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As 7 maiores armadilhas de um líder nos primeiros 90 dias

Se muitos já ficam ansiosos com o primeiro dia de trabalho em uma nova empresa, para gestores essa mudança é ainda mais difícil


	Líder: para gestores, os primeiros dias em uma nova empresa são ainda mais difíceis
 (Thinkstock/g-stockstudio)

Líder: para gestores, os primeiros dias em uma nova empresa são ainda mais difíceis (Thinkstock/g-stockstudio)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 25 de março de 2016 às 07h00.

São Paulo – Desde o começo do ano, muitas grandes empresas mudaram de comando. É o caso do Buscapé, Victoria’s Secret, Jaguar Land Rover no Brasil e Walmart Brasil.

Se muitos já ficam ansiosos com o primeiro dia de trabalho em uma nova empresa, para gestores essa mudança é ainda mais difícil.

Os primeiros 90 dias são os que irão definir o sucesso do seu futuro, segundo o professor Michael D. Watkins, do IMD, uma das mais relevantes escolas dos negócios do mundo.

Ele é professor de liderança e mudança organizacional no instituto e co-dirige o Transition to Business Leadership (TBL), um programa para gerentes experientes que tenham recentemente mudado de empresa.

O especialista listou 9 armadilhas comuns aos novos líderes durante esse período e como evitá-los. Confira abaixo o levantamento.

1 – Não se adaptar à cultura

Ao mudar de empresas, ou até mesmo de unidades de negócio na mesma companhia, líderes arriscam tropeçar em campos minados culturais. Eles trazem a sua vivência cultural do meio anterior, com conceitos já bem definidos.

Por exemplo, chegam com sua visão do que é um profissional de sucesso e como isso pode ser alcançado. Em algumas companhias, uma vitória tem que ser uma realização individual visível. Em outras, a busca individual por glória, mesmo que alcançando bons resultados, é vista como arrogância e destrutiva para o trabalho em equipe.

O resultado desse deslocamento entre valores é que os líderes se tornam cada vez mais isolados. Isso aumenta ainda mais a sua vulnerabilidade ao fazer escolhas ruins.

2- Não se envolver em aprendizagem social

Ao chegar em uma nova instituição, o gestor quer saber tudo o que for possível, lendo todas as informações sobre a companhia antes de se aventurar nela. No entanto, Watkins ressalta que isso pode levar ao seu isolamento, que inibe o desenvolvimento de relacionamentos importantes. Se isso continuar por muito tempo, o novo líder pode rapidamente ser rotulado como remoto e inacessível.

Ao conversar com quem está vivenciando o cotidiano da empresa, ele terá mais informações relevantes sobre o que está de fato acontecendo. Inicialmente, impressões e ideias sobre como lidar com as questões são muitas vezes mais importantes do que a análise financeira, afirma o especialista.

3 – Chegar com a resposta pronta

Outra armadilha comum dos líderes no início da gestão é a de entrar na organização com "a resposta", uma solução bem definida para os problemas organizacionais. De acordo com o especialista, covos líderes caem nesse erro por arrogância, por insegurança ou porque acreditam que devem parecer decisivos.

Quando os funcionários percebem que esses executivos lidam superficialmente com problemas profundos, eles se tornarão mais cínicos a ordens futuras.

Se a equipe acredita que a mente de seu líder está feita, pode tornar-se reticente em compartilhar informações, impedindo que o gestor entenda a complexidade do problema.

4- Ficar muito tempo com a equipe antiga

Novos líderes tendem a acreditar que todos merecem todas as oportunidades possíveis para provar seu valor, diz Watkins.

Em alguns casos, é um problema de arrogância do gestor, que crê que pode obter mais produtividade da equipe que seu antecessor. Às vezes, é um problema de autoconfiança, quando o líder acredita que, se ele trabalhar duro, a equipe vai desempenhar o seu máximo.

No entanto, manter os membros da equipe com desempenho medíocre não é aconselhável.

Isso não quer dizer que os novos líderes devem ser injustos, esperar milagres, ou queimar as pessoas sumariamente. O que eles devem fazer é impor um tempo-limite, de 3 a 6 meses, afirma o especialista, para avaliar quem continua no jogo.

5 – Sem foco

Para mostrar serviço, alguns novos líderes tentam fazer muitas coisas ao mesmo tempo. A mensagem que querem mandar é que os vencedores são ativos e rápidos, capazes de lidar com diversos desafios simultaneamente. 

No entanto, essa abordagem acaba confundindo as pessoas ao invés de estimulá-las à ação. Certamente que os novos líderes têm de experimentar diferentes abordagens para descobrir o que funciona ou não, mas testar de forma excessiva pode impedir que as ideias promissoras tenham os recursos e atenção devidos.

6 - Ser capturado pelas pessoas erradas

A chegada de um novo líder em uma organização inevitavelmente precipita uma disputa na equipe por influência.

No entanto, entre as pessoas que buscam a atenção de um novo líder estão aqueles que (1) não podem ajudar, porque não são capazes, (2) são bem-intencionados, mas fora de alcance, (3) realmente desejam enganar, ou (4) estão simplesmente em busca do poder para seu próprio bem.

Por isso, o gestor deve-se ter cuidado ao decidir quem ouvir. Se a pessoa tem informações torcidas ou limitadas, ou usa sua proximidade com o líder para ter proveito próprio, o líder pode acabar alienado.

7 - Definir expectativas irreais

Finalmente, os novos líderes tropeçam quando acreditam que as expectativas impostas pelos seus superiores permanecerão inalterados. 

Em vez disso, é preciso dedicar esforços consideráveis durante a transição para negociar com superiores e definir as expectativas. Muitas vezes, isso significa compreender a natureza dos desejos dos principais grupos e, em seguida, esvaziar cuidadosamente aquelas expectativas que estão muito altas.

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