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Apple pode ter prejuízo por revistas a funcionários

Mais 12 mil reclamações de funcionários sobre revistas “desmoralizantes” feitas por seguranças são um bom motivo para a Apple se preocupar com sua reputação


	Apple: funcionários tinham suas bolsas e aparelhos eletrônicos revistados nos intervalos das refeições e após seus turnos de trabalho
 (Philippe Huguen/AFP)

Apple: funcionários tinham suas bolsas e aparelhos eletrônicos revistados nos intervalos das refeições e após seus turnos de trabalho (Philippe Huguen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2015 às 22h51.

San Francisco - O CEO da Apple Inc., Tim Cook, recebeu queixa de pelo menos um funcionário de uma Apple Store relacionada à realização de revistas “desmoralizantes” por seguranças.

A soma de mais 12.000 reclamações pode render a Cook um motivo para se preocupar com a reputação da empresa.

Um pequeno grupo de ex-funcionários que processou a empresa há dois anos quer receber pelo tempo que passou tendo suas bolsas e aparelhos eletrônicos revisados nos intervalos das refeições e após seus turnos de trabalho.

Eles estão pedindo autorização a um juiz para adicionar mais de 12.400 ex-colegas de 52 lojas de toda a Califórnia à ação judicial. O objetivo do processo é levar a empresa de tecnologia mais valiosa do mundo a julgamento pelo tratamento dado aos seus funcionários, conhecidos por terem uma fidelidade à empresa semelhante à de uma seita.

O caso se transformará em um “incômodo” para a Apple se os trabalhadores conseguirem o status de ação de classe, disse Michael Risch, professor da Faculdade de Direito da Universidade Villanova, na Pensilvânia.

“Eu presumo que eles sofreriam uma baixa de US$ 75 milhões, além da publicidade seriamente negativa”, disse Risch, por e-mail. “É o troco do pão para a Apple, mas por outro lado não é um montante a desprezar”.

A última ação judicial de funcionários importante enfrentada pela Apple foi resolvida antes de ir a julgamento. Na ocasião, um juiz concedeu status de ação coletiva a milhares de ex-funcionários para que pudessem apresentar queixas de que a fabricante do iPhone, a Google Inc. e outras gigantes tecnológicas do Vale do Silício conspiraram para reduzir salários ao decidirem não contratar funcionários umas das outras.

O acordo de US$ 415 milhões será levado perante um juiz neste mês para aprovação final.

A prova, no caso, foram e-mails que descreviam como o cofundador da Apple e à época CEO da empresa, Steve Jobs, que morreu em 2011, mexeu os pauzinhos para que um grupo de executivos do setor de tecnologia impedisse que seus funcionários trocassem de empresa para ganhar mais dinheiro.

Números de série

Agora, entre os alvos que provocaram uma ira particular nas queixas apresentadas aos gerentes estavam os cartões emitidos pela empresa, que exigiam uma lista com os números de série dos aparelhos da marca Apple com os quais os funcionários chegavam às lojas para trabalhar. Quando saíam, os empregados eram obrigados a provar aos gerentes que os números que constavam no cartão batiam com os de seus aparelhos e posteriormente eram submetidos a revista de suas bolsas, segundo um documento judicial.

Em um e-mail de 2012 para Cook, com o assunto “Comentário destemido”, um funcionário não identificado de uma Apple Store classificou as revistas diante de clientes como “desmoralizantes”.

“Os gerentes são obrigados a tratar empregados ‘valiosos’ como criminosos”, escreveu o funcionário.

‘Isso é verdade?’

Cook encaminhou a mensagem no mesmo dia para dois executivos, perguntando: “Isso é verdade?”.

A Corte Suprema dos EUA decidiu no ano passado que os trabalhadores não têm o direito federal de receberem pelo tempo que passam em revistas de segurança após o turno de trabalho, rejeitando por unanimidade as queixas de ex-funcionários de depósito da Amazon.com Inc. Essa decisão deixa uma abertura para que os funcionários da Apple apresentem uma ação, de acordo com a lei da Califórnia.

A tentativa dos trabalhadores de conseguirem o status de ação de classe pode obrigar a empresa a indenizar cada funcionário da Apple Store que, por um período de seis anos, não tivere sido pago pelos minutos nos quais foram submetidos a revistas a cada dia.

Para os 12.000 funcionários que foram privados de 15 minutos de pagamentos, com um salário mínimo de US$ 9 a hora, a soma chega a cerca de US$ 60 milhões, segundo Risch.

A Apple também poderia ter que arcar com US$ 15 milhões em multas, disse ele.

Em uma audiência programada para quinta-feira, a Apple deverá argumentar que os trabalhadores não têm direito ao status de ação de classe porque existem muitas variáveis em relação a como diferentes lojas aplicam a política de revista.

A empresa citou uma decisão de 2011 da Suprema Corte dos EUA que impediu que milhares de mulheres entrassem com ação por discriminação de gênero em grupo contra a Walmart Stores Inc.

Josh Rosenstock, porta-voz da Apple, preferiu não comentar a respeito da audiência dessa quinta-feira, nem respondeu se a política de revista ainda está em vigor.

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