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Após quebrar a família toda, ele foi para a Bielorrússia e faz R$ 26 milhões com WhatsApp

Thiago Lopes conseguiu superar o endividamento do primeiro negócio ao lançar uma plataforma que automatiza conversas no WhatsApp de empresas

Thiago Lopes, da BotConversa: ao encontrar programador na Bielorrússia, ele achou também uma oportunidade de criar um novo negócio  (BotConversa/Divulgação)

Thiago Lopes, da BotConversa: ao encontrar programador na Bielorrússia, ele achou também uma oportunidade de criar um novo negócio (BotConversa/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 6 de abril de 2024 às 08h04.

Última atualização em 6 de abril de 2024 às 08h05.

É normal ouvir a expressão que o sucesso do seu negócio pode estar ali, virando a esquina. Mas esse não foi o caso do empreendedor fluminense Thiago Lopes. Ele precisou ir ao outro lado do mundo para ver seu negócio decolar. 

Nascido em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, ele viu seu negócio de automação de mensagens em redes sociais decolar quando encontrou um sócio e partiu para a Bielorrússia

Antes disso, porém, muita água passou por baixo de sua ponte. 

Lopes começou seus negócios com marketing digital, vendendo treinos fitness online. A operação, porém, não deu certo e quebrou. 

“Comecei a distribuir participação na empresa para os vendedores para ampliar a operação, mas não deu certo”, diz. “Quando vi, estava endividado. Quebrei. Quebrei meu pai,minha mãe. Meu pai chegou a pegar dinheiro com agiota”.

Lopes foi atrás de conseguir dinheiro para livrar a família desse endividamento. Na época, ele já tinha automatizado as mensagens de seu negócio fitness no Messenger, do Facebook. Assim, quando as pessoas enviavam mensagens, recebiam respostas prontas, dos conhecidos como bots. Resolveu oferecer a implantação dessa automatização para outras empresas de Nova Friburgo. 

“Fui numa imobiliária, apresentei o projeto e sai de lá com 2.500 reais para montar a automatização para eles. Depois, fiz isso para mais uma ou outra empresa e comecei a ganhar dinheiro”, afirma.

Na plataforma de Lopes, as empresas falavam como queriam que o robô respondesse rapidamente aos clientes, e o empreendedor desenvolvia essas conversas e aplicava no Messenger. 

O negócio começou a crescer, e com a pandemia, Lopes passou também a vender cursos sobre essa automatização, para as próprias empresas fazerem, sem a necessidade de um prestador de serviço construindo a plataforma. 

O aumento de demanda também gerou uma provocação: quem comprava o curso ou o sistema passou a pedir um chatbot para ser usado no WhatsApp. O sistema, porém, era bem mais complexo, e requeria um novo software totalmente do zero. Lopes resolveu investir o que tinha guardado nisso. Nos 45 minutos do segundo tempo, porém, o programador brasileiro que tinha contratado deu para trás. 

“Só que a gente já tinha até divulgado o serviço”, diz. “Precisávamos logo de um novo profissional”.

A solução viria da Bielorrússia. 

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Como Lopes foi parar na Bielorrússia

Desesperado para encontrar um novo parceiro para desenvolver o software, Lopes escreveu sobre sua demanda num site mundial de freelancers. A proposta mais interessante cobrava 5.000 dólares pelo serviço. O projeto vinha de um rapaz de 20 anos na Bielorrússia. 

“Adicionei ele e, três horas depois, já tínhamos o desenho básico do software”, diz. 

Os dois começaram a conversar e falar sobre a possibilidade de escalar o negócio no Brasil. Assim, Ilya Borodin, o bielorrusso, deixou de ser um prestador de serviço e virou sócio da operação, que ganhou o nome de BotConversa. 

“Peguei o dinheiro que eu tinha e parti para a Bielorrúsia para desenvolver o negócio com Ilya”, afirma Lopes.

Assim que chegou, o país tinha acabado de passar por uma eleição tumultuosa, que gerou protestos nas ruas e corte da internet por parte do governo. “Eu cheguei no domingo, na segunda-feira começaram os protestos e cortaram a internet. Nem com minha mãe conseguia falar”. 

Apesar do primeiro susto, as coisas se ajeitaram e Lopes ficou por lá um mês, desenhando o negócio junto de seu sócio e um punhado de estudantes, amigos de Ilya.  Chegou o final de 2020 e os dois estavam com o projeto pronto para ser comercializado. 

Lopes voltou para o Brasil e lançou por aqui o BotConversa.

O que faz o BotConversa

O BotConversa é uma plataforma que oferece aos assinantes a possibilidade de criar atendimentos automáticos pelo WhatsApp. Pelo dashboard da empresa, um negócio pode criar um método de atendimento, sugerindo respostas prontas a perguntas pré-estabelecidas. 

Hoje, já são mais de 19.000 WhatsApp conectados, com clientes em 31 países. A empresa consegue faturar por dois modelos de assinaturas, um mensal e outro anual. 

No primeiro ano de funcionamento, faturou 1,2 milhão de reais. No ano seguinte, em 2022, quando deixou de vender somente para prestadores de serviços e passou a comercializar também para o dono de negócio na ponta final, saltou para 11 milhões de reais em receita, um crescimento de quase 1.000%. Em 2023, bateram os 26 milhões de reais em receita, valor que deve chegar a 60 milhões de reais agora.

Entre os serviços oferecidos pela BotConversa estão:

  • Atendimento múltiplo entre atendentes da mesma empresa utilizando um único número
  • Construtor de atendimentos automáticos com tecnologia arrasta e solta
  • Disparo em massa para campanhas de promoções

Com o boom de inteligência artificial agora e várias startups oferecendo respostas rápidas e inteligentes a questionamentos de clientes, o BotConversa quer se diferenciar principalmente pelo suporte que presta. 

"Nossa nota de aprovação no site ReclameAqui é uma das mais altas entre todas as ferramentas do mercado. Enquanto clientes demoram 1, 2 ou até 24 horas para serem atendidos em outras empresas, nós atendemos em menos de 10 minutos”, diz o empreendedor. 

Como a empresa quer crescer

Para passar dos 26 milhões para os 60 milhões de reais em faturamento neste ano, o BotConversa está planejando duas frentes de ação diferentes.

A primeira é lançar novos produtos. Está lançando agora uma ferramenta focada em atendimentos automáticos no Instagram, uma nova demanda vinda dos clientes. E até o final do ano, querem incorporar tecnologias de inteligência artificial para acelerar ainda mais as respostas. Lopes enxerga uma possibilidade de incremento de faturamento ao vender esses novos serviços para os atuais clientes.

A segunda estratégia é captar novas pessoas. Mensalmente, o empresário chega a investir quase 1 milhão de reais em publicidade, principalmente com anúncios para captação de clientes.

“E quando o potencial cliente clica no anúncio, ele é atendido pelo nosso robô”, diz. “Assim, consegue compreender o que está comprando”. 

Mas há desafios no caminho. Lopes ainda tem dificuldade de contratar pessoas sêniores para administrar equipes. Para isso, está trabalhando para aperfeiçoar o time de vendas e deixá-los mais experientes. No fim das contas, para isso, não há robô que resolva.

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