Raphael Dyxklay e Caetano Lacerda, da Barte: a nossa receita cresceu 33 vezes no ano passado (Barte/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 13 de maio de 2024 às 15h14.
Última atualização em 13 de maio de 2024 às 15h44.
De tempos em tempos, uma palavra cai no gosto do mercado. Após o “inverno das startups” no ano passado, ‘breakeven’, definição para o equilíbrio das contas, desponta como a principal candidata em 2024.
Na Barte, de meios de pagamento, a virada para o positivo veio mais cedo do que o esperado. No mercado desde o final de 2021, a startup chegou com a proposta de desburocratizar o caixa de PMEs, integrando soluções de pagamento, como boletos, Pix e contas, e liberando acesso a crédito.
Mas são as empresas de médio porte, com faturamento anual acima de R$ 50 milhões, que impulsionaram os números do negócio.
“Nós tínhamos partido do pressuposto de que seria difícil atender empresas maiores no primeiro momento, mas descobrimos que a carência do mercado era grande”, afirma Raphael Dyxklay, um dos fundadores da startup.
“O que aconteceu foi que nós tivemos um aumento do tamanho médio de cliente de 20 vezes em 12 meses e isso foi a principal surpresa em termos de crescimento”. Com a mudança no perfil, a receita expandiu 33 vezes, na comparação com os dados de 2022, e o breakeven, previsto para meados do ano que vem, chegou antes.
A startup não abre o faturamento fechado, mas trabalha com a projeção de superar a sua primeira centena de milhões de reais em resultado ao longo deste ano. “Provavelmente, entraremos nessa casa, mas não mais do que uma [centena]”, diz. Em processamento de transações, o volume é estimado em R$ 1 bilhão.
O perfil dos clientes da startup está em empresas cujos produtos são comercializados em valores acima de R$ 100 mil, transações muitas vezes impossibilitadas pela ausência de condições de pagamento.
Essa dificuldade está na origem do negócio, criado por Dyxklay e pelo português Caetano Lacerda, executivo com carreira no mercado financeiro de Londres e passagens pelo Deutsche Bank e pelo unicórnio Tractable.
Em home office no Brasil durante a pandemia, o português percebeu os problemas enfrentados por familiares com negócios industriais aqui para ter acesso a crédito e financiar vendas. Encontrou em Dyxklay, com experiência pelos times de tecnologia de Olist, Loft e Creditas, o parceiro para empreender.
Até por essa dor, uma das soluções mais usadas pelos clientes da Barte é a que permite o parcelamento pelo cartão em até 24 vezes. No portfólio da startup, estão mais de 2 mil empresas com produtos industriais, eletrônicos e equipamentos para consultórios e de saúde.
“Todos esses itens tendem a ter um preço maior, e o mercado está menos digitalizado e com uma penetração menor de cartão de crédito. Isso porque a infraestrutura de pagamentos foi feita para e-commerce e para a venda de roupas, comida etc. Não para eles”, diz Dyxklay.
Para melhorar este quadro no B2B, a empresa investiu também em outros produtos, conhecidos no B2C. Lançou maquininhas, o modelo tap on phone — que transforma o smartphone em maquininha —, gateway de pagamentos, pagamentos via e-commerce, conta PJ e o módulo de contas a pagar.
“Nós começamos a aumentar muito a monetização dentro dessas empresas e o nosso tíquete médio subiu cinco vezes”, diz.
O reforço em produtos abriu uma oferta dentro da startup, um white label lançado no último trimestre do ano passado e que já representa um terço da receita da operação.
Com braços de pagamentos, os clientes da startup usam a infraestrutura financeira da Barte para oferecer os recursos e crédito de pagamento. Em alta, a vertical deve ganhar novas funcionalidades, com modelos de antecipação de pagamento, precificação e controles antifraudes customizados, de acordo com os mercados e demandas dos clientes.
Para dar início à operação, a startup recebeu ainda no powerpoint um cheque de R$ 6,5 milhões, em rodada pré-seed com a participação dos fundos VentureFriends e Global Founders Capital (GFC). No ano passado, captou mais R$ 16 milhões, em movimento liderado pelos fundos NXTP e Force Over Mass. A VentureFriends acompanhou a iniciativa.
Além disso, emitiu dívida no fim de ano, a partir de uma debêntures em que levantou R$ 20 milhões para financiar parte da concessão de crédito.
De acordo com Dyxklay, apesar de “andar com com os próprios pés”, a startup não está fechada a conversas.
“Nós estamos conseguindo ver o negócio se retroalimentar, mas também temos muita oportunidade de acelerar e estamos abertos para conversas por causa disso. Não é necessário para sobreviver, mas as alavancas de aceleração estão muito claras”, afirma. Não há rodada em negociação.
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