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Aposta da CCR em leilão de aeroportos mostra forte apetite da empresa

Em meio à crise econômica da pandemia, analistas veem que a oferta bilionária desta quarta mostra crença no potencial do setor

Sala de administração no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba:  (Geraldo Bubniak/AEN/Divulgação)

Sala de administração no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba: (Geraldo Bubniak/AEN/Divulgação)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 7 de abril de 2021 às 19h31.

Última atualização em 7 de abril de 2021 às 20h04.

O valor pago na outorga dos nove aeroportos que terá direito a operar no Sul do país mostra que a CCR aposta alto suas fichas para expandir sua presença no setor.

Essa é visão de analistas ouvidos pela EXAME, após o leilão que colocou em disputa 22 terminais do governo federal nesta quarta-feira.

Além de ter levado os nove aeroportos da região, ofertados pelo Ministério da Infraestrutura, e que incluem o terminal de Foz de Iguaçu e Curitiba, a empresa também será a administradora do bloco Centro, que reúne outros seis terminais regionais de estados como Goiás, Tocantins e Maranhão.

Conhecida pela sua forte presença em rodovias, a empresa faz uma aposta para diversificar sua operação no Brasil. Hoje, apenas o aeroporto de Belo Horizonte tem a concessão da empresa.

Seus outros terminas ficam no Equador, Costa Rica e Curaçao, que foram as primeiras concessões no setor da empresa, em 2012. O aeroporto de Belo Horizonte foi arrematado em 2015.

A análise de uma analista de infraestrutura ouvida pela EXAME é de que já se esperava o arremate do bloco Sul, mas o interesse no bloco Centro surpreendeu, porque é menos atrativo.

Além disso, a disposição da empresa em levar os aeroportos, oferecendo a melhor oferta financeira ao governo federal, também chamou a atenção pelo alto valor.

A empresa ofereceu 2,1 bilhões de reais pelo bloco Sul, valor que foi o dobro do oferecido pela segunda colocada, a espanhola Aena. Além disso, o ágio ofertado foi de 9.156%.

Massami Uyeda, advogado sócio da Arap Nishi & Uyeda Advogados, que fez a assessoria da empresa na oferta dos contratos, avalia que o interesse da companhia pelos aeroportos, e o alto valor de outorga oferecido, mostra que ela tem confiança no setor, mesmo com a pandemia.

“Quem conhece o mercado, tem confiança de fazer uma oferta como a CCR fez. Foi um sucesso porque é um dos setores mais fragilizados na pandemia, foi um setor que mais perdeu fluxo, sem uma recuperação forte à vista. Mas quem já é operador estratégico, que conhece o setor, fez a aposta tentando ganhar. Sinto que a CCR teve muita segurança para ganhar. Eventualmente as outras ofertas tiveram algum grau de receio na hora de apostar”, opina Massami.

A entrada mais forte no setor de aeroportos também é algo que faz sentido na visão dos analistas. De acordo com Uyeda, que foi diretor na empresa por dez anos, em sua fundação a CCR já tinha como objetivo estar presente em diversos modais da infraestrutura.

No caso do setor aeroportuário, o retorno sobre o investimento vem principalmente sobre consumo dentro das instalações e parcerias para o uso do espaço. As tarifas em si com as passagens aéreas e frete representam pouco.

João Ferreira Netto, professor do curso de MBA em engenharia de produção na Fundação Vanzolini, entende que esse movimento acontece porque há demanda por investimentos em infraestrutura e logística. Com isso, a CCR viu uma oportunidade de ter retorno:

“A gente tem muita defasagem. Se a gente pensar em níveis de serviços, eles estão muito abaixo do que a gente encontra em países do primeiro mundo. A CCR percebeu que temos muito a crescer nessa área. É uma área que pode trazer muitos frutos. A infraestrutura logística demanda muito investimento. Tem demanda reprimida. Quando elas começarem a ser atendidas, principalmente na questão de serviço, ela vai trazer retorno.”

Hoje, a companhia é responsável por 3.955 quilômetros de rodovias da malha concedida no país, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Em entrevista coletiva de imprensa após o leilão desta quarta-feira, o presidente da CCR, Marco Cauduro, destacou a solidez financeira da empresa:

"O grupo CCR tem um balanço financeiro extremamente sólido, é listado em bolsa e tem amplo acesso a diversos tipos de financiamento. Não vemos nenhuma dificuldade de financiar essas concessões".

O Grupo CCR também está presente no segmento de transporte de passageiros com as concessionárias ViaQuatro, ViaMobilidade, CCR Barcas e CCR Metrô Bahia.

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