São Paulo - Reestruturações, cortes de custo, crise econômica e até Operação Lava Jato levaram a demissões em massa desde o começo deste ano. Para algumas empresas multinacionais, como Siemens, Sony e Coca-Cola, reorganizar a estrutura foi o principal motivo. Já no Brasil, a crise econômica e a concorrência levaram empresas como Mercedez-Benz, Natura e Oi a eliminarem postos de trabalho. A Operação Lava Jato, investigação da polícia federal, foi responsável, direta ou indiretamente, por cortes em companhias envolvidas com a Petrobras. Confira nas imagens as 20 empresas que mais demitiram neste ano, até agora.
Em 2015, a American Expressirá cortar 4 mil empregos, o equivalente a quase 6% de sua força de trabalho total. As demissões são parte de um plano de reestruturação mais amplo destinado a melhorar a eficiência da empresa. A companhia de cartões de crédito vem tendo dificuldades em atingir as metas de vendas e teve de aumentar os gastos em 3% apenas no quarto trimestre do ano passado.
O grupo industrial alemão Siemensplaneja cortar 7.800 funcionários em todo o mundo, ou cerca de 2% de sua força de trabalho. Cerca de 3.300 empregos serão cortados na Alemanha, onde o grupo que fabrica de trens a turbinas emprega 115 mil pessoas. A Siemens disse que os cortes iriam fazê-la economizar cerca de 1 bilhão de euros (1,14 bilhão de dólares), montante que reinvestirá para crescimento.
Até o fim do ano fiscal 2015-2016, a Sony fará 2.100 demissões na sua divisão de celulares, que vem apresentando resultados fracos. O total de funcionários da Sony Mobile Communications será reduzido em 30%, a 5.000 trabalhadores, até março de 2016. O grupo japonês tenta recuperar a lucratividade da operação. A companhia, que reduziu projeções de resultado por seis vezes, previu um prejuízo líquido de 230 bilhões de ienes (1,95 bilhão de dólares) para o ano fiscal que se encerra em março.
A Ericsson irá demitir 2.200 pessoas na Suécia para aumentar a lucratividade. As demissões serão basicamente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento e de fornecimento. O corte faz parte do plano da empresa, anunciado em novembro do ano passado, para economizar mais de 9 bilhões de coroas suecas em custos, ou US$ 1,1 bilhão, até 2017.
A Targetcortou 1.700 vagas e deixou outras 1.400 sem reposição. O processo de demissões começou em março deste ano. Alguns vice-presidentes também deixaram a companhia. Os cortes fazem parte do plano da varejista de economizar US$ 2 bilhões em custos. A empresa, no entanto, não divulgou um cronograma para isso. Em janeiro, ela anunciou que iria fechar sua operação no Canadá depois de prejuízos de mais de US$ 2,5 bilhões. A rede de lojas de departamento começou a expansão no país em 2011, que custou US$ 4 bilhões. Desde 2011, 133 lojas tinham sido abertas no país, com 17.600 funcionários.
Outra redução de vagas motivada por plano de cortes nos gastos. A multinacional Coca-Colademitirá cerca de 1.800 trabalhadores como parte do plano que busca economizar US$ 3 bilhões até 2019 - uma tentativa de reduzir o impacto da queda de vendas de refrigerantes.
O processo, que se iniciou em janeiro deste ano, deverá levar alguns meses para ser concluído. A empresa conta no mundo todo com 130.000 empregados.
Os estúdios DreamWorks Animation demitiram 500 funcionários, cerca de 25% do quadro, além de anunciarem a redução na produção. A companhia, cofundada por Steven Spielberg, informou que passará a fazer apenas dois filmes por ano, ao invés de três. Ela é o maior estúdio de animação independente de Hollywood, com entre 1.950 e 2.200 funcionários.
Não é de hoje que o Yahoo! enfrenta uma reestruturação – e parece que essa realidade não vai mudar tão cedo. Em fevereiro, a empresa demitiu entre 100 e 200 funcionários no mundo, principalmente no Canadá.
A gestão de Marissa Mayer, atual presidente do Yahoo!, classifica as demissões como parte de um realinhamento organizacional ou reestruturação. Segundo analistas, cerca de 1.400 funcionários devem ser demitidos.
Além disso, em breve, um escritório será fechado na Jordânia. A unidade da companhia em Amã, na capital do país, deveria ter encerrado suas atividades ainda em 2014 e, por isso, muitos dos trabalhadores já haviam deixado seus empregos.
As empresas de prestação de serviço para o setor de petróleo Baker Hughes e Halliburton planejam cortar milhares de postos de trabalho em um momento em que a atividade de perfuração de poços desacelera devido à forte queda nos preços do petróleo. A Halliburton, que emprega mais de 80 mil pessoas, disse que cortou mil postos em suas operações no hemisfério oriental no quatro trimestre do ano passado. Já a Baker Hughes, que está sendo adquirida pela Halliburton, em um negócio de cerca de US$ 35 bilhões, disse que irá demitir 7.000 empregados. As demissões ocorrem logo depois que a principal empresa do setor, a Schlumberger NV, ter dito que vai demitir 9.000 pessoas.
