O presidente da Vale, Murilo Ferreira: para manter o caixa equilibrado, o executivo garantiu que o plano de desinvestimento da empresa continua de pé (REUTERS/Nacho Doce)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2013 às 09h36.
Rio de Janeiro e São Paulo - A disciplina de capital virou o novo mantra do presidente da Vale, Murilo Ferreira, diante dos vultosos investimentos que a companhia tem pela frente até 2016.
Para manter o caixa equilibrado, o executivo garantiu que o plano de desinvestimento continua de pé. Até o fim do mês, a empresa quer anunciar a venda de uma fatia na subsidiária Valor Logística Integrada (VLI).
Na quinta-feira, 8, Ferreira aproveitou também a maratona de teleconferências com investidores e jornalistas para descartar qualquer interesse na compra de ativos do grupo EBX, de Eike Batista.
"Nós nunca tivemos entendimentos nesse sentido". Segundo ele, também está fora do radar um aumento da participação acionária de 27% que tem na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA).
Desde o ano passado, o controle da CSA está à venda pelo grupo alemão ThyssenKrupp. O que a Vale tinha de ajudar na instalação da empresa aqui, ela já fez, explicou.
Atualmente, a única empresa no páreo oficialmente pelo controle do ativo é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch.
Questionado, o presidente da Vale lembra que a mineradora não participa das negociações. Mas, ressalta que os direitos (já obtidos na siderúrgica) precisam ser respeitados. A mineradora possui um contrato comercial com a CSA que prevê fornecimento exclusivo de minério de ferro até 2024.
Ferreira abriu e fechou todas as três teleconferências ontem frisando o esforço da companhia na disciplina de alocação de recursos capital. No evento, o diretor executivo de Finanças da Vale, Luciano Siani, admitiu que o ambiente econômico atual é desafiador para venda de ativos.
Por isso, a companhia estuda o melhor momento para ir ao mercado e negociar ativos fora de seu foco de atuação. Não temos como filosofia venda de ativos a qualquer custo.
Resultado
Na quinta-feira, 8, as ações da mineradora responderam bem ao balanço da Vale divulgado na noite de quarta-feira, 7. Os papéis ON subiram 3,69%, enquanto as preferenciais tiveram alta de 2,99% e contribuíram para puxar para cima o Índice Bovespa, que também subiu na casa dos 3%.
Para analistas, a Vale conseguiu entregar a redução de custos prometida e mostrou-se comprometida, na visão dos profissionais, na disciplina de alocação de capital.
Em relatório, o Goldman Sachs destaca que o resultado do segundo trimestre deve garantir maior confiança dos investidores na atual administração, que tem priorizado a redução de custos e a estabilização dos custos em projetos parados ou em pré-operação em níveis baixos.
Durante as teleconferências, Ferreira revelou que a Vale estuda a adoção de uma prática contábil conhecida como contabilidade hedge, que permite que a receita sirva de proteção para variações cambiais sobre a dívida em moeda estrangeira. A medida, segundo ele, iria minimizar a volatilidade no lucro contábil da companhia.
No sentido oposto, Siani disse que a mineradora economiza cerca de US$ 700 milhões por ano em despesas a cada alta de 10 centavos do dólar ante o real. Ele também ponderou que a tendência do câmbio pode beneficiar a estratégia da companhia de redução de custos.
Com mais uma desvalorização do real ainda no terceiro trimestre, a companhia deverá ver seus custos caírem ainda mais. Uma das razões é que grande parte das receitas da Vale está em dólar, enquanto a maior parte dos custos está em real.