Arthur Gonçalves: a partir de 2025, a gente precisa fazer um movimento de acessar mesmo o mercado de capitais (Asper/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 4 de agosto de 2023 às 10h46.
Última atualização em 4 de setembro de 2023 às 16h10.
Em seis meses do ano, a empresa de cibersegurança Asper faturou em 2023 o mesmo valor que levou todo o ano de 2022 para fazer, R$ 120 milhões. A startup vem colocando em prática uma expressão que ganhou as redes sociais: é chegar na meta e dobrar a meta.
O ritmo de crescimento em 100% tem sido uma constante para a empresa desde 2020, quando pivotou o modelo de atuação sob o qual foi fundada em 2015. A evolução da Asper foi atestada no ranking EXAME Negócios em Expansão 2023. A marca ficou na 18ª posição na categoria R$ 30 milhões a R$ 150 milhões, quando considerada a receita líquida.
Brasiliense, a Asper nasceu com uma proposta clássica para quem é da capital do país: atender órgãos públicos. Na lista de serviços, trabalhar com big data, analisando e catalogando imensos volumes de dados para entidades do Poder Judiciário como o Supremo Tribunal Federal (STF), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e tribunais de Justiça, o principal mercado à época e que representou boa parte do faturamento de R$ 18 milhões em 2019.
Na virada de 2019 para 2020, a empresa seguiu por um novo rumo, acreditando no potencial do mercado de cibersegurança. O momento casou com o boom de demanda impulsionado pela pandemia de covid-19. Com a digitalização acelerada das empresas, o número de ataques digitais aumentaram e as companhias precisaram de ajuda.
“Todo mundo teve de ir para o ambiente digital, por vezes sem a maturidade e a robustez tecnológicas necessárias. E o que ia ser feito em três, cinco anos, teve que ser feito em meses”, afirma Arthur Gonçalves, fundador e CEO da Asper. O executivo empreende desde os 18 anos, quando largou a faculdade de marketing e, junto a amigos, enveredou pelo mercado de tecnologia, ocupando posições mais comerciais.
O novo cenário potencializou os resultados da empresa, e ainda em 2021 a Asper comprou duas startups, a VisionSet (RJ) e Aspectu (SC), ampliando as tecnologias, o número de clientes e a presença territorial. A empresa também trocou de sede, de Brasília para São Paulo. A complementaridade de ações trouxe um novo perfil de quem usa os serviços da startup.
Hoje, 90% da clientes são grandes companhias do mercado privado, como:
Os outros 10% continuam no público, entre eles:
A atuação da Asper é similar ao que fazem outras empresas do setor, com a oferta de consultorias e projetos de cibersegurança a partir de tecnologias de empresas globais como Tenable, IBM, Gigamon e Harness.
“O software, para nós, é um meio de aportar uma metodologia de serviço e entregar uma operação gerenciada para o cliente. Não é uma abordagem tradicional de solução”, afirma Gonçalves. Entre os serviços, entrega soluções de criptografia, tokenização de dados e identidade de usuários.
Passada a correria das empresas pela adoção da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no ano passado, a startup tem percebido a migração das demandas. O mercado de identidade, envolvendo as credenciais e acessos dos funcionários aos sistemas, despontou nos últimos meses.
“Observamos uma forte demanda do mercado de cibersegurança por soluções que previnam e gerenciem a credencial dos usuários internos das organizações”, diz. A ação tenta fechar brechas e evitar vazamento de dados, casos que têm sido noticiados cada vez com mais frequência pelo mundo.
A demanda em alta deve fazer com que a empresa mantenha o ritmo de crescimento e feche 2023 com R$ 240 milhões. No caminho projetado por Gonçalves, a Asper deve faturar em torno de R$ 400 milhões em 2024, valor que abrirá novas perspectivas para o negócio.
“A partir de 2025, a gente precisa fazer um movimento de acessar mesmo o mercado de capitais, seja com uma Companhia com Propósito Especial de Aquisição (Spac), seja um IPO na Nasdaq, para ter capacidade de consolidar a nossa participação”, afirma.
A entrada de capital é para financiar o crescimento inorgânico, com a aquisição de startups de pequeno e médio portes. Nos últimos anos, gigantes de tecnologia como as consultorias conhecidas como Big Four e outras empresas como a Stefanini têm reforçado as suas posições em ativos de cibersegurança com a criação de áreas e compras. A tese da Asper representa ao mesmo tempo um ataque e um movimento de defesa em um setor cada vez mais competitivo.
A Asper foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na 18ª colocação na categoria de R$ 30 milhões a R$ 150 milhões, com um crescimento de receita líquida de 124%. Em 2021, a receita foi de R$ 44,5 milhões. Em 2022, subiu para R$ 99,6 milhões.
O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Os resultados vieram a público num evento para mais de 400 convidados em São Paulo.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%. Veja os resultados: