Negócios

Artesã fatura R$ 400 mil com marca de roupas inspirada na cultura pernambucana

Rafa Q Faz, de Olinda, pretende ampliar a presença online para impulsionar as vendas pelo Brasil e chegar a R$ 500 mil em 2025

Rafaela Mendes, fundadora da RafaQFaz: “O Sebrae representa um divisor de águas para a empresa. É um dos nossos principais parceiros e quem nos ajuda a levar Pernambuco para o mundo”

Rafaela Mendes, fundadora da RafaQFaz: “O Sebrae representa um divisor de águas para a empresa. É um dos nossos principais parceiros e quem nos ajuda a levar Pernambuco para o mundo”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 11h00.

A paixão por Pernambuco e a realidade em que cresceu foram os pilares que impulsionaram Rafaela Mendes a fundar a marca de vestuário Rafa Q Faz, que já vendeu mais de 10 mil peças e faturou R$ 400 mil em 2024, com a perspectiva de alcançar R$ 500 mil este ano.

"O empreendedorismo surgiu como uma oportunidade de expressar minha criatividade, mas também de preservar e levar a identidade do meu Estado para o mundo”, afirma. Para ela, cada peça vendida é como um manifesto de pertencimento e orgulho, reforçando o que sempre faz questão de dizer: "Meu país Pernambuco".

Por outro lado, também reflete suas raízes. Filha de uma mãe solteira que criou três filhos atuando como cabeleireira, confeiteira e vendedora de catálogos de revistas em Olinda (PE), aprendeu desde cedo que empreender também era uma questão de sobrevivência. Ainda adolescente, vendia cartões feitos à mão para professores e amigos da escola e chegou a criar a Rafa Cartões Artesanais.

“Fazia de tudo um pouco para garantir uma renda. Sou da comunidade do Alto do Monte, em Olinda, berço de artistas populares, e sempre tive o senso artístico aflorado. Mas foi na moda que encontrei a linguagem que mais representou meu amor pela arte e a cultura da minha região”, afirma.

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Atualmente, a Rafa Q Faz possui uma unidade própria no Sítio Histórico de Olinda, além de comercializar as peças em cinco lojas colaborativas do Recife, Olinda e Caruaru, e pelo Instagram. Para 2025, o foco é reforçar o e-commerce, ampliar as vendas pelo país, consolidar a loja própria e fortalecer as campanhas estratégicas, como coleções com peças exclusivas e feitas para as companhias de teatro.

Como reconhecimento de seu trabalho, conquistou o terceiro lugar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024, na categoria Pequenos Negócios.

Do artesanato às chamadas roupArtes

Fundada em 2012, iniciou as atividades com artesanato e artes plásticas e, por volta de 2015, encontrou sua verdadeira identidade com o que denominou de roupArtes, peças autorais que representam a cultura local.

“Apostamos na força da cultura popular para desenvolver estampas que contam nossa história e mostram nossa alegria: das músicas, brincadeiras e gastronomia, até as memórias afetivas. Tudo com o intuito de levar as tradições de Pernambuco para o mundo”, diz.

A empresária conta que a ideia surgiu quando, em uma visita ao centro do Recife, percebeu que não encontrava nenhuma vestimenta que realmente a representasse.

“Naquele momento, decidi que aprenderia a costurar. Comprei uma máquina de costura usada, assisti a tutoriais e comecei a praticar. Mal sabia que essa decisão mudaria não apenas a minha vida, mas também a de muitas pessoas que hoje fazem parte da Rafa Q Faz”, lembra.

Com a mudança de foco, Rafaela teve que adotar uma abordagem mais estratégica para as vendas e, aos poucos, foi aprendendo a organizar seu modelo de gestão. Para isso, buscou capacitações no Sebrae e participou do Programa de Incubação do Marco Pernambucano da Moda, que disponibiliza ações integradas voltadas à estruturação e o desenvolvimento de negócios de moda sustentáveis de sucesso.

“O Sebrae representa um divisor de águas para a empresa. É um dos nossos principais parceiros e quem nos ajuda a levar Pernambuco para o mundo”, afirma.

Atuação sustentável e colaborativa

Foi no processo de transição para a moda autoral – que une arte, cultura pernambucana e sustentabilidade –, que o negócio se consolidou e cresceu. Hoje, conta com uma equipe de 12 pessoas, e consegue monitorar e analisar a produção e as vendas de forma mais estruturada. Outro ponto de destaque é o olhar para o meio ambiente.

A marca aproveita os resíduos dos próprios tecidos para criar as peças e a principal matéria-prima, o algodão, vem de uma indústria centenária, a Cataguases, de Minas Gerais. Além disso, todos os tecidos são certificados e com impressão digital e Rafaela conta com ajuda de costureiras Olinda e Recife, numa rede circular, para confeccionar as roupas.

A produção acontece, em sua maioria, no ateliê da Rafa Q Faz, localizado no Alto do Monte, em Olinda. Além das coleções autorais, também há o desenvolvimento de peças para figurinos e grupos culturais, reforçando a conexão com a arte e a cultura pernambucana.

No entanto, houve desafios pelo caminho, como consolidar a identidade da marca e expandir sem perder a essência cultural. “Também enfrentamos obstáculos na gestão. Percebemos, na prática, que ser criativo não é o suficiente para ter uma empresa de sucesso. É preciso muita capacitação, como nas áreas de gestão, marketing e análise do mercado”, diz.

A receita do sucesso?

Para Rafaela, não existe uma fórmula pronta, mas é fundamental ter em mente que altos e baixos acontecem. “O medo é normal, mas se você acredita que a sua ideia tem o potencial de fazer a diferença na vida das pessoas, siga em frente. Comece da maneira que der, sem esperar que o projeto esteja perfeito. Até porque, não é possível melhorar o que ainda não foi feito”, diz.

Outro ponto é compreender que uma apenas uma ideia não basta para criar uma empresa. É fundamental buscar capacitação e se cercar de pessoas que compartilhem de seus valores para transformá-la em realidade.

“E nunca se esqueça que um empreendimento é desenvolvido e fortalecido gradualmente. Um dia de cada vez. Não tenha pressa”, finaliza.

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