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Argentino fatura milhões com pagamento 'a la Pix' para turistas brasileiros

belo, fundada em 2021 na Argentina, já ajuda hermanos a pagar compras em visitas ao Brasil. Agora, abre escritório por aqui para ajudar os brasileiros em visitas no país vizinho

Manuel Beaudroit, CEO da belo: mais de 150 milhões de dólares em operações desde 2021 (Divulgação/Divulgação)

Manuel Beaudroit, CEO da belo: mais de 150 milhões de dólares em operações desde 2021 (Divulgação/Divulgação)

Karla Dunder
Karla Dunder

Freelancer

Publicado em 27 de novembro de 2025 às 06h01.

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A viagem entre Brasil e Argentina virou um campo fértil para produtos financeiros que prometem simplificar o câmbio e reduzir custos.

A oscilação cambial, o aumento de turistas e o avanço do trabalho remoto empurraram para cima a demanda por serviços que consigam atravessar fronteiras sem burocracia.

A belo, fundada em 2021 na Argentina, entra oficialmente no mercado brasileiro após um período de testes. A startup ficou conhecida entre argentinos que viajam ao litoral brasileiro e já processou mais de 150 milhões de dólares em operações via Pix.

Agora quer capturar o fluxo inverso: brasileiros pagando na Argentina com QR interoperável, câmbio previsível e IOF zero.

A empresa aproveita o reconhecimento prévio entre turistas e tenta transformar essa tração em presença fixa.

“Nos interessa muito o feedback do usuário e construir conforme a necessidade dele”, diz Manuel Beaudroit, CEO e cofundador.

É um esforço que mira um usuário ainda desconfiado de produtos financeiros internacionais e pouco familiarizado com carteiras globais.

O plano inclui consolidar a operação brasileira, abrir o México e avançar para até 10 mercados no próximo ano.

“Queremos aproveitar esse reconhecimento de marca e começar a construir uma marca local no Brasil”, afirma Beaudroit.

História do fundador e o caminho até a belo

Beaudroit trabalha com criptomoedas desde 2012. Ele começou no setor financeiro e passou treze anos buscando formas de transformar tecnologia em soluções práticas.

“Sempre quis transformar essa tecnologia disruptiva em uma ferramenta de impacto na vida das pessoas”, afirma.

Antes da belo, ele criou o exchange Bitex, com operações em quatro países e cerca de 70.000 clientes. A venda da empresa em 2020 abriu espaço para o atual projeto.

“Comecei a montar a Belo como uma forma de permitir que as pessoas pudessem viver em cripto todos os dias”, diz.

A belo tem quatro anos de operação, mais de 3 milhões de usuários concentrados na Argentina e cerca de 80 funcionários.

Em rodadas anteriores, levantou 4,2 milhões de dólares para acelerar a expansão regional.

Como usar Pix pelo app

O processo começa com o download do aplicativo. O cadastro é feito com documento brasileiro e leva cerca de dois minutos. Depois disso, o usuário transfere saldo via Pix para a própria conta.

“Uma vez que a conta está criada, ele pode transferir via Pix para a sua conta na belo”, explica Beaudroit.

Na Argentina, os pagamentos são feitos escaneando um QR interoperável — modelo parecido com o Pix brasileiro e amplamente usado na Argentina.

“Aqui é muito popular, como o Pix no Brasil”, diz o fundador. O usuário paga no comércio local, sem converter dinheiro em casas de câmbio e sem IOF.

“Você não precisa ficar trocando dinheiro para pagar localmente na Argentina.”

O câmbio é definido na transação, sem tarifas extras. “É simplesmente no tipo de câmbio que você faz a transação.”

O app também reúne serviços de viagem, o que amplia o uso além do pagamento básico.

“Dentro do aplicativo da Belo, você tem uma seção de hotéis e voos com até 60% de desconto”, afirma Beaudroit. Muitos usuários reservam hospedagem em cidades como Mendoza e Buenos Aires direto pelo sistema.

Além disso, o turista pode comprar chip de viagem e manter valores em real, peso argentino ou dólar digital. “Tudo isso você pode fazer dentro do aplicativo da Belo.”

Por que entrar no Brasil

A abertura oficial da operação brasileira aconteceu há poucas semanas, após testes com o diferencial de IOF zero.

A demanda veio primeiro dos turistas argentinos, que impulsionaram a marca em Florianópolis, Búzios e Rio de Janeiro.

“Fomos muito bem-sucedidos com turistas argentinos que vieram para o Brasil no verão”, diz Beaudroit.

Agora, a empresa tenta converter esse reconhecimento em mercado doméstico. “O bom da belo é o seu nome, que é muito brasileiro”, afirma. A leitura é que o nome ajuda a reduzir barreiras culturais no início da operação.

O futuro da carteira digital envolve expansão territorial e disputa de espaço com concorrentes globais. A meta inclui levar a operação ao México e entrar em mais países no próximo ano.

“Nossa ideia é poder chegar a cerca de dez mercados no próximo ano, com foco principalmente em Argentina e Brasil”, afirma.

Ele reforça que o desenvolvimento será guiado pelo uso cotidiano e pelo retorno dos clientes.

“Estamos muito focados em agregar valor ao usuário e construir, com ele, o melhor serviço financeiro possível.”

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