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App do Alibaba enfrenta reação negativa de trabalhadores chineses

DingTalk foi projetado como um serviço de bate-papo empresarial, mas trabalhadores dizem que ele alimenta uma cultura de trabalho doentia

Alibaba: software da companhia permite que empresas monitorem o paradeiro de funcionários (Lai Seng Sin/Reuters)

Alibaba: software da companhia permite que empresas monitorem o paradeiro de funcionários (Lai Seng Sin/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 17h42.

Pequim/Hangzhou - Na antiga e apertada casa de Jack Ma, fundador do gigante chinês de comércio eletrônico Alibaba, cerca de trinta jovens engenheiros se sentam lado a lado, trabalhando para atrair o próximo milhão de usuários para o DingTalk, software de comunicação para empresas do Alibaba.

A presença dos jovens no apartamento sagrado onde Ma começou, na cidade de Hangzhou, no leste da China, reflete o lugar do DingTalk na hierarquia da crescente coleção de projetos da empresa.

Desde dezembro de 2014, o DingTalk cresceu exponencialmente para se tornar o maior serviço de bate-papo do mundo projetado para empresas, com mais de 100 milhões de usuários individuais e 7 milhões de empregadores em toda a China. A empresa diz, sem fornecer números, que também tem uma presença crescente na Europa, nos Estados Unidos e no Sudeste Asiático.

Mas sua rápida ascensão - impulsionada pela promessa de aumentar a produtividade através de um melhor monitoramento dos movimentos dos funcionários e respostas mais rápidas a mensagens importantes - provocou uma reação dos trabalhadores chineses que dizem que o aplicativo alimenta uma cultura de trabalho doentia.

Também levanta dúvidas sobre a capacidade do DingTalk de se expandir para o Ocidente, onde as pessoas normalmente protegem sua privacidade no local de trabalho. Na China, a vigilância pelas autoridades e empregadores já é comum.

Como o WhatsApp, o DingTalk permite que os remetentes verifiquem se os destinatários leram as mensagens, mas também tem o recurso "ding" que pode bombardear os destinatários com notificações repetidas, mensagens de texto e lembretes de chamadas telefônicas.

Além desta característica original, a empresa adicionou uma ampla gama de funções que incluem alertas automáticos de despesas, um sistema de relógio para monitorar o paradeiro dos funcionários, bem como uma função de "relatório diário" que exige que os trabalhadores listem as tarefas concluídas.

Com o crescimento do DingTalk, muitos funcionários de escritórios chineses manifestaram suas frustrações online sobre o serviço, dizendo que é desumano e destrói a confiança.

No site de perguntas e respostas Zhihu.com, um tópico intitulado "como é ser forçado a usar o DingTalk no trabalho" tem mais de mil publicações e já foi visto mais de 7,7 milhões de vezes.

Uma pesquisa informal da Reuters com 30 trabalhadores usando o DingTalk mostrou que cerca de metade tinha sentimentos negativos em relação ao aplicativo, enquanto o restante disse que estava bem com o serviço - muitas vezes porque suas empresas não adotaram recursos como o monitoramento de seu paradeiro.

Li Xiaoyang, ex-agente de vendas de software em Pequim, disse que precisava usar a função de localização do DingTalk em sua empresa anterior sempre que se encontrava com um cliente, além de usar uma ferramenta de reconhecimento facial para verificar se estava participando de reuniões.

"Eu me sentia tão enojado com isso", disse ele, acrescentando que era constantemente acionado por meio do aplicativo por gerentes.

"Cada nível de administração acha que sua demanda é a principal prioridade e deve ser tratada primeiro", disse ele. "Pior ainda, eles vão te requisitar pelo DingTalk mesmo em férias e você não pode fingir que não viu."

(Por Yawen Chen e Christian Shepherd)

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