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As 7 lições de Jeff Bezos, dono da Amazon, para seu negócio em 2019

Em sua carta anual de 2019, o homem mais rico do mundo tratou de temas que vão do futuro do e-commerce à importância de formar seus futuros funcionários

BEZOS: na medida em que a empresa cresce, os erros também precisam ganhar escala  / REUTERS/Lindsey Wasson/ File Photo

BEZOS: na medida em que a empresa cresce, os erros também precisam ganhar escala / REUTERS/Lindsey Wasson/ File Photo

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2019 às 13h02.

Última atualização em 11 de abril de 2019 às 16h18.

As cartas anuais de Jeff Bezos, fundador da varejista online Amazon, são algumas das mais bem escritas e visionárias peças de não ficção do capitalismo mundial desde sua primeira edição, há 20 anos. Mas o incrível crescimento da Amazon nos últimos anos fez com que o documento ganhasse ainda mais importância.

Bezos é dono de uma fortuna de 150 bilhões de dólares, 50 bilhões acima do segundo colocado, o fundador da Microsoft Bill Gates. Nos 12 meses entre outubro de 2017 e outubro de 2018, ele chegou a ficar 80 bilhões de dólares mais rico graças a valorização da Amazon, empresa que fundou há 25 anos e em que ainda tem 16% das ações. A varejista virou um conglomerado de tecnologia com 230 bilhões de dólares em vendas e lucro anual de 10 bilhões de dólares em 2018, ante 3 bilhões de dólares de 2017.

Se até pouco tempo as cartas de Bezos eram uma ótima oportunidade para entrar na mente de um visionário que mudou o varejo, agora são, também, uma chance de descobrir como é possível aliar uma visão de longuíssimo prazo com ganhos em crescimento exponencial de trimestre em trimestre.

Apesar da riqueza crescente, Bezos fascina também pelos problemas concretos tanto na Amazon quanto em sua vida pessoal. Em fevereiro, a varejista anunciou a desistência de construir uma nova sede em Nova York sob fortes ataques de moradores e de gestores municipais de uma postura predadora.

Na vida pessoal, Bezos está em meio a um processo de divórcio de sua ex-esposa e parceira na fundação da Amazon, MacKenzie, que deve lhe tirar dezenas de bilhões de dólares da fortuna pessoal (ela deve terminar o processo com 4% das ações da Amazon). Bezos também virou um dos alvos preferidos do presidente Donald Trump por ser proprietário do jornal Washington Post, que lhe rende poucos benefícios financeiros, mas o coloca em rota de colisão com a Casa Branca.

Em sua carta anual aos acionistas de 2019, Bezos tratou de temas que vão do futuro do e-commerce à importância de formar seus futuros funcionários. Aos 55 anos, ele nunca foi tão ouvido. Suas palavras podem servir de inspiração, ou de aviso, para executivos, empresários e empreendedores dos mais diversos setores. EXAME pinçou sete lições do documento publicado nesta quinta-feira.

 

1. SEJA SEU PRÓPRIO CONCORRENTE

Bezos abre o documento mostrando como as vendas de terceiros, o famoso market place, chegaram a uma fatia recorde de 58% das vendas na plataforma da Amazon. “Ajudamos os vendedores independentes a competir contra nós mesmos investindo e oferecendo a eles as melhores ferramentas que pudemos imaginar e construir”, diz. As duas principais ferramentas, segundo Bezos, foram o Fulfillment, que armazena em centros de distribuição da Amazon produtos de terceiros, e o Prime, um programa de frete grátis. Com eles, a Amazon pode não ter crescido tanto como podia como um varejista tradicional, mas trouxe a disrupção para dentro de casa.

2. OUÇA OS CLIENTES, E DEPOIS SURPREENDA-OS

Em seu negócio mais rentável, a AWS, de serviços na nuvem, a Amazon tem clientes que vão de ONGs a governos, passando por pequenas e grandes empresas. Para Bezos, o segredo para ter sucesso com um público tão diversificado é “gastar muito tempo pensando sobre o que essas organizações querem, e o que as pessoas que lá trabalham querem”. “Muito do que construímos na AWS é baseado em ouvir os consumidores”, diz. Mas isso não significa fazer o que eles pedem, diz Bezos. É preciso ser criativo para entender as demandas e, depois, surpreender a audiência. “A AWS é um exemplo. Ninguém pediu pela AWS”, diz. “Mas o mundo estava faminto por uma oferta como essa”.

3. FAÇA COISAS DIFÍCEIS

Quando decidiu criar a rede de lojas físicas Amazon Go, Bezos quis se livrar do que diz ser a pior parte da experiência de compra: as filas dos caixas. “Ninguém gosta de esperar”, diz. Mas chegar lá foi “tecnicamente difícil”. “Demandou os esforços de centenas de engenheiros e cientistas da computação inteligentes e dedicados ao redor do mundo”, afirma. Foi preciso desenvolver câmeras e até prateleiras novas, para que a tecnologia passasse despercebida. A recompensa, diz, vem quando os consumidores descrevem a experiência de comprar em alguma das dez lojas da Amazon Go como “mágica”.

4. ERRE GRANDE

Uma das máximas da gestão moderna diz que, se for para errar, é melhor errar pequeno, e rápido. Mas Bezos diz que, na medida em que as empresas crescem, tudo precisa ganhar escala, até o erros. “Se o tamanho da sua falha não estiver crescendo, você não estará inventando num patamar que pode de fato mudar o rumo das coisas”, diz. “A boa notícia para os acionistas é que uma única grande aposta vencedora pode mais que cobrir o custo de muitas derrotas”. Entre os exemplos citados por Bezos está a assistente de voz Alexa, inspirada num computador da série Jornada nas Estrelas, que já vendeu mais de 100 milhões de unidades.

5. NÚMEROS IMPORTAM, MAS INTUIÇÃO, TAMBÉM

Bezos afirma que desde os primeiros dias da Amazon tentou contratar pessoas versáteis que pensem como donos e criadores. E que para isso é preciso usar muita análise na hora de contratar e treinar as pessoas, mas também muita intuição. “Uma mentalidade de construtores nos ajuda a resolver grandes problemas”, diz. O caminho para o sucesso, afirma, é tudo menos reto. Por isso, é preciso continuamente reinventar, relançar, começar de novo e repetir — com base em números, mas também no feeling.

6. FAÇA A COISA CERTA

No anos passado, a Amazon aumentou o salário mínimo de seus funcionários para 15 dólares a hora, o que beneficiou mais de 350 mil pessoas nos Estados Unidos. “Acreditamos seriamente que isso vai beneficiar nosso negócio na medida em que investimos em nossos funcionários”, diz Bezos. “Mas não foi isso que norteou a decisão”. Ele afirma que a Amazon sempre ofereceu salários competitivos. Mas que decidiu que era hora de liderar e oferecer pagamentos que vão além do competitivo. “Fizemos porque parecia a coisa certa a se fazer”, diz. Agora, Bezos incentiva seus concorrentes a igualar os 15 dólares ou ir além, oferecendo 16. “É o tipo de competição que beneficiará a todos”, diz.

7. FORME SEUS FUTUROS EMPREGADOS

Os investimentos da Amazon não são limitados aos funcionários do presente. A empresa investiu 50 milhões de dólares para treinar a força de trabalho do futuro, incluindo a criação de um programa de engenharia que oferece educação para escolas de ensino fundamental e médio nos Estados Unidos, e também para estudantes universitários.

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