Álvaro Gazolla, CEO da VidaVeg:“Entregamos sabor e funcionalidade para vários momentos de consumo" (VidaVeg/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 19 de maio de 2025 às 06h23.
Última atualização em 19 de maio de 2025 às 08h39.
O mercado de produtos plant-based (ou seja, vegano) caminha para alcançar 1 bilhão de reais em vendas no varejo no Brasil. A demanda cresce não só entre veganos e vegetarianos, mas também entre os consumidores que buscam alimentos funcionais, com digestão simples e poucos ingredientes. Mesmo assim, o setor ainda enfrenta barreiras como preço alto e acesso limitado.
É nesse cenário que a VidaVeg, mineira com quase uma década de mercado, decidiu ampliar o portfólio e buscar espaço nas gôndolas secas de supermercados e nas prateleiras das farmácias.
Além dos produtos refrigerados, como queijos e iogurtes vegetais, a VidaVeg lançou linhas de leites vegetais, shakes infantis multivitamínicos e uma proteína culinária feita com tecnologia de extrusão úmida, que cria uma fibra proteica neutra em sabor e com alto teor de proteína.
A estratégia inclui também a entrada em canais pouco explorados pela empresa, como farmácias e marketplaces. O shake infantil, por exemplo, será vendido em 20 mil pontos de venda.
A VidaVeg projeta faturar 100 milhões de reais em 2025 e quer triplicar esse valor até 2028. Para isso, aposta em inovação e controle da produção, com fábrica própria em Minas Gerais que tem capacidade para mil toneladas por mês — e opera atualmente com cerca de 280 toneladas mensais.
“Não queremos substituir alimentos, mas oferecer soluções que todo mundo pode consumir”, afirma Álvaro Gazolla, fundador da VidaVeg. “Estamos prontos para crescer e ampliar o acesso ao plant-based no Brasil.”
Álvaro Gazolla é engenheiro de alimentos com longa experiência no setor lácteo. Foi sócio da Verde Campo, pioneira em iogurtes diet e produtos sem lacto, vendida para a Coca-Cola em 2016. Ao lado do sócio Anderson Rodrigues, vegano desde o mestrado em consumo consciente, fundou a VidaVeg naquele ano.
Após passar quase um ano na Califórnia estudando tendências globais, Álvaro voltou para acelerar a empresa, focando em impacto ambiental, saúde e sabor.
A fábrica própria com controle rígido da matéria-prima e uso tecnologia é um dos diferenciais competitivos da marca. A unidade fica em Lavras, em Minas Gerais, e passou nos últimos dez anos por algumas ampliações. Hoje tem capacidade instalada para produzir até 1.000 toneladas por mês.
A VidaVeg ampliou o portfólio com lançamentos como leites vegetais de aveia, coco e amêndoas. Do início do ano pra cá, as vendas já cresceram 60%. A meta é liderar o segmento de bebidas vegetais e superar marcas como A Tal da Castanha e NotMilk. "Temos uma marca forte e produzimos tudo internamente, o que nos dá competitividade", diz Gazolla.
O shake infantil, feito em parceria com a Transful, combina base de aveia com 12 vitaminas e minerais, cálcio e 8 gramas de proteína de ervilha isolada. O produto, sem adição de açúcar, será o primeiro da companhia a entrar no canal farmacêutico, onde pode chegar a 20 mil pontos de venda.
Outro destaque é a proteína culinária produzida por extrusão úmida, que cria uma fibra proteica com textura semelhante à do frango, mas neutra em sabor. Prático e com poucos ingredientes, entrega 60 gramas de proteína por pacote de 230 gramas.
A estratégia da VidaVeg inclui expandir canais, entrando em marketplaces digitais, food service e hotéis, aproveitando a linha seca para superar as limitações dos produtos refrigerados.
A empresa mantém crescimento consistente em dois dígitos: 124% em 2022 e 95% em 2023. Para 2025, a previsão é de 33%, desaceleração natural devido à base maior. A meta para 2028 é atingir 300 milhões de reais em faturamento.
Para avançar, a VidaVeg quer conquistar consumidores que ainda veem o plant-based como nicho. “Entregamos sabor e funcionalidade para vários momentos de consumo com uma receita mais limpa. Agora é escalar”, diz o fundador.
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