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As dificuldades da Lego para fazer brinquedos sem plástico

Fabricante dinamarquesa de brinquedos tem meta de cortar quase todo o uso de plástico em suas peças até 2030

LEGO: empresa lançou no ano passado primeiras peças feitas a partir de bioplástico (Lego/Divulgação)

LEGO: empresa lançou no ano passado primeiras peças feitas a partir de bioplástico (Lego/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2019 às 08h00.

Última atualização em 16 de junho de 2019 às 08h00.

Canudos de metal e papel estão aí para provar: empresas vêm começando, aos poucos, a ser pressionadas a usar menos plástico em seus produtos, ao mesmo tempo em que consumidores passam a se preocupar mais com a quantidade de plástico que consomem.

Ainda é um movimento muito menor do que poderia, mas empresas de outros setores -- para além dos canudos -- vêm tentando adaptar seus produtos. Uma delas é a fabricante de brinquedos Lego, que há sete anos tenta encontrar uma forma de fazer com que seus famosos tijolinhos de encaixe sejam feitos de materiais orgânicos.

Fundada em 1932 e uma das maiores fabricantes de brinquedo do mundo, a companhia dinamarquesa aposta em uma fórmula com base em plantas.

Até agora, as tentativas foram de milho (que era muito mole) a trigo (que não absorvia cor), das quais os químicos da empresa retiram material que dá consistência ao produto. Até agora, foram mais de 200 combinações de materiais, mas nenhum vem conseguindo atingir a mesma qualidade do plástico, segundo reportagem do jornal The Wall Street Journal.

A meta é banir quase por completo, até 2030, o plástico de seus mais de 70 milhões de peças vendidas anualmente. Por ora, só 2% dos produtos da Lego são feitos do plástico biodegradável das plantas.

No ano passado, a empresa lançou, no aniversário de 85 anos, os primeiros produtos feitos com bioplástico. A companhia anunciou que está investindo 1 bilhão de coroas (cerca de 583 milhões de reais) e contratando pessoas para garantir o sucesso do projeto.

Presente em mais de 130 países, a Lego viu seu faturamento crescer 4% em 2018 para 5,5 bilhões de dólares, e vem tendo boas notícias com o crescimento das vendas na China, um mercado ainda pouco explorado para a empresa.

Quase tão difícil quanto ir à Lua

Ao The Wall Street Journal, o diretor de responsabilidade ambiental da Lego, Tim Guy Brooks, disse que substituir o plástico é "um pouco como colocar o homem na Lua", porque, quando a missão lunar começou a ser planejada, a tecnologia para chegar lá ainda não existia e precisou ser construída.

O diretor também cita os hambúrgueres sem carne, que, segundo ele, eram impensáveis há dez anos (hoje, empresas como a Beyond Meat vem faturando milhões com a solução). Enquanto não chega na fórmula perfeita, a Lego tenta reduzir o uso de recursos não-renováveis com o que está ao alcance, e reduziu o uso de embalagens em 18%.

Diante desse cenário, não só a Lego vem se mexendo para fazer com que um tradicional produto se adapte a um mundo com menos plástico. A fabricante de móveis Ikea também busca um substituto para plásticos em seus móveis.

E para além dos bens duráveis como móveis e brinquedos, empresas de alimentos e cosméticos como McDonald's, Coca Cola, Pepsi, Proctor & Gamble, Unilever e Nestlé também estão se comprometendo a fazer com que suas embalagens, nos próximos anos, sejam quase inteiramente ou inteiramente feitas de material renovável, além de estabelecerem metas de reciclagem. 

O uso de plástico -- material não renovável e feito de petróleo, que é altamente poluente -- é um dos maiores problemas ambientais do mundo atualmente. Mais de 800.000 toneladas de plástico são jogadas nos oceanos todos os anos vindas das regiões costeiras. As embalagens, descartadas logo após o uso e frequentemente usadas só uma vez, respondem por 40% do plástico usado no mundo. E menos de um quinto do plástico mundial é reciclado, segundo estudo da Universidade da Califórnia.

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