Campanha da Devassa: na sexta-feira, a Justiça suspendeu parcialmente o negócio fechado entre a cervejaria brasileira e a japonesa Kirin (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2011 às 06h00.
São Paulo - A última semana teve novamente uma briga de sócios. Dessa vez o imbróglio não envolveu Pão de Açúcar e Casino, mas os controladores da cervejaria Schincariol.
Mas o Casino não saiu ileso nessa semana. A Rio Bravo Investimentos – que é minoritária no Grupo Pão de Açúcar - entrou com reclamação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contestando a legalidade de aquisições de papéis do grupo pelo Casino.
Além da briga, foi uma semana de fechamento de negócios, com um total de três aquisições, uma fusão e um anúncio de venda.
Veja os principais acontecimentos dessa semana:
1 - Kirin compra parte da Schincariol – e negócio pode não vingar
Na noite de segunda-feira, a cervejaria japonesa Kirin anunciou a compra do controle da Schincariol por 3,95 bilhões de reais. O valor referia-se à aquisição da fatia de 50,45% da cervejaria brasileira, que pertencia a Alexandre e Adriano Schincariol. Os papéis estavam agrupados na holding Aleadri-Schinni Participações e Representações.
Na sexta-feira, a Justiça acatou o pedido dos irmãos José Augusto, Gilberto e Daniela Schincariol e suspendeu parcialmente o negócio fechado entre a cervejaria brasileira e a japonesa Kirin. Os herdeiros, com 49,55% de participação na companhia, alegaram que não foi dado a eles o direito preferencial de compra do restante da companhia. Os acusados, os irmão Adriano e Alexandre Schincariol, têm o prazo de cinco dias, a partir da data da intimação, para provar que o acordo feito com a Kirin está dentro da lei.
2 – Drogasil e Droga Raia se unem
Na noite de terça-feira, uma fusão: a Drogasil e a Droga Raia anunciaram uma associação, que cria a maior rede de farmácias do país. A nova empresa se chamará Raia Drogasil e contará com mais de 700 drogarias em nove estados. De acordo com comunicado à imprensa, a nova empresa terá 8,3% de participação de mercado. Os atuais acionistas da Drogasil deterão 57% da nova companhia. Os acionistas da Droga Raia ficarão com os 43% restantes.
3 – Cremer compra Topz por R$ 73 milhões
Na quarta-feira foi a vez da Cremer anunciar a compra dos principais ativos da Topz, empresa que atua no segmento de higiene pessoal e cosméticos. O valor do negócio foi fechado por 73 milhões de reais. Em abril deste ano, a Cremer concluíu a compra da P. Simon, empresa que produz frascos, drenos, extensores e irrigadores para a área da saúde.
4 - Grupo Campari compra brasileira Sagatiba por US$ 26 milhões
Dois dias após a aquisição de fatia da Schincariol pela Kirin, a italiana Davide Campari-Milano anunciou a compra da marca brasileira de cachaça Sagatiba por 26 milhões de dólares. A companhia italiana, que detém as marcas de vodca Skyy e de uísque Glen Grant, além de mais de 40 outros rótulos, havia afirmado em novembro que tinha munição suficiente para superar sua maior aquisição até então, a da marca de uísque Wild Turkey em 2009, por 575 milhões de dólares.
5- Rio Bravo reclama do Casino
Na quinta-feira, a Rio Bravo Investimentos entrou com reclamação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contestando a legalidade de aquisições de papéis da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD, Grupo Pão de Açúcar) pelo sócio francês Casino, no processo frustrado de negociação da varejista brasileira com o Carrefour. O entendimento da Rio Bravo é que o Casino estaria impedido legalmente de adquirir parte dos papéis.
6 – BTG Pactual coloca oito empresas à venda
O BTG Pactual procura vender oito empresas de seu portfólio – elas integram o fundo Brasil Energia, formado em 2005 para investir nos setores de transmissão e de geração de energia elétrica. Desde que foi criado, o fundo investiu 1,1 bilhão de reais na aquisição de oito empresas, entre elas a companhia de energia renovável Ersa e a comercializadora de energia Coomex.
7 – JAC Motors terá fábrica no Brasil
Na segunda-feira, o presidente do Grupo SHC, Sergio Habib, e o vice-presidente mundial da JAC Motors, Dai Maofang anunciaram um investimento de 600 milhões de dólares na primeira fábrica da rede no Brasil. A unidade deve ser inaugurada em 2014 e terá capacidade de produção de 100.000 veículos por ano, em dois turnos. Ainda não foi decidido onde a planta será instalada. Há conversas com dois estados e dentro de quatro meses deve haver uma decisão. A fábrica vai produzir uma nova família de carros, com preço abaixo de 40.000 reais.
8 – Kraft Foods anuncia divisão em duas empresas distintas
A Kraft Foods anunciou na quinta-feira que vai se dividir em duas empresas de capital aberto. Uma das unidades vai consolidar o negócio de petiscos no mundo e outra envolverá produtos de mercearia na América do Norte. A unidade de petiscos terá uma receita anual de cerca de 16 bilhões de dólares, enquanto a de mercearia somará 16 bilhões de dólares.
9 - HSBC corta 30 mil empregos e anuncia contratação de 15 mil
O HSBC cortou 5 mil empregos em meio à reestruturação em andamento na América Latina, nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Oriente Médio, e afirmou que eliminará outros 25 mil postos até 2013. O total representa 10% do quadro de funcionários global.
Já nos países, emergentes, o banco pretende contratar cerca de 15 mil pessoas nos p´roximos três anos. A diretoria do banco no Brasil disse que não fará cortes no país e anunciou a contratação de mil novos gerentes até o final de 2011.
No domingo, o HSBC anunciou que venderá 195 agências nos EUA ao First Niagara Financial por cerca de 1 bilhão de dólares em dinheiro, além de fechar outras 13 das 470 filiais que possui naquele país.
10- Gerdau, Usiminas e CSN apresentam resultados e reclamam
No segundo trimestre, a Gerdau registrou queda de 41% em seu lucro líquido (503 milhões de reais. A geração de caixa caiu. O lucro líquido da Usiminas caiu 62% em relação ao mesmo trimestre de 2010 (e foi de 157 milhões de reais). No período, o lucro da CSN foi 32% superior ao do mesmo período do ano passado – segundo analistas, o resultado da empresa foi impulsionado pela mineração.
Usiminas e CSN reclamaram das importações. A Gerdau elogiou a redução do IPI e a iniciativa do Plano Brasil Maior. Para a CSN, a direção do Plano é certa, mas a redução é tímida, disse.