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Taurus cria estratégia para capturar demanda por armas após decreto

Decreto do Jair Bolsonaro facilita posse, importação, venda e compra de armas no Brasil

Salesio Nuhs, da Taurus: ele é também o presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas (Ricardo Jaeger/Exame)

Salesio Nuhs, da Taurus: ele é também o presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas (Ricardo Jaeger/Exame)

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Reuters

Publicado em 10 de maio de 2019 às 17h04.

Última atualização em 10 de maio de 2019 às 17h16.

Rio de Janeiro — A fabricante de armas Taurus está pronta para encarar a maior concorrência de produtos importados no Brasil depois que Jair Bolsonaro assinou decreto nesta semana autorizando abertura do mercado e com termos que facilitam a posse e transporte de armamentos, disse em entrevista à Reuters o presidente da companhia, Salésio Nuhs.

Segundo o executivo, o otimismo decorre de estratégia colocada em ação pela Taurus que aposta em ações para aumentar a proximidade da empresa com clientes e na musculatura obtida pela companhia em licitações globais de armamentos.

O decreto determina liberação de importação de armas, facilita o registro de novos locais de venda de armas, amplia as categorias profissionais que tem direito à posse e aumenta a quantidade de munição que pode ser comprada anualmente. A liberação da importação deve entrar em vigor em 60 dias, disse Bolsonaro na quarta-feira.

Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu nesta sexta-feira prazo de cinco dias para que Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, expliquem os termos do decreto, enquanto áreas técnicas do Senado e da Câmara dos Deputados viram ilegalidades no texto.

As ações da companhia exibiam queda de 7,75%  às 16h42, perto do final do pregão. No dia em que Bolsonaro assinou o decreto, a ação da Taurus subiu 10,45%, avançando mais 17,6% no dia seguinte.

"Se fora de casa a gente já ganha (concorrências); imagina dentro de casa com torcida a favor", disse Nuhs. Nos Estados Unidos, maior mercado da Taurus, a companhia é a quarta maior marca de armas de fogo.

Sem citar nome do país, Nuhs disse que nesta semana a Taurus venceu uma concorrência internacional para fornecimento de 4 mil armas a um país vizinho do Brasil. A disputa envolveu grandes fabricantes de armas internacionais.

"Disputar mercado faz parte do nosso cotidiano; não é uma preocupação e nos últimos anos nos preparamos para uma possível concorrência", disse o presidente da Taurus, que até o final do ano deve duplicar sua capacidade produtiva nos EUA com a inauguração de uma nova fábrica no Estado da Georgia que vai substituir a unidade localizada na Flórida.

Em 2018, o mercado brasileiro foi o que teve o maior crescimento percentual na receita da Taurus com venda de armas, avançando 56,6 por cento sobre 2017, para 143 milhões de reais. Nos EUA, o crescimento foi de 15,8/5, para 627 milhões. Em unidades, a empresa teve vendas de 102 mil armas no país no ano passado, salto de quase 44% sobre 2017.

Parte do otimismo de Nuhs decorre da inauguração em julho de um sistema digitalizado de relacionamento com clientes, que recebeu investimento de cerca de 5 milhões de reais da companhia. "Vamos nos comunicar nessa rede com o Brasil inteiro; com lojas, vendedores, balconistas de lojas, armeiros, assistência técnica para ter um contato com consumidor mais direto", afirmou o executivo, dando como exemplo capacidade da empresa em acessar em um banco de dados todos os clientes que compraram uma arma calibre 38.

O executivo, porém, criticou o decreto de Bolsonaro ao não tratar de isonomia tributária. Segundo Nuhs, sobre uma arma produzida no Brasil incidem impostos que representam até 73% do preço.

"A gente acredita que o presidente exigirá a regulamentação tributária e regulatória para uma concorrência leal entre os fabricantes locais e estrangeiros, caso contrário nenhuma empresa virá produzir aqui", disse Nuhs.

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