A crise econômica também atingiu a construção de jatos executivos. A canadense Bombardiersuspendeu o programa envolvendo a aeronave Learjet 85 e que está demitindo cerca de mil funcionários devido à demanda fraca pelo avião. O corte ocorrerá em Querétaro, no México, e Wichita, no Estados Unidos. A fabricante de aviões e trens disse que a medida reflete a contínua fraqueza no segmento de aeronaves leves desde a crise econômica. A Bombardier disse que a paralisação resultará um encargo de US$ 1,4 bilhão antes de impostos no quarto trimestre.
Em mais uma etapa do plano de reorganização, a Oi anunciou no começo de abril que está eliminando 1.070 postos de trabalho da empresa no Brasil. O total corresponde a 6% do quadro de funcionários diretos. As demissões atingem todos os níveis da companhia e se somam ao corte de cerca de 150 diretores e gerentes em outubro passado. O ajuste no quadro de pessoal faz parte de uma ampla estratégia do presidente da Oi, Bayard Gontijo, de fortalecer a saúde financeira da empresa, que tem alto endividamento.
A fabricante de caminhões e ônibus Mercedes-Benzabriu mais um Programa de Demissão Voluntária (PDV) na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O alvo principal são os cerca de 750 trabalhadores que estão em lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho). A fábrica emprega quase 11.000 pessoas. Além do pessoal do lay-off, a empresa alega ter mais 1.200 trabalhadores excedentes.
Para simplificar o modelo organizacional, a Naturarealizou demissões em São Paulo. A ação envolveu cargos de chefia e outras posições administrativas. A empresa justificou as demissões com o cenário de maior competição no mercado. As demissões foram de quase 70 funcionários, representando menos de 1% dos cerca de 7 mil funcionários da Natura no país.
A Alcoa, uma das maiores produtoras de alumínio do mundo, com sede nos EUA, anunciou mais um corte de produção no Brasil. Cerca de 650 funcionários serão demitidos na unidade de São Luís, no Maranhão. Assim, a companhia irá deixar de produzir no país o alumínio primário, que serve de base. A medida é parte de uma estratégia global anunciada no início de março e que previa cortes de produção, fechamento de unidades e venda de ativos no mundo inteiro.
A companhia de energia do Estado de São Paulo (Cesp) está preparando um programa de demissão voluntária. O PDV tem como alvo cerca de 400 funcionários que estão próximos de se aposentar, segundo o diretor financeiro da empresa, Almir Martins. Ele afirmou que a expectativa é que cerca de 50% desse público opte pelo programa, que está sendo preparado para o final do primeiro semestre.
O frigorífico Fribasil Alimentos fechará a unidade em Caarapó (MS), suspenderá os abates de até 500 bovinos por dia e demitirá os cerca de 500 funcionários. A ação é mais um capítulo da crise da companhia, iniciada em 2008 com o foco de febre aftosa naquele Estado, que implicou na redução da demanda pela carne bovina da região. A crise inclui, ainda, um processo de recuperação judicial, cujo plano foi aprovado pelos credores em 2011.
Os atrasos de pagamento da estatal Valec, ligada ao Ministério dos Transportes, ameaçam o andamento da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia. O projeto vai ligar Barreiras, no oeste da Bahia, até Ilhéus, no litoral. A primeira a abrir caminho para a redução do ritmo das obras foi a Galvão Engenharia - empresa envolvida na Operação Lava Jato e que passa por sérias dificuldades de caixa. A empreiteira demitiu 700 funcionários em março. Até o fim do ano passado, a empresa mantinha no canteiro de obras da ferrovia 1.500 funcionários. Mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada da Bahia (Sintepav/PA), esse número já estava em 848 trabalhadores - ou seja, com as demissões desta semana, o número cai para 148.
No fim de janeiro, a Petrobras rompeu o contrato com a empresa Alumini para realização de obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Com a decisão, cerca de 2.500 devem ser demitidos do canteiro de obras. A empresa já demitiu, em dezembro, outros 460 trabalhadores do local e está em processo de recuperação judicial. Em outubro, outros 4.900 empregados da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, haviam sido desligados após problemas com a Petrobras.
A construtora Camargo Correa demitiu pelo menos metade de funcionários que trabalham no prédio administrativo da empresa. Além disso, está renegociando condições de pagamentos com fornecedores e encerrando uma série de projetos considerados não prioritários.
Cerca de 500 funcionários do Consórcio Complexo Deodoro, liderado pela construtora Queiroz Galvão, receberam aviso prévio de demissão no início do mês. Eles estavam envolvidos nas obras das instalações esportivas dos Jogos Olímpicos de 2016, localizado no bairro Deodoro, zona oeste do Rio de Janeiro. Outras 70 pessoas em fase de experiência já haviam sido demitidas pela Queiróz Galvão há pouco tempo e outras 400 correm o mesmo risco.
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