Delphine Arnault e Antoine Arnault durante desfile da Louis Vitton: Delphine, de 38 anos, parece a mais provável sucessora entre os dois (Pascal Le Segretain/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de setembro de 2013 às 15h01.
Paris - Dois anos atrás, Bernard Arnault pediu que seu filho Antoine administrasse a fabricante de sapatos Berluti. Neste mês ele alçou sua filha Delphine ao cargo de vice-presidente executiva da Louis Vuitton. Embora a missão dela seja reviver a fabricante de bolsas e a tarefa de Antoine seja transformar a Berluti em um titã das roupas masculinas, Arnault está testando ambos para outro trabalho: o seu.
Aos 64, o CEO da LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton SA já se qualifica para a aposentadoria. Ele não deu sinais de que está cansando de administrar a maior empresa de produtos de luxo do mundo, mas “em algum ponto há um elemento de sucessão que precisa acontecer”, disse o analista John Guy, do Berenberg. Dar a seus filhos uma maior responsabilidade permite a Arnault testá-los, disse Guy.
Arnault sabe uma ou duas coisas sobre como fomentar rivalidades. Ele foi convidado para a LVMH nos anos 1980 por Henry Racamier, um herdeiro de Vuitton, que estava brigando com outra facção na empresa. Arnault ajudou Racamier a despachar seu rival na cúpula, e então depôs Racamier e assumiu a fabricante de bolsas.
Desta vez, o homem mais rico da França -- que transformou a LVMH em um gigante do luxo que oferece mais de 60 marcas, desde champanhe Krug até relógios Tag Heuer -- está colocando em disputa membros de sua própria família. Arnault, que controla 46,5 por cento dos direitos de voto na LVMH, disse esperar que um parente o substitua.
Enorme apoio
O bilionário recusou um pedido de entrevista por meio de um porta-voz. As ações da LVMH subiram 4,9 por cento neste ano, ficando atrás do ganho de 14 por cento do Bloomberg European Fashion Index.
Delphine, de 38 anos, parece a mais provável sucessora entre os dois, de acordo com Luca Solca, analista da Exane BNP Paribas. Embora a Berluti seja importante, é menos do que a Vuitton, que responde por mais da metade do lucro de 5,9 bilhões de euros da LVMH, disse Solca.
Sua nomeação para a fabricante de bolsas, que realiza seu desfile de moda feminina nesta semana, é “um enorme apoio” para o cargo, disse o analista.
Outros apostam em Antoine. O trabalho de Delphine na Vuitton tem mais a ver com sinalizar aos investidores o compromisso de Arnault em renovar uma marca em queda, de acordo com Mario Ortelli, analista da Sanford C. Bernstein. Antoine, 36, é o mais provável substituto de seu pai porque tem melhores habilidades de gestão de pessoas, disse o analista.
“Antoine é mais extrovertido. Delphine é mais introvertida”, disse Ortelli. “Delphine pode ter um papel muito importante, mas mais na forma de uma acionista ou presidente, não uma gerente. Antoine pode ser a cara do grupo”.
Delphine e Antoine diferem tanto quanto as tarefas que seu pai lhes pediu para fazerem, de acordo com fontes que trabalharam com eles. Os irmãos não quiseram conceder entrevistas para esta reportagem.
Cinco filhos
Antoine desempenhou um papel importante na aquisição de 2 bilhões de euros, pela LVMH, da fabricante de roupas de cashmere Loro Piana SpA em julho, de acordo com uma fonte familiarizada com a situação. Ele pode em breve começar a ajudar a gerir a empresa italiana, disse a fonte.
Com três filhos mais novos, um sobrinho e uma sobrinha, Bernard Arnault tem outros potenciais sucessores, bem como executivos não familiares dentro e fora da LVMH.
“Pelo menos um deles vai mostrar-se capaz de assumir”, disse Arnault sobre sua família em um documentário exibido em fevereiro na emissora France 5.
Antoine, pelo menos, não excluiu suceder seu pai. “Talvez. Quem sabe?”, disse ele à revista Bloomberg Pursuits em 2012. “Mas não em um futuro próximo.”