Pão de Açúcar passou às mãos do francês Casino

O primeiro aporte dos franceses na rede de varejo de Abilio Diniz ocorreu em 99. Seis anos depois, o Casino injetou mais dinheiro na empresa com a premissa de assumir seu controle nesta sexta-feira. Desde a primeira aposta feita pelo Casino muita coisa mudou: o faturamento da rede pulou de 6,9 para 52,6 bilhões de reais e Abilio tentou se unir ao Carrefour em uma operação desenhada pelo BTG Pactual – e repudiada pelo sócio francês Jean-Charles Naouri.

Apesar da troca de controle não surpreender ninguém - afinal, foi sacramentada em contrato -, a mudança não será imediata: daqui para frente, Abilio terá 60 dias para vender 2% das ações que possui na holding Wilkes, controladora do Grupo Pão de Açúcar. Caso não tome uma posição até 22 de agosto, o empresário brasileiro será obrigado a vender uma ação da Wilkes ao simbólico preço de 1 real, marcando a transição no comando da companhia.

TAM se associou à chilena LAN

Selada em clima de paz e amor, a fusão entre as companhias aéreas TAM e LAN foi concluída nesta sexta-feira. Em comunicado aos funcionários, Maurício e Maria Cláudia Amaro disseram que as empresas teriam nascido uma para a outra. Ambos são filhos do fundador da TAM, o comandante Rolim Amaro.


Com a transação enfim completada, a companhia que sempre reforçou sua origem tupiniquim ganhará um colorido chileno. A empresa que nasce da fusão terá um faturamento anual de mais de 13 bilhões de dólares, entrando na lista das dez maiores empresas aéreas do mundo.

Ao todo, a Latam Airlines terá frota de 296 aviões de passageiros, além de 14 cargueiros. A fusão entre as empresas havia sido anunciada em agosto de 2010. Apesar de unirem suas operações, TAM e LAN manterão marcas independentes.

Ypióca despertou interesse dos britânicos da Diageo

No fim de maio, a fabricante de bebidas Diageo gastou 900 milhões de reais para comprar a marca brasileira de cachaça Ypióca. O anúncio aconteceu pouco tempo depois do Brasil fechar um acordo com os Estados Unidos para que a nacionalíssima cachaça fosse reconhecida como um produto exclusivamente importado do nosso país - em troca, faremos o mesmo com o uísque do Tenesse.

A Diageo, no entanto, não levou todos as plantas da companhia brasileira. A família Telles, responsável pela fundação da Ypióca na metade do século XIX, manteve quatro dos cinco fábricas. Pelo acordo, ela fornecerá cachaça com exclusividade para a Diageo por tempo indeterminado.

Com a aquisição, a Diageo pretende aumentar seu espaço entre os consumidores de classe média que estão buscando marcas premium. No ano passado, a Ypióca movimentou 177 milhões de reais em vendas. Já a receita da Diageo, dona de marcas como Johnnie Walker, Smirnoff, Baileys e Jose Cuervo, chegou a 9,9 bilhões de libras. 

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